A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, assumirá oficialmente a disputa pelo comando da Rede Sustentabilidade neste sábado, ao lançar seu aliado, o coordenador nacional de organização Giovanni Mockus, como candidato em evento em Salvador, na Bahia.

A candidatura de Mockus enfrenta a ala liderada por uma ex-aliada de Marina, a ex-senadora Heloísa Helena, que já lançou o secretário de Relações Institucionais de Belo Horizonte, Paulo Lamac, como seu candidato. As duas correntes políticas se enfrentam internamente e disputarão a presidência do partido no próximo congresso nacional, marcado para ocorrer entre 11 e 13 de abril.

A divisão entre Marina e Heloísa polariza a Rede. Atualmente, a ala ligada à ministra reúne 47% dos integrantes, enquanto os aliados da ex-senadora representam 53%. Essa pequena vantagem garantiu a vitória de Heloísa Helena e de seu aliado Wesley Diógenes na última eleição interna.

Nos bastidores, articuladores próximos a Marina afirmam que a disputa deste ano será mais acirrada do que a de 2023, quando o grupo da ministra foi derrotado. Recentemente, no entanto, aliados de Marina venceram a ala de Heloísa em diretórios estratégicos como São Paulo e Pernambuco, o que alimenta a expectativa de uma reviravolta em nível nacional.

Um dos fatores que podem influenciar o resultado é a insatisfação generalizada com supostos abusos de autoridade cometidos pela ala rival, que já resultaram em uma representação disciplinar. Há também a expectativa de que antigos apoiadores de Heloísa migrem para o grupo de Marina neste pleito.

Além das críticas à atual gestão, a campanha contra Lamac deve explorar supostas questões judiciais envolvendo o candidato. “Há processos contra ele por improbidade administrativa”, afirmou uma fonte ao Globo.

Por outro lado, integrantes do grupo de Heloísa Helena avaliam que a ministra enfrenta um cenário desfavorável, argumentando que sua posição no governo federal está fragilizada. A atuação de Marina no Ministério do Meio Ambiente tem sido alvo de questionamentos por parte de deputados e senadores.

O embate entre Marina Silva e Heloísa Helena simboliza a divisão no diretório nacional da Rede e reflete divergências que remontam a 2022. Essas diferenças estão relacionadas a concepções distintas sobre a base teórica do partido. Enquanto Marina adota a visão “sustentabilista”, Heloísa defende o “ecossocialismo”, que associa a preservação ambiental a mudanças estruturais no sistema econômico.

Outro ponto de tensão é a relação com o governo federal. Marina optou por integrar a gestão do presidente Lula como ministra do Meio Ambiente, enquanto Heloísa mantém uma postura crítica ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde sua expulsão da legenda em 2003, após se posicionar contra a reforma da Previdência proposta no primeiro mandato de Lula.

A crise interna da Rede se intensificou após a eleição de 2023, quando Juliana Sá foi afastada da tesouraria nacional. Na ocasião, a militante retornou ao cargo por decisão liminar após uma ação judicial. O grupo de Marina Silva alega ter sido excluído de reuniões internas e denuncia manobras para afastá-los de funções estratégicas no partido.

BS20250307133232.1 – https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/03/07/marina-silva-entra-em-campo-pelo-comando-da-rede-e-lanca-aliado-contra-grupo-de-heloisa-helena.ghtml