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JOGO ABERTO

8 de novembro, 2023

Remador de 94 anos dá exemplo ao mundo O remador mais antigo do mundo ainda em atividade é o catarinense Odilon Maia Martins (foto), atleta […]

JOGO ABERTO

Remador de 94 anos dá exemplo ao mundo

O remador mais antigo do mundo ainda em atividade é o catarinense Odilon Maia Martins (foto), atleta do Clube de Regatas Aldo Luz. Com 94 anos e impressionante disposição e agilidade nas remadas sincronizadas, ele disputou o Campeonato Brasileiro Master de Remo (acima de 27 anos), no último fim de semana, em Brasília. Na juventude, Odilon nadou e jogou basquete. Com 22 anos, entrou num barco e até hoje mantém a rotina de treinos e competições. Na sua faixa etária, os pódios e as medalhas se sucedem em provas disputadas também na Europa, Estados Unidos e Canadá.

 

“Esse esporte é um presente para o nosso organismo. Graças ao remo continuo com saúde, viajando e fazendo amigos. O remo é vida”

 

Odilon já foi madrugador. Hoje, já sem o compromisso daqueles tempos, treina por volta das 8h30, nas baías Norte ou Sul de Florianópolis. “O remo, agora, é lazer, faço o que gosto, e nem tomo remédio. O único problema é que estou um pouco surdo”, afirma, sem lamentos, mas uma Em 2022, Odilon disputou o Mundial Master de Libourne, na França, com a presença, inclusive, de uma delegação de Brasília. Há pouco tempo, esteve num evento em Dakota, Estados Unidos, quando foi homenageado com o diploma de “Remador Mais Idoso do Mundo”.

 

“Posso afirmar que se eu não estivesse remando já teria morrido. É gratificante receber uma medalha. E a medalha é um estímulo para não parar”

 

Açaí com farinha

Açaí com farinha, um dos símbolos da culinária e da cultura paraense, nutre a médica Lis Lobato antes dos treinos e das competições de remo, modalidade que ela pratica mostrando um sorriso revelador de que esse esporte lhe dá muito prazer.

Aos 64 anos, essa atleta da Associação de Remo Guajará retornou para Belém com duas medalhas de prata, conquistadas no Brasileiro Master de Remo, encerrado no domingo, na raia Norte do Lago Paranoá. Em sua cidade, Liz acorda às 4h para treinar nas águas do rio Guamá. Impressionante, mas, o prazer dessa rotina está associado, no outro extremo, ao tratamento do segundo câncer que ela enfrenta, dessa vez no pâncreas. Porém, sem espaço para lamúrias, mas otimismo para combater a dura realidade.

Liz optou pelo remo “por ser uma atividade sem impacto” e cuja prática impõe a disciplina de dormir cedo e acordar de madrugada para saudáveis e silenciosos treinos.

 

“Os benefícios do remo para o corpo são ótimos. Repare como os atletas aparentam ter dez anos menos. É o esporte junto à natureza, o que pode ser melhor”?

 

Maria Cristina Marinho, companheira de barco (double skiff) de Lis (foto), pratica o remo incentivada pelo marido, numa rotina que se tornou “paixão”. Antes, Milena nadou, jogou handebol, tênis de mesa… “Mas, hoje, nada se compara ao remo”, confessa.

Foto: reprodução

Gaúcho campeão

O gaúcho de Roca Sales, Gilberto Gerhardt, que também ajudou a construir a história do remo brasileiro, é outro destaque do Master. Aos 74 anos e remando pela Associação Master do Espírito Santo, de Vitória, as suas maiores conquistas como profissional foram as medalhas de ouro nos Jogos Pan-Americanos do México, em 1975 (double Skiff) e a de prata, quatro anos depois, no Pan de Porto Rico (four Skiff).

Em 1976, ele representou o Brasil na Olimpíada de Montreal remando num double. Em Brasília, Gilberto ganhou prata no no four skiff, com Luiz, Sandro e Emilio completando o barco, e ouro no double skiff, com Pedro Macario Erlacher. “Comecei no Clube de Regatas Almirante Barroso, em Porto Alegre. Com 18 anos disputei o meu primeiro Campeonato Brasileiro, remando num double com Edgar Gijsen, o Belga”.

Gilberto com o sobrinho-neto, João Lucas: exemplo às futuras gerações de remadores – Foto: reprodução

Daí surgiu o convite e Gilberto foi para o Flamengo com direito a casa (na garagem dos barcos do Flamengo), faculdade e emprego, apoio que lhe garantiu se formar em Arquitetura. Como Master, Gilberto leva a sério os treinos, três vezes por semana, para se manter em competição.

Resultado do Brasileiro

Na categoria Master, as provas são disputadas por faixa etária. O Minas Brasília sagrou-se bicampeão do Campeonato Brasileiro, com o Corinthians em segundo lugar e o Crossrowing, de Brasília, na terceira posição.

 

JOSÉ CRUZ
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