POLÍTICA

Leite rebate fala de Gleisi sobre dívidas de estados geridos pela oposição: ‘A pouca habilidade política não surpreende’

19 de março, 2025 | Por: Agência O Globo

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Eduardo Leite (PSDB). Foto: PSDB

A declaração da ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), cobrando agradecimento dos governadores de Rio de Janeiro (Cláudio Castro-PL), Minas Gerais (Romeu Zema-Novo), Rio Grande do Sul (Eduardo Leite-PSDB) e Goiás (Ronaldo Caiado-União) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo pagamento de dívidas estaduais gerou incômodo entre os gestores e reacendeu tensões entre representantes da direita e o governo federal.

Além de serem opositores ao Palácio do Planalto, três desses governadores, à exceção de Castro, se apresentam como pré-candidatos à Presidência no próximo ano e podem enfrentar o próprio Lula nas eleições.

Em publicação no X nesta terça-feira, Hoffmann, que assumiu a pasta na semana passada, citou um relatório do Tesouro Nacional que aponta que a União quitou, em fevereiro, R$ 1,3 bilhão em dívidas desses quatro estados.

“E ninguém ouviu, da parte dos governadores desses quatro grandes estados, uma palavra de agradecimento ao presidente @LulaOficial nem de esclarecimento à população. Eles estão entre os que mais atacam o presidente, fazendo oposição sistemática a quem os socorre na hora mais difícil”, escreveu a ministra.

A postagem gerou reação imediata. Durante um almoço na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Eduardo Leite criticou a ministra:

— A pouca habilidade política não surpreende, mas o desconhecimento dela sobre os assuntos, sim. A manifestação da ministra foi totalmente despropositada. Como ministra, deveria prezar pela construção conjunta de soluções para o país, e não atacar e ofender governadores. (…) Ela demonstra desconhecimento ao afirmar que o presidente Lula fez pagamentos quando, na verdade, há um contrato firmado com a União para que esses pagamentos sejam honrados.

Segundo o relatório, do total da dívida, R$ 854 milhões são de Minas Gerais, R$ 320 milhões do Rio de Janeiro, R$ 76 milhões de Goiás e R$ 73 milhões do Rio Grande do Sul. Leite também mencionou a inexperiência de Hoffmann na articulação política, afirmando esperar que ela “pegue a embocadura”, deixe de lado o papel de presidente de partido e passe a dialogar com os estados.

O Globo procurou os demais governadores para comentar a declaração, mas não obteve respostas até o fechamento da reportagem. A questão da dívida pública, contudo, já havia sido motivo de tensão entre esses políticos e o governo federal.

No início do ano, Lula sancionou o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) com vetos que desagradaram Castro, Zema e Caiado.

No caso do Rio de Janeiro, Castro criticou especialmente os vetos a dois itens. Um deles previa que recursos do novo Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional, criado pela Reforma Tributária, pudessem ser usados na amortização das dívidas estaduais, possibilitando melhores condições de pagamento. Também foi vetado um ponto que estabelecia regras diferenciadas para estados já em Regime de Recuperação Fiscal, como o Rio.

— Esperamos que seja restabelecido o que foi pactuado e aprovado quase unanimemente na Câmara e no Senado. Essa deslealdade com os vetos precisa ser revertida no Congresso Nacional — declarou Castro em janeiro.

No auge das tensões sobre o Propag, Lula chegou a afirmar que “só Jesus Cristo” fez pelos estados o que ele fez. Nas redes sociais, Zema rebateu: “Presidente Lula, Jesus Cristo perdoaria todas as dívidas e jamais cobraria juros abusivos de quem ajuda a construir o Brasil”.

Já Caiado divulgou uma nota defendendo a revisão dos vetos pelo Congresso, afirmando que o projeto foi comprometido. “Hoje as parcelas consomem parte da arrecadação, enquanto a dívida segue crescendo e perdemos a capacidade de investimento. Esse processo de agiotagem não pode continuar”, argumentou.


BS20250319063028.1 – https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/03/19/leite-rebate-fala-de-gleisi-sobre-dividas-de-estados-geridos-pela-oposicao-a-pouca-habilidade-politica-nao-surpreende.ghtml

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