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Números cresceram após mudanças na metodologia

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Em todo o país, há 391 etnias e 295 línguas indígenas faladas. Os dados foram divulgados, nesta sexta-feira (24), pelo Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística (IBGE), no Censo Demográfico 2022 ─ Etnias e línguas indígenas.

Em 2022, após mudanças na metodologia, o IBGE reconheceu mais etnias e identificou mais línguas faladas em todo o país do que as registradas em 2010, ano do recenseamento anterior. Em 2010, foram identificadas 305 etnias e 274 línguas.
Segundo o Censo, 1.694.836 pessoas indígenas vivem em 4.833 municípios do país. Os indígenas representam 0,83% do total de 203 milhões de habitantes no Brasil. Em números, em 12 anos, houve um aumento de 896.917 indígenas, o equivale a um aumento de 88,82%.
De acordo com IBGE, cada etnia indígena é definida por afinidades linguísticas, culturais e/ou sociais. No caso das línguas, foram consideradas aquelas utilizadas para a comunicação nos domicílios.
Na pesquisa, foram consideradas demandas feitas pelos próprios povos sobre dados que são importantes para as comunidades. Para a Gerente de Povos e Comunidades Tradicionais e Grupos Populacionais Específicos da Diretoria de Pesquisas do IBGE, Marta Antunes, os dados divulgados poderão ajudar na elaboração e implementação de políticas públicas mais adequadas a cada povo indígena.
“Agora, a gente vai poder olhar para cada povo de forma individualizada e compreender onde ele se situa, se ele teve acesso à terra indígena, se ele reside fora de terra indígena, se ele está em situação urbana, se ele está em situação rural, permitindo que a adaptação étnica e cultural das políticas públicas leve em consideração tanto a etnia, quanto onde ela está localizada”, explica.
Do total de pessoas indígenas, 73,08% declarou pertencer a uma etnia e 1,43% disse pertencer a duas etnias. Entre os demais, 9,85% não declararam nenhuma etnia e 13,05% disseram não saber. A declaração de 1,60% foi considerada pelo IBGE como mal definida, e a de 0,98%, não determinada.
A maior parte dos percentuais permaneceu praticamente a mesma em relação a 2010, mas houve uma redução daqueles que não sabiam a etnia a qual pertencem, que, em 2010, eram 16,41%; e um aumento daqueles que não a declararam ─ em 2010 foram 6%.
Segundo o IBGE, foram feitas algumas modificações na metodologia que impactaram na variação no número de etnias entre 2010 e 2022. Entre elas, 25 etnias foram desagregadas em relação a 2010, oito etnias que em 2010 estavam organizadas como outras etnias das Américas estão, agora, apresentadas de forma individualizada. Além disso, uma etnia foi inserida para agregar duas etnias apresentadas de forma isolada em 2010, e 73 novos etnônimos foram inseridos como etnias em 2022.

Em 2010, segundo o último Censo, a maioria da população indígena vivia em áreas rurais ─ 63,78%. Em 2022, o cenário era o contrário, com a maioria (53,97%) em áreas urbanas.
A cidade de São Paulo, a maior da América Latina, é a que concentra também o maior número de etnias indígenas, 194; seguida por Manaus, 186; Rio de Janeiro, 176; Brasília, 167 e Salvador, 142. Fora das capitais, destacam-se em número de etnias Campinas (SP), 96; Santarém (PA), 87; e, Iranduba (AM), com 77 etnias.
Ao todo, dentro de terras indígenas (TIs), foram registrados 335 etnias, povos ou grupos indígenas em 2022, número acima daquele registrado em 2010, que foi 250. Já fora de terras indígenas foram contabilizadas 373 etnias, povos ou grupos indígenas em 2022, contra 300 em 2010.
Dentro das terras indígenas, o maior número de etnias identificadas no Censo 2022 está no Amazonas: 95. Em 2010, no estado, foram identificadas 75. O Amazonas é seguido por Pará, com 88 etnias em 2022, contra 57 em 2010; Mato Grosso, com 79 (eram 64 em 2010); Rondônia, com 69 (em 2010, eram 46); e, Roraima, com 62, contra 28 no Censo anterior.
A maior etnia do Brasil é Tikúna, composta por 74.061 pessoas. Dessas, a maioria (71,13%) está em terras indígenas. Em seguida, Kokama conta com uma população de 64.327 pessoas, mas apenas 12,89% vivendo em terras indígenas. Os demais 67,65% fora das terras indígenas em áreas urbanas, e 19,47% fora de TIs em áreas rurais. Makuxí aparece em terceiro lugar, com 53.446 pessoas, sendo que 68,31% delas reside em TIs; e, Guarani Kaiowá, em quarto, com 50.034, sendo que 70,46% vivem em TIs.
Assim como ocorreu com a captação das etnias indígenas, o IBGE destaca que houve um aprimoramento da captação das línguas, o que impactou no registro do aumento das línguas faladas no Brasil entre 2010 e 2022.
De acordo com o gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, Fernando Damasco, parte do aumento se deve também a um trabalho dos próprios indígenas do resgate das línguas, além de processos migratórios.
“Quando a gente vai olhando, uma a uma, a gente vai entendendo. Tem situações bem específicas. Além disso, tem as línguas que foram acrescentadas a partir do processo migratório. Tem línguas predominantes de outros países. É o caso, por exemplo, do Warao, que não era frequente em 2010, mas, por conta da migração venezuelana, na última década, que foi muito significativa, a gente tem um incremento enorme de população Warao”, diz.
A língua Tikúna foi a que registrou o maior quantitativo de pessoas indígenas falantes, com 51.978 pessoas, sendo 87,69% residentes dentro de TIs, seguida por Guarani Kaiowá com 38.658 falantes, a maioria residindo dentro de TIs (81,83%); e Guajajara, com 29.212 pessoas, a maioria em TIs (90,43%). Nheengatu é a língua indígena mais falada em áreas urbanas, com 13.070 falantes, 41,94% deles, em cidades.

Em relação ao total de 295 línguas faladas em todo o território brasileiros, 248 são faladas em TIs. Esse número aumentou em relação a 2010, quando eram 214 línguas faladas nas terras indígenas. Ao todo, em 1.990 municípios, pelo menos uma pessoa indígena com dois anos ou mais de idade fala língua indígena.
Os dados mostram que, em 2022, 474.856 pessoas, o equivalente a 29,19% da população indígena com 2 anos ou mais no Brasil, falavam ou utilizavam línguas indígenas no domicílio. Desse total, a maioria, de 372.001 (78,34%), estavam em terras indígenas. Esse quantitativo, por sua vez, representa 63,35% de toda a população indígena que vive nas TIs.
Fora das TIs, em áreas urbanas ou rurais, há 102.855 falantes de línguas indígenas, o que corresponde a 21,66% do total de falantes. Nas cidades, são 68.675 (8,36% do total de falantes) e, nas áreas rurais, 34.180 (15,67%).
Manaus é o município que concentra a maior quantidade de línguas indígenas declaradas, 99; seguido por São Paulo, com 78 línguas indígenas declaradas; e por Brasília, com 61 línguas indígenas declaradas. Fora das capitais, os destaques são São Gabriel da Cachoeira (AM), com 68 línguas indígenas; Altamira (PA); com 33; e Iranduba (AM), com 31.
Edição: Vinicius Lisboa

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