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Em uma análise com mais de 500 pacientes em 16 países, pesquisadores descobriram mudanças no surto atual em relação à apresentação clássica da doença RESUMINDO A NOTÍCIA Lesões da varíola do macaco podem ficar restritas à região genital e/ou perianal Erupções cutâneas somaram menos de dez em mais da metade dos pacientes Em 95% dos …
Em uma análise com mais de 500 pacientes em 16 países, pesquisadores descobriram mudanças no surto atual em relação à apresentação clássica da doença
O surto de varíola do macaco (monkeypox, no nome em inglês) que atinge dezenas de países desde o início de maio está com um padrão de sintomas diferente do que era observado até então em regiões da África onde a patologia é endêmica. É o que revela o maior estudo já realizado sobre as apresentações clínicas da doença, conduzido em 16 países e publicado nesta quinta-feira (21) na prestigiada revista científica The New England Journal of Medicine.
Uma força-tarefa global de pesquisadores, sob coordenação da professora Chloe Orkin, da Universidade Queen Mary de Londres, analisou dados de 528 pacientes com diagnóstico laboratorial de infecção pelo vírus monkeypox (MPXV) entre 27 de abril e 24 de junho.
“Muitos dos indivíduos infectados analisados no estudo apresentavam sintomas não reconhecidos nas definições médicas atuais de varíola do macaco. Esses sintomas incluem lesões genitais únicas e feridas na boca ou no ânus. Os sintomas clínicos são semelhantes aos das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e podem facilmente levar a erros de diagnóstico”, dizem os autores do artigo em comunicado.
A idade média dos pacientes com varíola do macaco analisados no estudo era de 38 anos, e 75% deles eram brancos.
O que já havia sido constatado em diversos países acabou se confirmando no estudo: a doença está afetando, neste momento, mais homens gays e bissexuais (98% do total).
Todavia, os autores do artigo ressaltam que o vírus pode ser transmitido por qualquer contato físico próximo, independentemente de gênero ou orientação sexual, por meio de grandes gotículas respiratórias – o que inclui, por exemplo, beijos – e potencialmente por roupas e outras superfícies.
Quatro em cada dez pacientes tinham diagnóstico de HIV, de acordo com o artigo. Além disso, infecções sexualmente transmissíveis, como sífilis, gonorreia e clamídia, foram reportadas em 29% do total.
Em 95% dos casos, havia a suspeita de transmissão durante atividade sexual.
Nos indivíduos que lembravam quando poderiam ter sido infectados, o período de incubação (entre a exposição ao vírus e a manifestação dos primeiros sinais) foi, em média, de sete dias.
O sintoma clássico da varíola do macaco é o chamado rash (erupção de lesões cutâneas), que foi observado em 95% dos indivíduos.
No entanto, mais da metade deles (64%) tinha menos de dez lesões, o que contraria a imagem que se observava em fotos de pacientes africanos.
O padrão diferente de sintomas diz respeito principalmente às lesões na região anogenital, que estavam presentes em 73% dos infectados.
Úlceras nas mucosas apareceram em 41%, sendo que um em cada dez pacientes tinha uma única lesão genital no momento do diagnóstico.
“Essas diferentes apresentações destacam que as infecções por varíola do macaco podem ser perdidas ou facilmente confundidas com infecções sexualmente transmissíveis comuns, como sífilis ou herpes. Sugerimos, portanto, ampliar as definições de caso atuais”, alerta outro autor do artigo, o médico consultor em saúde sexual e HIV John Thornhill, professor da Universidade Queen Mary de Londres e do Barts NHS Health Trust.
A varíola do macaco começa normalmente com um quadro que pode ser confundido com o de outras doenças infecciosas – é o chamado pródromo. Os sintomas dessa fase mais descritos no estudo foram:
• Febre (62%)
• Inchaço de gânglios linfáticos, atrás da orelha, no pescoço ou na virilha (56%)
• Cansaço (41%)
• Dor muscular (31%)
• Dor de cabeça (27%)
Órgãos sanitários de diversos países também apontam dor nas costas e calafrios como características a serem notadas.
Esses sintomas costumam durar entre um e quatro dias e precedem as erupções de pele.
