O governo de Javier Milei prevê que a inflação argentina despencará no ano que vem, e que a economia do país vizinho se recuperará mais do que o esperado de uma recessão exacerbada por sua campanha de austeridade. A inflação anual, de mais de 230% ao ano, cairá para cerca de 104% até o final deste ano e 18% até dezembro de 2025, de acordo com a primeira proposta orçamentária de seu governo.

A economia da Argentina crescerá 5% no ano que vem, acima dos 3,5% previstos por analistas sondados pelo banco central, segundo a proposta, apresentada por Milei ao Congresso no último domingo.

As projeções orçamentárias detalham a visão de Milei para a economia enquanto seu partido caminha para eleições no ano que vem, em que precisa conseguir mais assentos no Congresso para avançar com sua agenda.

Milei manteve índices de aprovação relativamente altos, em torno de 50%, apesar de cortar gastos e desvalorizar a moeda. Analistas dizem que ele precisará mostrar aos eleitores uma recuperação econômica em 2025 para manter a opinião pública do seu lado.

O orçamento de Milei projeta que a taxa de câmbio oficial terminará 2025 em 1.207 pesos por dólar, indicando uma depreciação do peso semelhante ao ritmo atual de 2% ao mês que o governo controla.

O presidente argentino afirmou ainda que vetará todas as leis que considerar deficitárias para alcançar o objetivo de zerar o déficit fiscal com a redução do financiamento do Estado.

— O déficit sempre foi consequência de pensar primeiro quanto gastar e depois ver como financiar. Nós vamos fazer ao contrário: pensando primeiro em quanto temos que poupar, para depois ver quanto podemos gastar — disse Milei em discurso que foi transmitido em rede nacional de TV no país.

Os investidores esperam ansiosamente que Milei trace um cronograma e uma trajetória para sair do labirinto de controles cambiais da Argentina, um passo fundamental antes que o país retorne aos mercados de capitais internacionais no início de 2026.

O orçamento também abre caminho para a equipe econômica de Milei negociar um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional para substituir o atual pacote de US$ 44 bilhões (cerca de R$ 240 bilhões).

Na semana passada, foi divulgada a inflação de agosto no país. Os preços ao consumidor subiram mais do que os economistas esperavam, em alta de 4,2% em relação ao mês anterior, contra estimativas que variavam de 3,8% a 4%. Em julho, o índice de preços havia subido 4%.

BS20240916143051.1 – https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2024/09/16/milei-ve-inflacao-argentina-cair-para-18percent-ate-final-de-2025.ghtml