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Mas ritmo deve diminuir este ano e expectativa é de recuo de 10%, diz Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança
A concessão de crédito imobiliário em 2024 bateu recorde histórico atingindo R$ 312 bilhões, representando um crescimento de 25% em relação ao ano anterior, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). A alta da Selic, a taxa básica de juros, que acelerou nos últimos meses do ano passado (terminando em 12,25%), não teve reflexos na oferta de crédito do ano passado, diz a entidade, mas deverá impactar os empréstimos este ano, que devem ter uma redução de 10%, somando R$ 282 bilhões.
— O ano de 2024 foi muito relevante para o crédito imobiliário e não deve se repetir em 2025. E o efeito da alta da Selic, que ainda não foi sentido no final do ano passado, deve impactar no custo do crédito, afetando a demanda — explica Sandro Gamba, presidente da Abecip, lembrando que neste número estão os recursos da poupança (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE)) e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) .
O aumento da renda dos brasileiros em 3%, em 2024, impactou a distribuição do crédito imobiliário já que aumentou a procura por recursos. Até agora, o recorde de concessões tinha sido em 2021, com R$ 255 bilhões concedidos. Gamba explicou que apesar da alta da Selic, a taxa média ficou em 10,9% no ano passado, frente a 13,3% em 2023. O número de lançamentos de novas unidades na cidade de São Paulo, referência para o mercado brasileiro, cresceu 45% em relação ao ano anterior, atingindo 91 mil unidades, demandando mais crédito para o segmento.
O que chamou a atenção foi o crescimento de 29% na utilização dos recursos do FGTS. Isso, segundo Gamba, tem relação com o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), cujo financiamento utiliza os recursos do fundo para atender famílias com renda bruta a parrtir de R$ 2,6 mil até R$ 8 mil. Das 1,17 milhão de unidades financiadas ano passado, 605 eram do MCMV.
— Esse crescimento mostra a relevância do programa para o mercado imobiliário e para a economia brasileira — diz Gamba.
Uma modalidade que vem ganhando fôlego nos últimos anos, o crédito imobiliário com garantia de imóvel (home equity) cresceu 53,5% em 2024 em relaçao ao ano anterior, atingindo R$ 10,9 bilhões em concessões. Segundo Gamba, essa modalidade vai ter um papel cada vez mais importantes, já que tem juro mais baixo do que o financiamento tradicional por conta da garantia.
Outro número inédito no setor foi a inadimplência, considerando contratos com até três meses de atraso: em 2024 ela foi a mais baixa da his´toria do setor, chegando a 1%. Em 2023, o índice hafia fechado em 1,5%.
Embora, toda demanda de crédito tenha sido atendida, o que preocupa o setor é o volume elevado de saques da poupança. Em 2023, foram R$ 72,4 bilhões sacados e no ano passado mais R$ 21,7 bilhões. A Abecip vem discutindo com o governo medidas conjunturais que possam sustentar o crédito imobiliário, entre elas reduzir o prazo de nove para três meses das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), um título de renda fixa emitido por bancos para financiar o setor imobiliário.
Outra medida seria a redução do compulsório bancário para aumentar a oferta de crédito imobiliário. Essa medida seria uma forma mais rápida de captar recursos para o setor. A Caixa Econômica Federal e a indústria da construção civil também têm apoiado essa medida. O Banco Central exige o recolhimento compulsório de 20% sobre os recursos de depósitos da poupança. A Caixa defende que o recolhimento seja de 15%, o que liberaria mais R$ 40 bilhões para o setor.
— A participação das LCIs na estrutura de crédito caiu 29% entre 2023 e 2024. O Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e a Letra Imobiliária Garantida (LIG) sustentam o funding do crédito imobiliário. mas está havendo uma mudança na estrutura, com redução da poupança e outras linhas suprindo — explica o presidente da Abecip.
Os números da Abecip mostram que nos últimos sete anos houve, alta de 40% no preços dos imóveis, na média do país, acima da inflação ofivila, o IPCA. Essa valorização dos imóveis, segundo a entidade, é reflexo do crescimento da demanda por imóveis, que começou na pandemia. Em São Paulo, a valorização chegou a 112% no mesmo perúiodo, enquanto no Rio de Janeiro esse índice foi de 57%.
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