Brasília Agora
Brasília Agora


POLÍTICA

Marçal X Nunes, Marina X Tabata e Boulos X Datena: após cadeirada, debate RedeTV!/UOL é marcado por bate-bocas

17 de setembro, 2024 / Por: Agência O Globo

Encontro desta terça-feira foi o primeiro após a agressão de Datena a Marçal no último domingo; as cadeiras foram parafusadas ao chão e regras ficaram mais rígidas

Marçal X Nunes, Marina X Tabata e Boulos X Datena: após cadeirada, debate RedeTV!/UOL é marcado por bate-bocas
Candidatos no estúdio durante debate da RedeTV! e UOL. Foto: Reprodução / YouTube / RedeTV

Ainda que não tenha registrado agressões físicas, o debate promovido pela RedeTV! e pelo portal UOL na manhã desta terça-feira (17) foi marcado por discussões, troca de ofensas e acusações entre os candidatos que disputam a prefeitura de São Paulo. O episódio mais agressivo foi entre Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB), que bateram boca e precisaram ser advertidos pela mediação do debate. A cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) em Marçal, no domingo passado, durante o encontro televisivo promovido pela TV Cultura, foi trazida logo no início por Guilherme Boulos (PSOL), o que motivou defesa de Datena (PSDB), e depois reapareceu em outras situações. Marina Helena (Novo) acusou Tabata Amaral (PSB) de usar um “jatinho” para visitar o namorado, o prefeito de Recife, João Campos.

Marçal e Nunes discutiram aos gritos já no primeiro bloco do debate desta terça-feira. O bate-boca começou em um direito de resposta concedido a Marçal, depois que o emedebista citou a sua condenação por furto qualificado na Justiça Federal de Goiás, em 2010, que acabou prescrita.

— Você vai ser preso por roubar dinheiro de creche. Você usou sua esposa para receber dinheiro de creche. Usou sua esposa e sua filha. Eu vou te colocar na cadeia — berrou Marçal, que foi ao debate desta terça-feira com a mão direita enfaixada.

A mediadora Amanda Klein precisou intervir e, também subindo o tom de voz, pediu respeito aos candidatos. Nunes, enquanto isso, gritou de volta, mas não foi possível entender o que falava em meio à gritaria. Klein ameaçou banir os dois do primeiro bloco do debate, regra que está prevista no regulamento.

A declaração de Marçal se referia a um relatório da Polícia Federal, que concluiu ter havido um esquema de desvio de verbas em creches administradas por organizações sociais em São Paulo. Na ocasião, a PF apontou que é necessária a continuidade das investigações sobre o prefeito Ricardo Nunes por suspeitas de lavagem de dinheiro. O documento aponta elos entre o prefeito, que na época era vereador, e a Associação Amiga da Criança e do Adolescente (Acria), que gerencia atualmente nove Centros de Educação Infantil (CEIs) em São Paulo.

Bate-boca entre Marçal e Nunes

Marçal acionou Nunes na primeira pergunta do debate, apelidando-o de “bananinha”. A produção do debate não admitiu o uso da expressão e pediu que o candidato do PRTB dissesse o nome do adversário. “Futuro ex-prefeito, então”, declarou o ex-coach, que gastou todo o tempo da pergunta para comentar o episódio da agressão de Datena.

— Datena não é homem e aqui eu ratifico. Ele não é homem, é um agressor. As cadeiras foram parafusadas aqui no chão porque ele teve comportamento análogo a um orangotango, em uma tentativa de homicídio contra mim — afirmou ele.

O prefeito reagiu repudiando o comportamento de Marçal, dizendo estar “decepcionado com a sua participação nesse processo eleitoral”.

— Você chegou só agredindo a todos: é o pai da Tabata, o Datena, o Boulos e a mim. Acho que isso é muito ruim pra você, e estou falando como se fosse teu pai que te deu tantos conselhos lá atrás. Precisamos elevar o nível — declarou Nunes.

Marçal, então, destacou as inserções de rádio da campanha do emedebista que tentam vinculá-lo ao Primeiro Comando da Capital (PCC). As suspeitas recaem sobre membros do seu partido, o PRTB, e não propriamente o empresário.

O candidato chamou Nunes de “tchutchuca do PCC”, em referência a contratos de empresas de ônibus investigados pelo Ministério Público de São Paulo. Disse ainda que Nunes falava de respeito no debate, mas “agrediu a esposa”, lembrando um boletim de ocorrência feito pela sua esposa, Regina, por ameaça, em 2011, cujo teor depois foi negado por ela.

A troca de ataques continuou com Nunes dizendo que não cairia no “golpe” de Marçal de levar o debate para esse lado.

— E você tem um histórico de vida em dar golpes. Respeita a minha família, nunca levantei o dedo para a minha esposa — disse Nunes.

