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Um deles será destaque na reunião do Grupo de Saúde do G20, no Rio de Janeiro
O planeta está com febre, ela nos adoece e ameaça colocar a economia global na UTI. Dois novos estudos revelam o impacto das mudanças climáticas na saúde nos últimos 20 anos e projetam custos trilionários para as próximas décadas. O primeiro, que será destaque na reunião do Grupo de Saúde do G20, no Rio de Janeiro, estima que doenças associadas a desastres e aos extremos podem causar 14,5 milhões de mortes e levar a perdas econômicas de US$ 12,5 trilhões no PIB mundial por improdutividade e invalidez até 2050.
Já a revista Lancet, uma das mais conceituadas da medicina, traz um relatório sobre o panorama mundial de clima e saúde. E salienta que o Brasil foi um dos países mais afetados pela exposição ao calor, com perda significativa de horas de trabalho, especialmente no setor agrícola.
Quando a Terra está com febre causada pelo aquecimento global, o planeta sofre com inundações, secas, incêndios e ondas de calor. Já as pessoas se veem acometidas por doenças respiratórias, cardiovasculares, renais, mentais, infecciosas, além de malnutrição e risco aumentado de acidentes.
O ano de 2023 foi o mais quente da História, 1,48°C acima da média do período pré-industrial. Ainda abaixo do 1,5°C, colocado como parâmetro para tentar limitar o aquecimento, mas o suficiente para deflagrar uma espécie de pandemia climática.
— Na cúpula do G20 no Rio de Janeiro destacaremos a urgência de ações para preparar a saúde global para duas décadas de perturbações climáticas. Embora haja esperança de reduzir emissões, é necessário preparar o setor de saúde para a possibilidade de não conseguirmos limitar o aumento de temperatura a 1,5°C. A realidade aponta para um aquecimento entre 2,5°C e 2,7°C — salienta Oliver Eitelwein, sócio da Prática de Saúde e Ciências da Vida da Oliver Wyman, a consultoria americana que desenvolveu o estudo apresentado na reunião do G20.
No mundo, aponta a Lancet, 512 bilhões de horas de trabalho foram perdidas em 2023 devido ao calor, com impacto severo nas nações de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio, incluindo o Brasil. O cálculo considera a produtividade reduzida e os riscos à saúde, especialmente em países de IDH médio e baixo, onde a perda média foi de 221 e 291 horas por trabalhador em 2023, respectivamente.
Os trabalhos do G20 e da Lancet são complementares e traçam um cenário de um planeta adoecido pelas mudanças climáticas. Ambos os estudos enfatizam que os indicadores de doença, morte e perdas econômicas devem continuar a aumentar à medida que seguem a crescer as emissões de gases-estufa.
O estudo da Lancet detalha o impacto já ocorrido sobre a saúde em 2023 e será debatido na COP29, em novembro. O trabalho apresentado no G20 projeta cenários até 2050, caso não haja medidas de mitigação e redução de emissões.
— Ondas de calor prejudicam os mecanismos de resfriamento do corpo, resultando em sintomas desde desconforto até condições fatais, como insolação, com temperaturas corporais acima de 40°C. Profissionais de setores como agricultura e construção, expostos a altas temperaturas, são os mais afetados, sofrendo riscos maiores de doenças cardíacas e respiratórias, agravando condições como artrite e doenças autoimunes — ressalta Eitelwein.
No Brasil, segundo a Lancet, no período de 2014-2023, a exposição ao calor aumentou em 250% entre menores de 1 ano e 231% entre maiores de 65 anos. A comparação é em relação ao período de referência, de 1986 a 2005.
A Lancet mostra ainda que o Brasil está mais favorável do que nunca a doenças transmitidas por mosquitos, sobretudo a dengue. As condições de clima ideais para o Aedes aegypti, que já eram boas para o mosquito, tiveram aumento de 10,75%. O primo dele, Aedes albopictus, viu os dias bons para sua proliferação crescerem 46,3%.
