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Não há nova medida de corte de gastos prevista para 2025

30 de janeiro, 2025 | Por: Agência O Globo

Presidente defende ‘estabilidade’, mas pondera que ‘povo pobre’ não pode pagar preço de ‘cortes desnecessários’

O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad — Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que não há nova medida fiscal prevista para 2025.

— Não tem outra medida fiscal. Caso se apresente durante o ano a necessidade de fazer alguma coisa, vamos sentar e definir. Mas, se depender de mim, não tem outra medida fiscal nesse país. Estabilidade fiscal é questão muito importante para mim e o governo.

Lula afirmou também que o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, vai entregar a “inflação e a taxa de juros mais baixas possíveis”. Na estreia de Gabriel Galípolo na liderança do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano, e reafirmou a previsão de nova alta na próxima reunião, que será realizada em março.

— Tenho 100% de confiança no trabalho do presidente do Banco Central e tenho certeza que ele vai criar as condições para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor, no tempo em que a política permitir que ele faça.

Lula afirmou que já esperava o aumento e justificou afirmando que não é possível “dar cavalo de pau em um mar revolto”.

— Tenho consciência que um país como o Brasil, o presidente do Banco Central não pode dar cavalo de pau em um mar revolto de uma hora para outra. Já estava praticamente demarcado a necessidade da subida de juros pelo outro presidente, e o Galípolo fez o que ele entendeu o que deveria fazer.

Lula elogiou Galípolo, afirmou ter confiança no presidente do BC e que vai entregar os melhores resultados dentro do que for possível. O presidente reafirmou não ter sido surpreendido pelo aumento.

— Nós aqui como governo temos que cumprir nossa parte, a sociedade cumpre a parte dela e o companheiro Galípolo cumpre a função que ele tem que é de coordenar a política monetária brasileira e entregar para nós, dentro do possível, a inflação e juros mais baixo. É isso o que vai acontecer. Eu já esperava por isso, não é nenhuma surpresa para mim. O que posso dizer é que agora temos um presidente do BC da maior competência, muito competente do ponto de vista econômico.

O aumento foi definido com unanimidade por todos os nove membros do comitê, que agora conta com sete indicados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um crítico frequente dos juros elevados.

Veja abaixo os cinco principais recados do Copom após a primeira reunião de Galípolo:

1 – Tamanho do ciclo de alta em aberto

O Copom renovou a promessa de mais um aumento de 1 ponto percentual na próxima reunião, em março, quando a taxa deve chegar a 14,25% ao ano, retomando o patamar mais alto registrado no segundo governo de Dilma Rousseff (2015-2016).

Para além de março, contudo, o colegiado deixou o plano em aberto. Reforçou apenas o compromisso em atingir a meta de inflação. “A magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, disse o BC.

A sinalização pode decepcionar uma parte do mercado financeiro, que avaliava que o Copom deveria indicar que deve continuar ao aumento dos juros em maio devido à deterioração das expectativas futuras de inflação. Por outro lado, há incertezas sobre os efeitos das políticas do Donald Trump na economia global e sobre o impacto do “choque de juros” no Brasil sobre a atividade local.

2 – Ajustes no cenário econômico

O BC alterou ligeiramente a sua avaliação sobre a atividade econômica doméstica no comunicado do Copom desta quarta. Desta vez, o colegiado disse apenas que a atividade econômica do país tem apresentado “dinamismo”. Em dezembro, afirmou que o dinamismo estava “acima do esperado”.

A economia aquecida é um dos fatores para a alta da inflação, que justificariam novas altas no juros nos próximos meses.

Mesmo assim, reforçou que a conjuntura atual é marcada por resiliência da atividade e pressões no mercado de trabalho, assim como desancoragem de expectativas de inflação e aumento da inflação corrente. Isso, segundo o BC, “exige uma política monetária mais contracionista”.

3 – Atualização de riscos

Sob a liderança de Galípolo, o BC atualizou o balanço de riscos para a inflação futura, com a mudança dos cenários que poderiam ajudar os índices a ficar mais baixos do que o Copom prevê atualmente.

Os novos riscos, porém, não alteram a visão do Copom de que a chance maior é de que aconteçam eventos que elevariam a inflação. A primeira novidade é uma desaceleração maior da economia brasileira do que o esperado.

Em meio às ameaças do novo presidente dos EUA, Donald Trump, o BC também incluiu o risco de “um cenário menos inflacionário para economias emergentes decorrente de choques sobre o comércio internacional e sobre as condições financeiras globais”.

4 – Novo alerta fiscal

Como tem feito em todas as reuniões, o Copom repetiu o alerta a respeito dos efeitos da política fiscal sobre a condução dos juros.

Segundo o comunicado, “a percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes”.

5 – Inflação fora da meta

O Copom destacou ainda que os dados recentes de inflação apresentaram elevação, mantendo-se em níveis acima da meta. Além disso, destacou o novo distanciamento das expectativas inflacionárias ante o alvo de 3,0%.

As projeções oficiais do BC são de 5,2% para 2025 e 4,0% para o terceiro trimestre de 2026, atual prazo em que o BC trabalha para colocar a inflação na meta. Isso mesmo com uma Selic que sobe até 15% neste ano e cai a 12,50% no fim de 2026.


BS20250130145639.1 – https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2025/01/30/lula-diz-que-nao-ha-nova-medida-de-corte-de-gastos-prevista-para-2025.ghtml

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