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Mapa do Ensino Superior aponta aumento na evasão e queda na taxa de escolarização

14 de junho, 2022

Levantamento realizado com base nos dados do Censo de 2020 mostra os impactos da pandemia de Covid-19 no setor  Número de jovens matriculados no ensino […]

Mapa do Ensino Superior aponta aumento na evasão e queda na taxa de escolarização
Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Levantamento realizado com base nos dados do Censo de 2020 mostra os impactos da pandemia de Covid-19 no setor 

Número de jovens matriculados no ensino superior não aumenta no país

ROVENA ROSA/ AGÊNCIA BRASIL

O Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior no Brasil, divulgou nesta terça-feira (14) o Mapa do Ensino Superior, um estudo detalhado do impacto da pandemia na educação superior do país. De 2020 para cá, a crise sanitária influenciou no número de matrículas e na evasão.

De acordo com o levantamento, a EAD (Educação a Distância) registrou crescimento, o que já era uma tendência nos últimos anos. No entanto, o estudo mostra que a modalidade não atinge o público mais jovem, o que resulta na queda da taxa de escolarização no país.

Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, destaca que o “Mapa do Ensino Superior reúne dados de todo o Brasil e por estado, a partir dos dados do Censo de 2020”.

“O ensino superior teve um crescimento tardio no Brasil. A expansão começa a partir da década de 1990 e, após programas como o Prouni (Programa Universidade para Todos) e o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), houve a expectativa da democratização de acesso”, afirma Capelato. “Olhando o Mapa, houve um crescimento de matrículas, mas a taxa de escolarização não cresceu. No Brasil, a taxa é muito baixa”, avalia.

O total de matrículas aumentou apenas 0,9% de 2019 para 2020, uma queda de 50% em comparação ao período anterior, quando as matrículas tinham crescido 1,8%.

“Com a perda de renda e empregos, sem uma política pública efetiva, o número de alunos ingressantes no presencial é inferior porque o custo é mais alto. Considerando que a maioria dos mais jovens prefere o presencial, podemos dizer que houve uma diminuição do número de jovens no ensino superior”, ressalta.

Esse pequeno aumento foi gerado pela modalidade EAD, que registrou um
salto de 26,8% no número de alunos em comparação com 2019. Já as matrículas presenciais caíram 9,4% no mesmo período, um padrão de queda que já vinha acontecendo nos últimos anos. Vale destacar que esse número é relativo ao número de novos alunos.

Os números do Censo da Educação Superior 2020 também apontam queda no número de jovens que ingressaram no ensino superior, o que afeta diretamente a taxa de escolarização líquida (que mede a proporção de pessoas de 18 a 24 anos que frequentam o ensino superior em relação à população dessa faixa etária). Em 2020, a taxa registrou uma queda de 0,3 ponto percentual e chegou aos 17,8%.

Com o EAD ainda atraindo um público mais velho, entre 29 e 44 anos, que já está inserido no
mercado de trabalho, os mais jovens seguem excluídos da educação superior.

Na prática, sem atrair os jovens para o ensino superior, o país está cada vez mais distante de cumprir a meta do PNE (Plano Nacional de Educação), que estabelece uma taxa de escolarização líquida para o ensino superior de 33% em 2024.

O Mapa do Ensino Superior mostra que tanto a rede pública quanto a particular tiveram estabilidade no número de jovens matriculados até 24 anos, crescendo 0,1 e 0,7 ponto percentual, respectivamente, de 2019 para 2020.

“A taxa de evasão, que corresponde à soma do número de estudantes que trancaram a matrícula e não voltaram, dos que abandonaram o curso e dos que faleceram, cresceu pouco no setor privado, se comparado a 2019, pois muito rapidamente houve a migração para as aulas remotas. Já no setor público aconteceu um aumento bem grande devido ao tempo sem aula”, explica o diretor-executivo do Semesp. Em número absolutos, 3,7 milhões de alunos deixaram o ensino superior.

Considerando o primeiro ano da pandemia de Covid-19, as taxas de evasão registraram um aumento um pouco mais acentuado, de 3,3 pontos percentuais na rede pública, mais afetada com a suspensão das aulas presenciais.

O mapa mostra que 78,8% dos estudantes que concluíram um curso presencial em 2020 eram de instituições de ensino privadas. De 2019 para 2020, o número de concluintes de cursos presenciais caiu 6% no total, sendo 0,4% na rede privada e 22,1% na rede pública.

A queda da rede pública foi mais acentuada em virtude de uma demora maior das instituitções públicas a adotar as aulas remotas emergenciais em virtude da pandemia de Covid-19.

Apesar de uma queda de 9% nas matrículas de 2019 para 2020, o curso de direito segue como o  presencial com mais alunos da rede privada. Psicologia subiu da quarta para a segunda
colocação no mesmo período, com aumento de 3,1% nas matrículas da rede privada.

Na rede pública, pedagogia e direito se mantêm como os cursos mais procurados, com 4,7% e 4,6% das matrículas, respectivamente.

Pedagogia continua sendo o curso mais procurado na modalidade EAD nas redes privada e pública. Apesar do aumento de 8,6% nas matrículas EAD de pedagogia de 2019 para 2020, o curso perdeu 3,5 pontos percentuais na representatividade da modalidade, caindo de 22,5% para 19,0% no total das matrículas da rede privada.

Os prognósticos são melhores para 2021. Segundo dados de pesquisa realizada pelo Instituto Semesp comparando o primeiro semestre de 2021 com o primeiro semestre de 2020, a rede privada pode registrar queda de 5,9% na taxa de evasão nos cursos presenciais. Nos cursos EAD, a tendência segue de crescimento, com previsão de aumento de 8,2% na taxa de evasão na modalidade.

 

  • Fonte: EDUCAÇÃO | Karla Dunder, do R7