Intitulado “Quantificando o Impacto da Mudança Climática na Saúde”, o estudo apresentado no Grupo de Trabalho de Saúde do G20 estima que doenças associadas a desastres e extremos climáticos devem provocar custo extra de US$ 1,1 bilhão para os sistemas de saúde globais.
O documento será discutido por autoridades de saúde dos países membros do G20, lideranças do Fórum Econômico Mundial e da Organização Mundial de Saúde (OMS). Foram analisados indicadores de inundações, secas, ondas de calor, tempestades tropicais, incêndios florestais e elevação do nível do mar. No evento, serão debatidas medidas de mitigação e parcerias público-privadas.
O estudo Lancet Countdown 2024 foi elaborado por uma equipe de 122 pesquisadores de 57 instituições acadêmicas e agências da ONU ao redor do mundo, coordenados pela University College London. Os cientistas enfatizam que ninguém está a salvo de ameaças sem precedentes à saúde e à sobrevivência decorrentes das mudanças climáticas.
— Nenhum indivíduo ou economia do planeta está imune às ameaças à saúde decorrentes das alterações climáticas. A cada ano temos recordes de ondas de calor, incêndios florestais devastadores e outros extremos. A expansão implacável dos combustíveis fósseis e as emissões recordes de gases-estufa ameaçam colocar um futuro saudável fora do alcance — declarou Marina Romanello, coordenadora do estudo.
Em 2023, qualquer pessoa foi exposta, em média, ao número sem precedentes de 50 dias ou mais de temperaturas perigosas para a saúde. A seca extrema atingiu 48% da área terrestre global. Seca implica em desnutrição e mais doenças infecciosas.
O remédio para tratar a febre do aquecimento global está na economia. “Apesar da ameaça, os recursos financeiros continuam a ser investidos exatamente nas coisas que prejudicam a nossa saúde. Reorientar os trilhões de dólares investidos na indústria de combustíveis fósseis proporcionaria a oportunidade de uma transição justa e equitativa para a energia limpa e a eficiência energética, e um futuro mais saudável, beneficiando também a economia global”, diz a Lancet.
Para Eitelwein, deveria ser prioridade tornar os sistemas de saúde locais resilientes ao clima e estimular a inovação em saúde e ciências da vida para tratar condições induzidas pelo clima. Ele também frisa a importância de alocar recursos governamentais e políticas para uma resposta global robusta.
A exposição crescente ao calor aumentou a mortalidade de pessoas acima de 65 anos globalmente. Em 2023 houve um aumento de 20% em relação a 2022. Porém, esse crescimento foi de 167% em relação à década de 1990. O esperado considerando apenas as mudanças demográficas seria de 65%.
Em todo o mundo, em 2023, as pessoas foram expostas, em média, a um máximo histórico de 1.512 horas de altas temperaturas. Isso implica em risco de estresse térmico e problemas de saúde, no mínimo, moderado na prática de exercícios leves ao ar livre, como caminhar ou andar de bicicleta.
Quem faz exercícios leves ao ar livre — para moderados ou intensos, o risco é exponencialmente maior — passa mais de 27,7% de tempo (ou 328 horas) exposto ao calor extremo em relação à média anual de 1990-1999.
A adequação climática para transmissão de dengue aumentou no Brasil, com um incremento de 46,3% para o Aedes albopictus e de 10,7% para o Aedes aegypti.
Secas e chuvas intensas têm prejudicado a agricultura, afetando a produção de alimentos. Em 2023, foi observado que 733 milhões de pessoas globalmente enfrentam insegurança alimentar.
A taxa de mortalidade prematura atribuível à poluição do ar (particulados PM2.5) derivada de combustíveis fósseis aumentou 8% no Brasil de 2005 a 2020. O maior crescimento de emissão de poluentes foi o setor de transporte.
O Brasil perdeu mais de 25 milhões de hectares de cobertura florestal entre 2016 e 2022, a segunda maior perda do mundo, atrás apenas da Rússia. No mundo, foram 186 milhões de hectares — ou 5% da cobertura de árvores (não se considerou outros tipos de formação vegetal). A destruição das florestas afeta diretamente o clima e a biodiversidade.
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