BRASIL
Moraes diz que origem de atentado está no “gabinete do ódio”
14 de novembro, 2024 / Por: Agência BrasilMinistro descartou anistia a criminosos
O atentado cometido na noite desta quarta-feira (13) nas proximidades do Supremo Tribunal Federal (STF) teve como fonte de estímulo, segundo o ministro Alexandre de Moraes, a polarização política instalada no país nos últimos anos e o “gabinete do ódio”, montado durante o governo de Jair Bolsonaro.
“O que o ocorreu ontem não é fato isolado do contexto. Queira Deus que seja um ato isolado, mas, no contexto, é algo que se iniciou lá atrás, com o famoso gabinete do ódio destilando discursos de ódio contra instituições, Judiciário e, principalmente, o STF. Contra as pessoas dos ministros do STF e os familiares de cada um dos seus ministros. Isso foi se avolumando, agigantando, aumentando o descrédito nas instituições, resultando no 8 de janeiro”, disse o ministro.
O “gabinete do ódio” citado por Moraes é o nome dado ao núcleo de auxiliares e assessores de Bolsonaro que, segundo as investigações da Polícia Federal, teria o objetivo de espalhar notícias falsas e ataques a adversários durante a gestão do ex-presidente.
De acordo com Moraes, o atentado a bomba cometido pelo ex-candidato pelo PL ao cargo de vereador do município de Rio do Sul (SC) Francisco Wanderley Luiz (Tiu França) reforça a necessidade de eliminar qualquer possibilidade de anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro contra as sedes dos Três Poderes, bem como a necessidade de regulamentação das redes sociais.
As afirmações foram feitas nesta quinta-feira (14) durante uma sessão ordinária do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Segundo o ministro, é também necessária a união de todas autoridades não apenas em defesa da democracia, mas pela responsabilização total de todos aqueles que atentaram contra a democracia.
“A impunidade destes gera eventos como o de ontem. A impunidade vai gerar mais impunidade”, disse.
Sem anistia
Moraes acrescentou que o atentado foi uma demonstração de que a pacificação do país só será possível a partir da responsabilização de todos os criminosos e que, portanto, não há possibilidade de pacificação com anistia.
“Todos sabem que criminoso anistiado é criminoso impune e que a impunidade vai gerar mais criminalidade, como ocorreu ontem com uma tentativa de explodir o STF. Várias pessoas foram instigadas a agredir e atacar [as instituições], a tal ponto que hoje se utilizam bombas para isso. Tirando o 8 de janeiro, talvez este seja o atentado mais grave contra o STF”, acrescentou ao afirmar que a intenção inicial de Francisco Wanderley Luiz era a de explodir o artefato no interior do tribunal.
Regulamentação das redes sociais
Moraes defendeu também a regulamentação das redes sociais.
“Não se pode ter esse envenenamento constante feito pelas redes sociais, para podermos pacificar o país, sem criminosos atentando contra a democracia”.
O ministro reiterou que muitas das pessoas manipuladas distorcem o conceito de liberdade de expressão, estimuladas por motivações políticas, e que cometem crimes a partir disso.
“Em nenhum lugar do mundo ameaçar, coagir é liberdade de expressão”
Homem-bomba na Praça dos Três Poderes é fruto de discurso de ódio e anistia ‘vai gerar mais impunidade’, diz Moraes
Ministro afirma que homem-bomba faz parte de um contexto que se iniciou com discurso de ódio contra as instituições
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, afirmou que o homem-bomba na Praça dos Três Poderes faz parte de um contexto que se iniciou com discurso de ódio contra as instituições. Em discurso durante evento do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Moraes criticou a possibilidade de se anistiar os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Uma proposta sobre o tema está em discussão na Câmara.
— É necessário não só que nós nos unamos na defesa constante da Democracia, nas responsabilização total de todos aqueles que atentaram contra a democracia. Porque a impunidade gera eventos como ontem, a impunidade vai gerar mais agressividade — afirmou o ministro.
No discurso, Moraes também lembrou que o inquérito que apura os atos golpistas está em vias de conclusão.
— A PF está em via de conclusão do inquérito dos autores intelectuais e ontem é uma demonstração de que só é possível e é necessária a pacificação do país, mas só é possível com a responsabilização de todos os criminosos. Não existe possibilidade de pacificação com anistia a cirminosos — disse. — O STF já condenou mais de 1.200 pessoas por crimes graves, como abolição do estado de direito, mais de 200 pessoas foram condenadas, mais de 100 já foram condenadas pelos crimes mais leves, por atentar contra a democracia na frente dos quartéis — completou Moraes.