O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, presta depoimento na tarde desta terça-feira à Polícia Federal. O pai dele, o general Mauro Lourena Cid, também está sendo ouvido por meio de videoconferência do Rio de Janeiro. A oitiva ocorre na sede nacional da PF, em Brasília.
Cid é interrogado na condição de colaborador. Ele assinou um acordo de delação premiada com a PF em setembro de 2023, quando deixou a prisão. Desde então, o militar vem prestando informações sobre três inquéritos em curso que atingem o seu ex-chefe, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os casos se referem ao suposto desvio de joias do acervo presidencial, fraudes na carteira de vacinas e a trama de uma tentativa de golpe para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nesta terça, os delegados devem perguntar a Cid sobre uma nova joia identificada pela PF que foi negociada nos Estados Unidos. O item foi descoberto durante diligências feitas no país em maio. Em cooperação com o Federal Bureau of Investigation (FBI), os agentes foram a cidades como Miami (Flórida), Wilson Grove (Pensilvânia) e Nova Iorque (NY) levantar informações sobre a comercialização dos objetos.
No inquérito, a PF aponta a existência de uma organização criminosa no entorno do ex-presidente que atuou para desviar joias, relógios, esculturas e outros objetos de luxo recebidos por Bolsonaro como representante do Estado brasileiro. Ao menos quatro conjuntos de presentes foram dados ao ex-presidente em viagens oficiais na Arábia Saudita e Bahrein ocorridas entre 2019 e 2021.
Entre os presentes negociados, estão relógios das marcas Rolex e Patek Philippe, para a empresa Precision Watches, no valor total de US$ 68 mil, o que corresponde na cotação da época a R$ 346.983,60. Neste caso, o ex-ajudante de ordens esteve pessoalmente em uma loja em Willow Grove para vender essas peças. Uma foto do comprovante de depósito foi armazenada no celular do militar e outra imagem mostra seu pai refletido em outro objeto.
Em depoimento sobre o caso das joias, Bolsonaro decidiu ficar em silêncio diante da PF.