
Flamengo x Pyramids: retrospecto, arbitragem e mais informações sobre o confronto
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Das listras ao contraste, o que as cores contam sobre as camisas dos finalistas da Libertadores
Da moda praia no século XIX ao Juventus de Turim, conheça como times se tornaram e encarnaram o espírito alvinegro. Exceto pelo fato de ser mineiro, o professor Thiago Monteiro é um botafoguense de manual. Fanático e supersticioso, ele foi pai em 2019, e desde então tem como missão de vida fazer com que João, hoje com cinco anos, siga a paixão pelo preto e branco. Mas que fique claro: o alvinegro do Rio de Janeiro.
Da moda praia no século XIX ao Juventus de Turim, conheça como times se tornaram e encarnaram o espírito alvinegro
Exceto pelo fato de ser mineiro, o professor Thiago Monteiro é um botafoguense de manual. Fanático e supersticioso, ele foi pai em 2019, e desde então tem como missão de vida fazer com que João, hoje com cinco anos, siga a paixão pelo preto e branco. Mas que fique claro: o alvinegro do Rio de Janeiro.
– Hoje é fácil, mas há pouco tempo não era. Quando ele tinha dois anos e começou a falar mais, entender um tiquinho mais do mundo, o Botafogo estava na Série B. O Galo vivia um ano incrível (venceu o Brasileiro e a Copa do Brasil) e, morando em BH, eu ficava desesperado. Comecei a mentir pra ele. Via aquele tanto de gente com camisa do Atlético e falava que era Botafogo. Passava gol deles na TV e eu comemorava com ele gritando: “fogo!”. A camisa parecida ajudava – relembra Thiago, sem acreditar que três anos depois, justo quando João já é capaz de perceber as enganações do pai, os dois clubes alvinegros dividem protagonismo na final da Libertadores, amanhã, em Buenos Aires.
Tão impressionante quanto o salto de qualidade do Botafogo nesses três anos é, em meio a uma paleta de cores de 47 clubes que participaram da competição, o fato da decisão ser formada justamente por dois times de uniformes muito parecidos. Listras verticais, preto, branco, preto, branco. A coincidência de cores e estilo, porém, não se repete em relação às origens e significados que o alvinegro tem para cada finalista. É como se Galo e Botafogo fossem gêmeos, daqueles bem parecidos, mas nascidos de pais diferentes. E para entender melhor essa história, é preciso voltar à época em que o cinema e a fotografia, por exemplo, eram vistos em preto e branco.
Na história da moda, a listra surge no mar. Primeiro, nas vestimentas de marinheiros, e especificamente no Rio de Janeiro, transferida para os trajes de banho quando o banho de mar nas praias da cidade começa a se popularizar. De uma sociedade que só aceitava o branco nas vestimentas, as listras em cores frias, como o azul, surgem para evitar a transparência com a roupa molhada. Mais tarde, saem da areia para influenciar a moda esportiva em um dos esportes mais populares da época: o remo.
Numa pesquisa do historiador Victor Melo, da UFRJ, a análise dos aspectos infográficos dos uniformes de remo dos clubes de regatas do Rio no início do século mostra domínio do estilo listrado. O que vai impactar diretamente nos clubes de futebol que se popularizariam alguns anos mais tarde. A designer e pesquisadora Eliane Corrêa da Rocha, em sua tese “O aspecto social da iconografia do futebol e estudo de caso das agremiações desportivas cariocas”, diz que é essa influência que faz com que listras sejam mais comuns nas camisas e bandeiras dos times cariocas que no resto do país. Sejam verticais como nas camisas de Botafogo e Fluminense, horizontais no Flamengo ou única e diagonal como a do Vasco, as listras estão presente no uniforme dos quatro grandes do Rio. Só o São Paulo tem listras no outro lado da ponte aérea.
