O ano de 2024 rendeu bons momentos para Thiago Pantaleão, 27 anos. Natural de Paracambi (RJ), onde começou a carreira de músico na igreja, junto com os pais, ele estreou nos palcos do Rock in Rio e despontou no cenário do pop brasileiro. Resultado: somente no ano passado, foram mais de 17 milhões de reproduções no Spotify, sendo seis milhões só do último álbum, “Nova era”. E ele quer mais:

— Estou focado na composição. Já escrevi muitas músicas nesses últimos dois meses. Foi mais do que tinha feito nos últimos quatro anos de carreira. Tô construindo todo esse repertório para depois decidir quais vão ficar para gente rearranjar, dar uma cara nova ao meu próximo álbum.

Marcando presença em mais de 78 mil playlists no Spotify, ele pretende também atingir um público que conversa com sua outra personalidade, a de viciado em quadrinhos. O amor pela chamada “nona arte” vem de longe, mas ele confessa que demorou a levar para as letras essa paixão nerd, como ele mesmo diz.

— Eu sou muito otaku (autodenominação de fãs de cultura pop japonesa), muito nerd — diz o cantor. — Eu me distancio da realidade quando estou lendo quadrinhos, só sei falar disso. Se você me perguntar sobre quadrinhos da Marvel ou da DC, eu sei de cabo a rabo.

Essência nerd

Fazendo um pop dançante que mistura disco, groove e funk brasileiro, Pantaleão levou já para o álbum de estreia, “Fim do mundo” (2022), a sua “essência nerd” na faixa “Konoha”, ao lado de Lukinhas.

Composição favorita de Thiago, “Konoha” — principal aldeia ninja do mangá “Naruto” — é a música em que ele mais inclui referências a esse universo da cultura japonesa.

— Em “Konoha”, enquanto estava no estúdio com Lukinhas, lembrei de um canal no Youtube de jovens que faziam músicas para personagens de animes que gostavam. Como Lukinhas é outro nerd, comentei: “A gente é romântico. Por que não fazemos uma música que represente a gente genuinamente, assim, sem vergonha?” — revela o músico. — Já falei sobre pegar os outros de calcinha, por que não falar de uma maneira nerd sobre amor?

Em 2021, Pantaleão já tinha lançado “Te deixo Crazy”, que teve a parceria de Danny Bond, em que apresentou o seu lado desenhista, usando quadrinhos criados por ele mesmo na composição do cenário do clipe musical.

O otaku do pop brasileiro também menciona os quadrinhos e animes que está lendo e indica os melhores para quem quer mergulhar neste mundo.

— Uma dica é você pesquisar o seu nicho, ver o que você gosta, porque no mundo otaku e nos quadrinhos tem de tudo. Gostei muito da minissérie “Casa House of X”, dos X-Men, das novas aventuras da Jean Grey. E gostava muito da Liga da Justiça no arco de histórias “Os novos 52”.

Quadrinhos à parte, Pantaleão tem se concentrado em novos desafios, depois de viver um 2024 agitado.

Ele conta que, após “Fim do mundo” e “Nova era” (2024), trancou-se em casa para compor dezenas de músicas e pinçar algumas para o terceiro álbum, que ainda não tem nome, mas, adianta ele, certamente virá com novo estilo.

— Fiz muito dos meus dois primeiros álbuns na parceria que construí com o Pedrinho Gondim e o Lukinhas, que são meus amigos, e agora a gente tá trazendo e agregando valor pro meu novo projeto com o produtor Douglas Modas — revela. — Estou explorando mais a composição, o arranjo, a melodia, e isso tem me deixado com um coração bem alegre.

Parcerias

Pantaleão também está de olho nas parcerias que pretende trazer no seu terceiro álbum. Anitta, por exemplo. Mesmo sendo amigo da cantora, Pantaleão nunca fez um trabalho musical com a diva do funk, o que já se tornou uma das metas para este ano. Outro projeto para ainda este ano é repetir a parceria com Glória Groove e Priscila Alcântara, após sucesso cantando a música “Best Part” no Multishow, em 2022, que rendeu 7,6 milhões de visualizações.

— Escuto essa música até hoje — conta Thiago, antes de listar outros planos. — Quero muito lançar uma música com a Liniker. Quero muito fazer um R&B com a Glória e com a Priscila. Quero muito fazer um R&B romântico com a Ludmilla, mas não tem nada certo ainda. Este vai ser o ano que eu mais vou me entregar e trabalhar.

De onde vem todo esse R&B? Pantaleão conta que cresceu em uma família religiosa e se criou musicalmente com grande influência do coral da igreja.

— Eu acho que, para mim, o que trouxe muitas referências foi viver a igreja na época do coral. Tudo bem que isso é muito americanizado, e não estou romantizando a igreja num âmbito geral, mas ela tem seu papel social em comunidades. Serve como uma válvula de escape, como uma forma de esperança, de criar, cultivar esperança. E musicalmente falando, acho que criei um apreço tanto pela cultura preta desde quando eu era criança, como pela black music dentro da igreja — comenta o músico. (Estagiário sob supervisão de Nelson Vasconcelos).

BS20250203073019.1 – https://oglobo.globo.com/cultura/noticia/2025/02/03/nerd-e-romantico-thiago-pantaleao-soma-milhoes-no-streaming-e-sonha-feats-com-anitta-e-ludmilla.ghtml