Também em linha com o que já havia sido observado anteriormente na Itália e na Espanha, os pesquisadores verificaram que em 29 de 32 pacientes que tiveram o líquido seminal analisado havia DNA do vírus monkeypox.
“Também encontramos o vírus da varíola do macaco em uma grande proporção das amostras de sêmen testadas de pessoas com varíola do macaco. No entanto, isso pode ser incidental, pois não sabemos se está presente em níveis altos o suficiente para facilitar a transmissão sexual. Mais trabalho é necessário para entender isso melhor”, esclarece Thornhill.
O especialista acrescenta que a varíola do macaco “não é uma infecção sexualmente transmissível no sentido tradicional” e que “pode ser adquirida por meio de qualquer contato físico próximo”.
“No entanto, nosso trabalho sugere que a maioria das transmissões até agora tem sido relacionada à atividade sexual – principalmente, mas não exclusivamente, entre homens que fazem sexo com homens. Esse estudo de pesquisa aumenta nossa compreensão sobre as formas de disseminação e os grupos em que o vírus está se espalhando, o que ajudará na identificação rápida de novos casos e nos permitirá oferecer estratégias de prevenção, como vacinas, aos indivíduos de maior risco.”
Na grande maioria dos casos, a varíola do macaco se resolve espontaneamente e sem sequelas. O isolamento dura entre 14 e 28 dias e só pode ser suspenso depois que todas as crostas das lesões cutâneas já caíram e uma leve camada de pele nasceu no local.
Entretanto, alguns pacientes podem apresentar complicações.
Segundo o estudo, em 13% do total de casos foi necessária a internação, na maioria das vezes para “controle da dor”, principalmente dor anorretal severa (21 pacientes).
Também houve hospitalizações por superinfecção de tecidos moles (18); faringite limitando a ingestão oral (5); lesões oculares (2); lesão renal aguda (2); miocardite (2); e fins de controle de infecção (13).
O antiviral tecovirimat, contra a varíola humana, está disponível em alguns países. Esse tratamento foi utilizado em 5% dos pacientes.
Não foram registradas mortes por varíola do macaco até o momento em países onde a doença não é endêmica.
Especialistas entendem que a idade média das pessoas que estão sendo infectadas – o vírus é mais letal em crianças – e a estrutura hospitalar de países europeus e da América do Norte (que concentram a maioria dos casos) contribuem para isso.
Os novos casos de varíola do macaco continuam em elevação no mundo. O CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos contabilizava nesta quinta-feira mais de 15,1 mil infectados em 65 países fora de áreas endêmicas.
Os cinco países com o maior número de casos são:
• Espanha: 3.125
• Estados Unidos: 2.322
• Reino Unido: 2.137
• Alemanha: 2.110
• França: 1.453
O Ministério da Saúde registrou nesta quinta-feira (21) 607 casos confirmados, em 14 unidades da federação, sendo que a maioria (438) se encontra no estados de São Paulo e Rio de Janeiro (86).
Com os dados atualizados, o Brasil se torna o sétimo país do mundo com o maior número de casos de monkeypox.
Saiba o que ainda intriga a ciência sobre a varíola do macaco
Desde o dia 6 de maio, o mundo tem lidado com um surto global de varíola do macaco, que começou na Europa e hoje já infectou pessoas em mais de 30 países.
Teoricamente, essa doença não deveria causar tanta preocupação nos pesquisadores, uma vez que ela é altamente conhecida. Surgiu nos macacos em 1958, e o primeiro caso em humanos foi em 1970. Além disso, a transmissão sempre foi considerada difícil pelos especialistas.
Mas o crescimento exponencial de infectados e o aparecimento em lugares teoricamente sem conexão mudou essa história, e alguns pontos intrigam a comunidade científica
Houve mutação genética?
A infecção pelo vírus da varíola do macaco pode ocorrer pelo contato com animais ou entre pessoas. Ela sempre esteve associada a viagens aos países africanos onde a doença é endêmica (acontece frequentemente). Além disso, nos surtos anteriores, as infecções se concentravam e rapidamente sumiam. Uma das hipóteses levantadas é que o vírus tenha sofrido mutações que facilitariam a transmissão entre humanos.
