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MAIS UMA SEMANA DESASTROSA E DE AGRESSÕES CONTRA AS MULHERES

14 de março, 2025 | Por: KÁTIA SLEIDE

Jornalista, docente, editora-chefe deste veículo de comunicação

Sábado (8 de março) comemoramos o Dia Internacional da Mulher. A data seria para celebrarmos avanços direcionados ao público feminino em geral. Só que não. Hoje, temos pouco a comemorar e muito ainda a alcançar, a começar pelo respeito.

A violência contra nós, que já vem desde os primórdios, dói na alma de qualquer mulher. E não é possível ver o fim deste ciclo maldito. Tentaram nos educar a vida inteira para aceitarmos essa “soberania” dos homens sobre as mulheres. E seguem tentando, mas não vão conseguir. É preciso gritar bem alto e deixar bem claro que não temos de aceitar, não podemos nos calar e não devemos de forma alguma nos conformar com esse machismo estrutural desenvolvido e alimentado para nos desvalorizar, nos amen-dronatar e nos calar.

A luta é árdua. Vivemos 1/4 do século 21 e até hoje nos deparamos com situações misóginas, violentas (verbal, física e psicológica). Em qualquer setor da sociedade somos atacadas de forma vil, covarde, brutal. E não é diferente no meio político (cenário o qual deveria nos ajudar a buscar proteção, reconhecimento, respeito).

Esse ódio contra as mulheres parece que não vai cessar. Para pensar em colocar um ponto final nisso, teríamos de mudar muita coisa e uma delas seria impedir que homens decidam sobre nossos corpos, nossas qualificações, nossas capacidades, nossas escolhas e, sobre tudo, nossas almas.

É doído enfrentar tanta violência e ficar lembrando histórias que beiram o absurdo, mas não podemos deixar de destacar a brutalidade e covardia desses “macho-patas”, muito menos quando se trata de agentes públicos, que resolveram pautar a última semana com ataques misóginos.

A começar pelo ex-presidente Jair Bolsonaro que, em uma live, resolveu mais uma vez dar declarações afirmando que mulheres petistas são todas feias e “incomíveis”. Para completar o cenário grotesco, ele estava rodeado de correligionários que, como sempre acontece, riram.

O atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, talvez com a intenção de rebater tamanha agressão, comete outra tão absurda quanto. Lula afirmou que escolheu uma “mulher bonita” para se aproximar dos presidentes da Câmara e do Senado (Hugo Motta e Davi Alcolumbre). Ele se referia à nomeação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais do governo federal.

O outro imbecil, no caso o deputado Gustavo Gayer (PL-GO), resolve fazer piada ofensiva sobre o assunto, que já era grave: “Me veio a imagem da Gleisi, Lindbergh e do Davi Alcolumbre fazendo um trisal. Que pesadelo”, escreveu Gayer em sua conta no X.

Para fechar a semana vergonhosa, o deputado federal André Janones (Avante-MG) fez um comentário machista em uma publicação sobre a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) nas redes sociais. O parlamentar respondeu a uma postagem do portal conservador “Pleno News” que repercutia a seguinte fala de Michelle: “Não vão nos calar. Nossa tropa é imparável”. “Imparável pode até ser, mas incomível não é, não”, escreveu Janones na quarta-feira (12/3), ao comentar a publicação do portal.

Seja direita ou esquerda, a intenção é ataque mútuo, mas que acaba sempre ferindo de punhal uma mulher. Quando um homem agride fisicamente ou verbalmente uma mulher, ele machuca todas nós. Se esses imbecis não sabem se referir às mulheres com respeito, então, peço apenas que se calem! Assim, vocês nos machucam menos.

KÁTIA SLEIDE, jornalista, docente, editora-chefe desta veículo de comunicação, jornalista, docente, editora-chefe desta veículo de comunicação

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