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Investigação mostrou elo com grupo paulista responsável por enviar drogas e armas pelo transporte rodoviário
Dona de um loja online de roupas, Lúcia Gabriela Rodrigues Bandeira, de 25 anos, conhecida como “Dama do crime”, foi um dos alvos da Operação Asfixia, desencadeada pela Polícia Civil do Tocantins nesta terça-feira. Ela é apontada pelas investigações como uma das principais intermediárias entre traficantes da região e membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo.
Gaby Bandeira, como ela se identificava nas redes, foi presa pela primeira vez em junho de 2024, após policiais encontrarem R$ 300 mil em drogas armazenadas dentro de uma casa usada por ela. Em seguida, no entanto, a suspeita conseguiu um habeas corpus por ser mãe de um filho de 4 anos e acabou solta.
No entender da polícia, após ser liberada, ela debochou das autoridades em uma publicação nas redes sociais. Na gravação, compartilhada em um story no Instagram, ela aparece ao som de uma música que diz: “Acharam que eu estava derrotado / Quem achou estava errado / Eu voltei, estou aqui”.
Em dezembro, Bandeira voltou a ser presa pela Polícia Civil na operação Lady’s Fall juntamente com outras 11 pessoas. A investigação da Operação Asfixia, deflagrada nesta terça-feira, mostrou que a “Dama do crime”, como ela era chamada dentro da organização, era a responsável por fazer a ponte entre traficantes do PCC em São Paulo e os responsáveis por vender a droga em diferentes pontos do estado.
— Mesmo após ser presa pela primeira vez, ela seguiu nesse posto de gerente. Ela deverá ser indiciada por organização criminosa — explica ao GLOBO o delegado Alexander Costa, da Divisão Especializada de Repressão a Narcóticos (Denarc) da Polícia Civil do Tocantins. — Apresentamos elementos que mostram não se tratar de meros traficantes. É algo bem engendrado, organizado, com hierarquia e um comando.
A suspeita é dona de uma loja de roupas cujo estilo é definido como “mandraka, moda gringa, moda blogueirinha” na cidade de Paraíso. Em alguns vídeos, ela aparece na frente da imagem de uma ‘”mafiosa glamour”, conforme indica um letreiro.
Segundo o delegado Alexander Costa, não há indícios, até o momento, de que o estabelecimento comercial tenha sido usado para lavar dinheiro do tráfico. Os advogados da jovem não foram localizados pelo Globo. Ao canal de televisão TV Anhanguera, a defesa da suspeita disse estar apurando informações sobre as novas acusações e que irá se pronunciar sobre o caso em breve.
No total, 15 pessoas foram presas na Operação Asfixia, tanto em cidades do Tocantins, como Palmas, Araguaína, Paraíso e Porto Nacional, quanto de São Paulo, na capital paulista, Praia Grande e Barueri. O grupo teria movimentado R$ 20 milhões com tráfico de drogas. Aparelhos celulares, máquinas de cartões, cartões bancários, cadernos com anotações do tráfico e mais de R$ 16 mil em espécie foram recolhidos no cumprimento dos mandados de busca e apreensão.
As investigações que levaram à operação começaram em 2023 em meio a uma onda de violência que assolou o Tocantins. Segundo Costa, o mês de abril daquele ano chegou a ter 30 homicídios, algo atípico para o estado. Agentes da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa e da Denarc começaram a encontrar e apreender pistolas de origem turca em cenas de crime no estado.
— Elas são incomuns, principalmente no Tocantins. Geralmente encontramos revólveres ou, quando são pistolas, de marcas nacionais. Começamos a encontrar as dos mesmos modelos (turcos), e elas estavam sempre raspadas, o que dificultava a rastreabilidade.
Os policiais identificaram que por trás da onda de homicídios estava uma guerra entre o PCC e Comando Vermelho (CV) pelo controle de pontos de venda do tráfico. Aliados da facção de origem paulista estavam recebendo, além da drogas, armas para o conflito.
— Cruzando informações e analisando o material armazenado, identificamos que todos eles (os traficantes) pertenciam a um grupo de Whatsapp chamado “Lojistas”. Era uma espécie de consórcio gerido por criminosos vinculados ao PCC de São Paulo. As drogas eram remetidas pelo transporte rodoviário por meio do que eles chamam de “formigas”, que seriam o equivalente às mulas do tráfico — diz o delegado Alexander Costa.
Drogas como cocaína, crack e haxixe eram recebidas pelo núcleo gerencial do esquema, formado principalmente por mulheres, entre elas Lúcia Gabriela Bandeira, chamada de “Dama” em mensagens analisadas pelos policiais. Eram elas que recebiam as drogas e as armazenavam em casas alugadas, antes de distribuí-las aos responsáveis por vender as substâncias nas ruas. As movimentações eram todas controladas em planilhas.
— Percebemos que essa célula do PCC remetia drogas e armas para o Ceará, principalmente na cidade de Sobral, além de Rio Grande do Norte, Maranhão e Piauí. Eles mandavam inclusive armas de grosso calibre, como fuzis — afrma Costa.
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