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Nos 26 municípios, apenas duas representantes do sexo feminino foram eleitas: Emília Corrêa (PL), em Aracaju, e Adriane Lopes (PP), em Campo Grande
Foi na década de 1950 que mulheres começaram a ocupar cargos de chefia em secretarias municipais. Em São Paulo, maior capital do país, Helena Iracy Junqueira assumiu o comando da pasta de Educação em 1953. Passados mais de 70 anos, a representatividade feminina no Brasil ainda enfrenta obstáculos. Um levantamento do GLOBO mostra que, nas 26 capitais brasileiras, elas ocupam apenas 26,37% dos postos de liderança no primeiro escalão.
A baixa representatividade tem raízes na dificuldade de acesso das mulheres à política. Segundo Ligia Fabris, professora visitante na Universidade de Yale e especialista em gênero, o problema começa com a falta de investimento dos partidos na formação de lideranças femininas, o que impacta diretamente na indicação de mulheres para compor governos.
Para as prefeituras das 26 capitais, apenas duas mulheres foram eleitas: Emília Corrêa (PL), em Aracaju, e Adriane Lopes (PP), em Campo Grande. Lopes se destaca ainda por estar na lista dos três prefeitos de capitais que têm maior representatividade feminina em suas equipes, com nove secretarias lideradas por mulheres.
Ligia Fabris também chama atenção para a dificuldade que as mulheres têm para avançar num ambiente majoritariamente masculino e para a natureza dos cargos que são confiados a elas:
— Os homens são eleitos e, ao montar seus governos, consideram indicações de líderes de grupos políticos, que geralmente também são formados por homens. Por isso, as mulheres acabam em desvantagem. E, quando nomeadas, ainda são destinadas a secretarias vistas como menos relevantes, seja pelo orçamento reduzido ou pela associação com áreas ligadas ao cuidado e à assistência social, tradicionalmente consideradas “naturais” para as mulheres.
O argumento de Fabris remete à divisão sexual do trabalho, conceito etnológico que atribui funções sociais distintas a homens e mulheres com base no sexo biológico. Nesse contexto, a maternidade reforçou a associação das mulheres a tarefas relacionadas ao cuidado.
Em Porto Velho (RO), por exemplo, as duas únicas gestoras nomeadas pelo prefeito Léo Moraes (Podemos) lideram a Secretaria de Assistência Social e Família e uma superintendência com status de secretaria. Já em Rio Branco (AC), o prefeito Tião Bocalom (PL) conta com apenas uma secretária, responsável pela pasta do Meio Ambiente.
Metade das capitais tem secretarias voltadas às mulheres, geralmente ocupadas por nomes femininos. Contudo, nem mesmo esse “nicho” é garantido. Em Manaus (AM), o prefeito David Almeida (Avante) nomeou Saullo Vianna para gerenciar a Secretaria da Mulher, Assistência Social e Cidadania. Almeida tem apenas duas mulheres no secretariado, na pasta de Comunicação e no Procon.
Prefeitos como Léo Moraes, Tião Bocalom e David Almeida governam cidades do Norte, região com a pior média de representatividade feminina, de apenas 23%; o Sul acompanha a baixa performance. As regiões dos extremos do país estão abaixo da média nacional.
Nas demais áreas, no entanto, o cenário também não é animador. A melhor média é registrada no Centro-Oeste, com 33% de representatividade. Já no Sudeste, capitais como Belo Horizonte (MG) e São Paulo (SP) têm menos de 25% de mulheres no primeiro escalão. Na capital paulista, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) conta com seis secretarias lideradas por mulheres em um total de 24 pastas.
— Todo o país carece de ações afirmativas para inclusão de gênero e raça na política, abrangendo desde secretarias de governos estaduais e municipais até contratações em gabinetes parlamentares. É preciso ir além da ocupação de cadeiras no parlamento — afirma Laura Astrolábio, cofundadora e codiretora executiva do grupo A Tenda das Candidatas.
Andrea Senko, no Rio, é uma das cinco mulheres à frente de secretarias municipais de Fazenda. As outras são Giovanna Victer, em Salvador, Michele Patrícia Roncálio, em Florianópolis, Neyla Tardin, em Vitória, e Márcia Helena Hokama, em Campo Grande.
Mestre em Administração Pública pela Fundação Getulio Vargas (FGV), Senko iniciou a carreira na iniciativa privada e acumulou experiências em secretarias estaduais e no governo de Minas Gerais antes de aceitar o convite do prefeito Eduardo Paes (PSD).
— Hoje, tenho um ambiente de trabalho favorável para mulheres. Na secretaria, várias lideranças femininas ocupam cargos estratégicos, o que é importante para quem está ingressando no mercado de trabalho. Não somos escolhidas apenas por sermos mulheres, mas também não deixamos de ser escolhidas por isso, como ocorria no passado — afirma a secretária.
Capitais como Belém (PA) e Natal (RN) apresentam os melhores índices de representatividade feminina, com 41,67% de mulheres em cargos de liderança. Durante a campanha eleitoral, o prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), comprometeu-se a promover a equidade nos quadros da prefeitura até o final de seu mandato.
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