O comentário rendeu o direito de resposta de Marçal em que os dois discutiram aos gritos.

“Cadeirada quem levou fui eu”, diz Datena

O debate começou com Boulos perguntando a Datena sobre as suas ideias para a população mais pobre, e lembrou “do que aconteceu no último debate” porque “o meme tem data de validade, mas os problemas de São Paulo não”. Datena respondeu não estar feliz com a agressão, mas se justificou.

— Eu espero que democraticamente, o respeito pela democracia, seja o que paute esse debate. Eu não tenho palavreado político, não sei agir como político, não estou nenhum pouco feliz com o que aconteceu no último debate, mas desde criança meu pai me ensinou que eu teria que honrar a minha família até a morte, e estou disposto a fazer isso. espero que o povo de São Paulo tenha um debate com propostas. As minhas são simples: segurança com reforço da guarda, saúde com UBS mais duas horas (de funcionamento), educação com as creches mais duas horas (abertas) e reforçar o serviço de inteligência da nossa gloriosa Polícia Civil junto com a nossa Guarda Civil.

Mais tarde no debate, Datena questionou Marina Helena sobre seu ataque ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante ato de 7 de setembro na Avenida Paulista. A candidata do Novo respondeu que tem “muito orgulho de defender a liberdade de expressão” e usou seu tempo para criticar Datena por ter agredido Marçal no último debate.

Datena disse que foi ele quem levou uma cadeirada e alegou “legítima defesa” em sua ação:

— Cadeirada quem levou fui eu, por ter sido acusado de um crime hediondo que eu nem passei perto de cometer, um processo que já foi arquivado e que nem falava de estupro. Tem um comentário do jurista (Wálter) Maierovitch (em coluna no UOL), ele diz que foi legítima defesa. Eu fui atacado de forma vil, canalha, absurda. A cadeirada quem levou fui eu. Agora a cena que esse covarde fez para ser internado no Sírio (Libanês), ele deveria ter sido internado no oitavo andar, que é a ala psiquiátrica — falou.

Marina acusa Tabata de usar “jatinho”

Marina Helena acusou Tabata Amaral de “usar jatinho” para visitar o namorado da deputada, o prefeito de Recife, João Campos (PSB). A candidata perguntou “quem pagou” pelas supostas viagens, que foram negadas por Tabata.

— Marina, me desculpe, mas isso é um delírio. Eu tenho família em Feira de Santana, e a última vez que fui, fui de ônibus. Inclusive não recomendo, porque Minas Gerais não acaba nunca. Eu nunca fiz viagem de jatinho para visitar meu namorado — disse a deputada, que, na sequência, deixou o assunto de lado e falou sobre uma proposta para promover um programa de intercâmbio para os alunos da rede pública municipal.

Na réplica, Marina repetiu a acusação.

— É muito importante saber os apoios que os candidatos têm, quem paga suas contas, ela andou sim, de King Air (modelo de aeronave) para visitar seu namorado em Recife. Eu não tenho nada contra isso, a questão é a falta de transparência e de onde vêm esses recursos — voltou a acusar Marina Helena, que recebeu um “aguarde um processo” de volta de Tabata, que voltou a negar o uso de jatinho.

Novas regras após agressão

Nesta segunda-feira, os organizadores anunciaram uma mudança de última hora no cenário: a fixação das banquetas, ou cadeiras, dos candidatos. No encontro de domingo promovido pela TV Cultura, Datena usou um dos assentos para atingir Marçal.

Além disso, o debate terá três níveis de punições para candidatos em caso de agressões verbais, físicas ou uso de palavras de baixo calão. Na primeira vez em que o candidato cometer uma infração, a mediadora do debate irá adverti-lo; na segunda, o candidato terá o tempo de resposta no bloco cassado, uma suspensão; na terceira, o político será expulso do programa. Os participantes também não poderão sair do púlpito nem mostrar objetos ou documentos.

Ainda há possibilidade de suspensão ou expulsão caso a infração seja muito grave, como agredir o adversário fisicamente. Os casos serão avaliados pela direção do programa. As regras já haviam sido estabelecidas e acordadas entre as campanhas antes da confusão no debate de domingo. Não foram feitas ajustes após o episódio, afirma a organização.

A emissora afirma que “a segurança sempre foi uma prioridade nossa desde o começo das negociações com as campanhas”. “A segurança está reforçada desde o início por parte da RedeTV!”, completa o texto.


BS20240917155102.1 – https://extra.globo.com/politica/noticia/2024/09/marcal-x-nunes-marina-x-tabata-e-boulos-x-datena-apos-cadeirada-debate-redetvuol-e-marcado-por-bate-bocas.ghtml