De acordo com os primeiros resultados de análise genômica, houve mais de 47 alterações no DNA do vírus, mas ainda não é possível afirmar que ele está mais patogênico ou mais transmissível. Não se sabe, por exemplo, há quanto tempo o vírus atual está circulando entre humanos
A varíola do macaco é transmitida por relação sexual?
Segundo as agências de saúde dos países que têm casos registrados, a maioria dos infectados são homens que fazem sexo com homens. Por isso, pesquisadores investigam se algo mudou na transmissão do vírus, que sempre foi por contato próximo, principalmente com a pele, ou com secreções, como saliva.
‘Não é possível saber se é uma doença transmitida por meio do sêmen, não há comprovação. O que aconteceu é que os primeiros casos na Europa foram registrados em homens que tinham como link epidemiológico o fato de serem homens que fazem sexo com homens. Mas isso não se deve ao fato de que o vírus está sendo transmitido sexualmente, igual ao HIV.
Provavelmente, eles tiveram pontos convergentes de exposição, por exemplo, um aplicativo de encontro. O vírus vai passando por meio dessas redes, ou festas, encontros em massa. O vírus conseguiu pegar uma cadeia de muita sorte e foi por essa rota de homens que fazem sexo com homens’, explicou Giliane Trindade, virologista da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais)
Os casos dos diversos países têm a mesma origem?
O fato de a doença ser detectada em pessoas sem conexão sugere que o vírus pode estar se espalhando silenciosamente. A epidemiologista do CDC (Centro para Prevenção e Controle de Doença) dos Estados Unidos Andrea McCollum considera o fato “profundamente preocupante”.
Essa resposta só será possível descobrir a partir das análises genômicas. ‘As análises até agora comprovam que os surtos nos diversos países partiram de uma única ‘reintrodução’ na espécie humana’, afirma Camila Malta, pesquisadora do Laboratório de Investigação Médica do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e do Instituto de Medicina Tropical
Pessoas que foram vacinadas contra a varíola estão imunes?
A varíola original foi erradicada no mundo em meados da década de 1970. A partir desse período os imunizantes contra a doença pararam de ser aplicados. No Brasil, a vacina foi dada até 1973.
Cientistas já sabem que o imunizante usado anteriormente tem uma eficácia de até 85%, mas não sabem se a imunidade não cai ao longo do tempo.
‘Agora que vamos começar a descobrir. Não tem como prever quando se faz uma vacina quanto tempo a imunidade vai durar. É um experimento de vida real em que se percebe no dia a dia que caiu a imunidade [vacinal] das pessoas quando acontece um surto’, explica a virologista Clarissa Damaso, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e membro do Comitê Assessor da OMS (Organização Mundial da Saúde) para Pesquisa com o Vírus da Varíola
Vai ser necessário vacinar toda a população?
Por ora, a OMS acredita que a vacinação pode ser localizada e indicada para pessoas próximas às infectadas, como está sendo feito no Reino Unido e nos Estados Unidos. Profissionais de saúde da linha de frente também podem ser beneficiados com o imunizante.
Existe uma vacina contra a varíola do macaco produzida pelo laboratório Bavarian Nordic, na Dinamarca. Além disso, a vacina usada anteriormente poderia ser empregada, mas precisaria passar por atualização. A questão é que não há produção em larga escala de nenhum imunizante.
A epidemiologista Andrea McCollum, do CDC, disse, em entrevista à revista Nature, acreditar que as terapias provavelmente não serão implantadas em grande escala para combater a varíola. Para conter a propagação do vírus, deve ser usado o método chamado vacinação em anel. Aplica-se o imunizante nos contatos próximos de pessoas que foram infectadas para cortar quaisquer rotas de transmissão. “Mesmo em áreas onde a varíola [do macaco] ocorre todos os dias, ainda é uma infecção relativamente rara”, afirmou a especialista
É possível a reinfecção da doença?
Por ser até então uma doença rara, ainda não é possível saber se há casos de reinfecção ou se as pessoas que já pegaram outros tipos de varíola estão imunes à doença.
‘Não se sabe se a doença pode ser pega mais de uma vez. O que se sabe é que a imunidade gerada pela doença ou pela vacinação é uma imunidade protetora e que dura um longo período de tempo. Até porque, se não fosse assim, a varíola não teria sido erradicada’, ressalta Giliane Trindade
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