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O impacto das eleições na economia: uma perspectiva global e local
26 de julho, 2024Leonardo Fernandes, assessor de investimentos e líder comercial da Blue3 Investimentos
As eleições, sejam elas presidenciais, estaduais ou municipais, são eventos que transcendem a política, afetando a economia de um país. A recente desistência do presidente Joe Biden de concorrer à reeleição nos Estados Unidos é um exemplo claro de como um processo eleitoral pode gerar incertezas e volatilidade nos mercados financeiros globais. Paralelamente, no Brasil, as eleições municipais que ocorrerão em outubro também irão impactar a economia nacional. Podemos explorar como essas dinâmicas se manifestam e quais são os possíveis efeitos para a economia.
A desistência de Joe Biden surpreendeu muitos eleitores americanos, a mudança de liderança pode acarretar novas políticas econômicas e comerciais e, consequentemente, as abordagens podem variar drasticamente, influenciando desde tarifas de importação e exportação até regulamentações financeiras. Esta incerteza do período eleitoral gera volatilidade nos mercados, para países como o Brasil, esta volatilidade pode ser ainda mais acentuada, afetando o câmbio e a atratividade dos investimentos estrangeiros.
No contexto brasileiro, as eleições municipais que aconteceram em outubro representam um cenário igualmente relevante. As eleições locais influenciam diretamente a administração dos municípios, onde muitas vezes ocorrem decisões cruciais para a infraestrutura, segurança e educação. Mudanças na liderança local podem significar novas políticas de investimento, alterando o cenário econômico regional.
Uma das maneiras mais diretas pelas quais o processo eleitoral interfere na economia é através do câmbio. No Brasil, o dólar é um indicador-chave da saúde econômica. Durante períodos eleitorais, especialmente em cenários de incerteza, o valor do dólar tende a oscilar. A percepção de risco político pode levar a uma fuga de capitais, onde investidores internacionais preferem retirar seus recursos de mercados mais arriscados, buscando segurança em ativos considerados mais estáveis, como o dólar. Isso aumenta a demanda pela moeda americana, elevando seu valor frente ao real.
Consequentemente, a valorização do dólar encarece as importações, pressionando a inflação interna. Produtos que dependem de insumos importados ou que são cotados em dólar, como combustíveis, acabam tendo seus preços elevados. Por outro lado, uma moeda nacional desvalorizada pode tornar as exportações brasileiras mais competitivas. No entanto, o efeito positivo nas exportações nem sempre compensa os impactos negativos da inflação e do aumento dos custos de importação.
Como assessor de investimentos, é essencial monitorar esses eventos de perto e ajustar as estratégias conforme necessário. Em tempos de incerteza eleitoral, a diversificação do portfólio torna-se crucial. Investimentos em ativos de menor risco, como títulos públicos, ou em moedas fortes, como o dólar, podem oferecer uma proteção contra a volatilidade. Dessa forma, tanto em uma perspectiva global quanto local, as eleições possuem um poder significativo de moldar o ambiente econômico.