O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira, 21, que a o leilão do arroz foi cancelado devido a uma “falcatrua numa empresa”. O leilão de importação de 263 mil toneladas de arroz foi anulado pelo governo federal em 11 de junho após suspeitas de fraude.
— Tomei a decisão de importar 1 milhão de toneladas. Tivemos a anulação do leilão porque houve uma falcatrua numa empresa (…) O arroz tem que chegar na mesa do povo no mínimo a R$ 20 o pacote de cinco quilos (…) não dá pra ser um preço exorbitante — disse o presidente.
A declaração foi feita à rádio Meio, em Teresina (PI). Segundo Lula, o governo deverá apoiar financeiramente a produção de arroz em outros estados. Hoje, a maior parte está concentrada no Rio Grande do Sul, que foi afetado por chuvas históricas em maio.
— Vamos financiar áreas de outros estados produtivas de arroz para não ficar dependendo apenas de uma região. Vamos oferecer um direito dos caras comprar e a gente vai dar uma garantia de preço para que as pessoas não tenham prejuízo — completou o presidente.
O governo irá fazer um novo leilão para a compra do arroz, em data ainda não definida. O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller, envolvido no processo, foi demitido após as suspeitas de irregularidades no processo.
Empresas de ex-assessor
Duas empresas criadas por um ex-assessor de Neri Geller — Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e Foco Corretora de Grãos — intermediaram a venda do arroz pelo leilão.
Elas representaram três das quatro empresas que ganharam o certame, a ARS Locação de Veículos e Máquinas, a Zafira Trading e a Icefruit Indústria e Comércio de Alimentos. O perfil das empresas gerou suspeitas por não trabalharem com arroz. O ex-assessor também é sócio do filho de Geller.
Com a repercussão negativa, o secretário, que também é ex-deputado e ex-ministro, deixou o cargo. De acordo com integrantes do governo, ele foi demitido. O ministro da Agricultura disse, porém, que Geller colocou o cargo à disposição.
A Conab foi autorizada a comprar, do Mercosul e de países que não fazem parte do bloco, até 1 milhão de toneladas de arroz, a um custo de R$ 7,2 bilhões. Para isso, o governo federal decidiu reduzir a zero as tarifas de importação do produto, estendendo a isenção a outros mercados fornecedores, além de Argentina, Paraguai e Uruguai.
A Conab estabeleceu que o produto deverá ter aspecto, cor, odor e sabor característico de arroz beneficiado polido longo fino tipo1. A estatal também exige que o cereal esteja acondicionado em embalagem com capacidade de cinco quilos, transparente e incolor, com a logomarca do governo federal.