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Jornalista foi diagnosticado com demência e vida virou documentário do Globoplay
Com o olhar tranquilo, sentado em uma cadeira de praia e rodeado dos discos que fazem parte da vida dele, Maurício Kubrusly apareceu em novo registro nas redes sociais. A foto serviu para que fãs desejassem um feliz ano novo ao jornalista, de 79 anos, além de compartilhar os sentimentos de saudade. O carioca tem demência frontotemporal, e já não lê ou escreve, assim como teve a memória comprometida.
“Saudades”, disse uma fã. “Você faz falta nas telinhas”, escreveu outra seguidora. “Toda boa energia a você e sua família”, comentou outro internauta. “O mais interessante é o semblante de serenidade”, observou mais um seguidor no Instagram.
Na foto, Kubrusly está na casa em que vive com a esposa, Beatriz Goulart, em Serra Grande, no litoral sul da Bahia, a 43 km de Ilhéus. O imóvel é amplo, arejado, perto da praia e conta na decoração com mais de 8 mil discos que o casal acumulou ao longo da vida. No documentário do Globoplay, sobre o jornalista, Beatriz explica que faz adaptações em todos os imóveis que já viveram, para diminuir os impactos do estranhamento que a demência pode causar.
“Eu repito coisas desde a primeira casa, como uma cômoda perto dele, para o Kubrusly colocar coisas pessoais, para dar uma sensação de segurança e um conforto. Não sei se funciona, mas eu tento”, avalia Beatriz, em entrevista ao longa.
A causa da demência frontotemporal (DFT) não é totalmente conhecida pela medicina. E a forma como a doença se manifesta em cada paciente também não tem um padrão. O jornalista Maurício Kubrusly, de 79 anos, foi diagnosticado em 2016 ao fazer uma atividade rotineira: encontrou dificuldades por ler o jornal. Inicialmente, médicos acreditavam que seria Alzheimer, mas com o passar dos anos, a demência se confirmou.
“Passei a ajudá-lo em sua comunicação com as pessoas. Sozinho, não dava mais. Procurei terapias desesperadamente, para ele conseguir lidar com tudo isso. É difícil diagnosticar uma doença dessas. (…) Maurício manteve por muito tempo a consciência do que estava acontecendo. Tanto que, no meio da pandemia, depois de quase duas décadas de de um relacionamento em casas separadas, ele propôs: ‘É hora da gente morar junto. Estou esquecendo as coisas’. (…) Não dá para prever a velocidade com que a doença avança. Com Alzheimer, a pessoa pode viver uns vinte anos. Já com essa demência, dizem que a média é de quatro anos. Maurício já está há sete nessa luta”, disse Beatriz à revista “Veja”.
O que permanece intacto para o jornalista é o interesse pela música. A diferença é que ele passa a ouvir as músicas como se as conhecesse pela primeira vez.
“Tem muito paciente com DFT que tem um comportamento agressivo, explosivo. Isso não é um traço importante na apresentação do Kubrusly. A doença não é igual para todo mundo e depende da área do cérebro que é acometida. O lado esquerdo tem a ver com a linguagem, o lado direito com a tensão ao ambiente. Como o direito é menos comprometido, isso tem a ver com a ausência da agressividade, e também deve estar relacionado ao interesse dele pela musicalidade”, disse o neurologista Mateus Trindade, ao avaliar o cérebro de Kubrusly. A cena foi exibida pelo Globoplay, no documentário.
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