Mas Minas não tem mar, o que deixa ainda mais misteriosa a razão pela qual o Atlético-MG escolheu como uniforme o listrado. Não há uma explicação conhecida sobre o porquê do estilo. Especificamente sobre as cores, há quem diga que o preto e o branco eram os tecidos mais baratos – e de fato, no Rio e em Minas, o material esportivo do início do século era importado da Inglaterra, e muitas vezes clubes e agremiações decidiam suas cores de acordo com a disponibilidade e preço, nem sempre variado.
No Botafogo, o preto e branco foram escolhidos por serem as cores do Ideal, antigo clube no Brasil de um vice-presidente que morara em outros tempos na Itália, onde era torcedor da Juventus, de Turim, que também é um alvinegro listrado. O clube virou alvinegro graçae a uma inspiração da inspiração. Que o Botafogo foi pioneiro na escolha do claro e escuro, é verdade, mas também é fato que muitas agremiações fundadas no fim do século XIX e início do XX escolhiam as duas cores contrastantes.
Segundo Eliane, em sua tese, isso pode ser atribuído à mentalidade higienista da época, ainda mais se associada à prática esportiva. O escuro como a austeridade necessária para esconder o corpo, o branco como a pureza e a limpeza necessárias para tocar o corpo. Não é irreal supor que as crenças e padrões daqueles tempos tenham influenciado na escolha tanto para o time carioca, quanto para o mineiro, posteriormente.
Curiosamente, o preto e o branco de Atlético e Botafogo ganharam significado próprio na identidade de cada clube com o passar dos anos. Nos casos dos mineiros, quase uma antítese ao pensamento elitista: não é raro que as cores do Galo estejam associadas à inclusão. No imaginário do torcedor, o preto e branco hoje representam o time de todos, o clube que é capaz de juntar ricos e pobres, brancos e pretos, diferentes camadas da sociedade numa mesma “massa”, vestindo as mesmas cores.
Já no Botafogo, o simbolismo foi por outro caminho, utilizando o dualismo que o preto e branco oferece: o dia e a noite, a luz e a treva, a alegria e o luto. Não é preciso explicar para nenhum botafoguense o porquê de tais contrastes combinarem com a história do clube, com suas vitórias e derrotas, títulos e jejuns, além da esperança e medo típica do estereótipo do torcedor alvinegro, que como ressalta o escritor Sérgio Augusto, tem como símbolo máximo uma estrela alvinegra que, ao mesmo tempo, é brilhante e solitária.
“Guiados por uma estrela e pelo fogo que Prometeu roubou do céu e Lúcifer levou para o inferno, nós, botafoguenses, somos bons e maus, cerebrais e supersticiosos, racionais e passionais, eufóricos e deprimidos, fanáticos e ‘blasés’, apolíneos e dionisíacos. O Botafogo não é preto nem branco: é preto e branco, e branco e preto”, escreve Augusto em seu livro dedicado ao clube que, não por acaso, se chama “Botafogo: entre o céu e o inferno”.
Tanta história em branco e preto não cabe no mesmo campo, para não confundir ninguém. Nos 101 anos do confronto, os duelos são sempre com um dos times utilizando o uniforme reserva. Amanhã, no Monumental, no maior jogo entre alvinegros que o futebol brasileiro já viu, será do Atlético-MG, mandante pela melhor campanha, a chance de ser campeão com seu uniforme tradicional.
O Botafogo vai a campo todo de branco, e se há a superstição de que nunca um time venceu uma final única de Libertadores com o uniforme reserva, também há uma boa história sobre a camisa que vestirá a equipe em Buenos Aires. A coleção lançada este ano pelo clube tem um conceito que engloba os três uniformes: o titular, alvinegro e listrado, representa o passado glorioso e tem design inspirado nas roupas da década de 60. O todo preto, com labaredas de fogo, faz alusão ao presente momento, de ressurgimento das cinzas do Botafogo. Já o todo branco, a camisa que, por acaso, será a da final, com desenho moderno, é sobre o futuro promissor que o clube almeja. Não haverá cenário melhor para eternizá-la.

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