CULTURA
Maria Helena Gomide: histórias que vão além dos sonhos
15 de novembro, 2024 / Por: Por Marlene GaleazziPerfil
Com requinte, discrição e glamour, ela se tornou um marco da tradicional sociedade brasiliense
Maria Helena Gomide trilhou um caminho, não apenas longo, mas entremeado de histórias que mais se parecem com aquelas tiradas de imaginários onde apenas o céu é o limite. E foi o destino, com suas incógnitas, que usou o coração da moça bonita para que ela cumprisse o que, acreditam alguns, já estava escrito nas estrelas.
Conduzida pelo bastão mágico do amor, ela desembarcou em Brasília ao lado do amado, o engenheiro Wadjô Gomide, que seria o último prefeito da capital. Tal cargo logo após foi substituído pelo de governador. E ela, aos 21 anos, se tornou a mais bela e jovem primeira-dama da capital do país.
E não parou por aí. Era apenas o começo de uma série de acontecimentos que a fizeram protagonista de acontecimentos internacionais. O mais importante deles, neste mês de novembro, completou 59 anos. No dia 5 de novembro de 1968, aos 23 anos de idade, Maria Helena, grávida de Oswaldo, seu primeiro filho, acordou com a certeza de que naquela data teria que cumprir uma missão considerada quase impossível: de ser a anfitriã da toda poderosa Rainha Elizabeth II e seu marido, o príncipe Philip, em sua primeira e única viagem ao Brasil e a Brasília. Um dia que ela nunca iria esquecer.
Entre tremedeira, insegurança e emoção, ela cumpriu bem seu papel, ganhou fama e foi chamada pela imprensa britânica de a “mais bela primeira-dama do mundo”. E não ficou por aí. Como a nova capital, na época, despertava curiosidade pelo inusitado e pela arquitetura, por aqui aportaram reis, rainhas, imperadores, presidentes e autoridades do primeiro time mundial.
Entre eles, o rei Olavo V da Noruega, o então príncipe, depois imperador do Japão Akihito e a imperatriz Michiko, e a primeira-ministra da Índia, Indira Gandhi. Todos recebidos por Maria Helena que, com o tempo, se tornou um marco da tradicional sociedade brasiliense, que mescla a história de fatos importantes com o requinte, discrição e glamour.
De primeira-dama da capital do país à vida de fazendeira
Mas, como a vida sempre foi um apanhado de surpresas para Maria Helena, outras histórias viriam para mostrar o quanto a bela, com aspecto frágil, era forte o suficiente para tudo enfrentar e transformar num mar de rosas o que poderia ter sido um caminho de espinhos.
Tendo interrompido os estudos para se casar, ela, já mãe, voltou aos bancos da universidade. Formou-se em Direito e, como advogada, começou a trabalhar na filial brasiliense de um escritório paulista.
O marido, longe da política, virou fazendeiro e foi ao lado dele que ela começou a ter uma vivência mais próxima da vida do campo, com toda a família passando normalmente os finais de semana na propriedade rural. Tempos depois, o que era para ser lazer, se transformou numa dura obrigação.
A bela se transformou em grande criadora de gado nelore
Com a morte inesperada do marido no ano de 2003, a ex-primeira-dama, figura cortejada na sociedade, teve que dar uma guinada de 180 graus em sua vida. Trocou os salões da Corte pela rotina de uma fazenda, mergulhou no trabalho, aprendeu os segredos da administração, ampliou seus sonhos e se transformou em uma grande criadora de gado Nelore.
Hoje, viúva, mãe de 4 filhos e avó de sete netos, Maria Helena Paiva Gomide tem muito o que lembrar e ainda muito o que esperar da vida. As lembranças de fatos tão importantes estão quase todas materializadas em sua casa, com fotos, recortes de imprensa e muitas comendas, guardadas a sete chaves em vitrines de cristal.
Na consciência do dever cumprido como primeira dama e no orgulho do legado deixado pelo seu marido, que marcou a história de Brasília, com vários feitos, entre eles a inauguração do Guará,
ela quer passar tudo isso como exemplo para filhos e netos.