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SAÚDE

OMS alerta para escassez mundial de antídoto contra picadas de cobra por causa das mudanças climáticas

18 de setembro, 2024 / Por: Agência O Globo

A cada ano, cerca de 2,7 milhões de pessoas são picadas por cobras venenosas

OMS alerta para escassez mundial de antídoto contra picadas de cobra por causa das mudanças climáticas
Cobras venenosas oferecem um risco à saúde humana. Foto: Freepik

O problema das picadas de cobra, que matam dezenas de milhares de pessoas a cada ano, está sendo agravado por inundações causadas pelas mudanças climáticas em vários países com pouco acesso a antídotos, alertou a Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta terça-feira (17).

A cada ano, cerca de 2,7 milhões de pessoas são picadas por cobras venenosas, com cerca de 138.000 mortes.

— Uma pessoa morre por picada de cobra a cada quatro a seis minutos — afirma David Williams, especialista em picadas de cobra da OMS, a repórteres em Genebra, na Suíça.

Muito mais pessoas — cerca de 240.000 a cada ano — ficam com deficiências permanentes, de acordo com ele. O veneno de cobra pode causar paralisia que impede a respiração, distúrbios hemorrágicos que podem levar à hemorragia fatal, insuficiência renal irreversível e danos aos tecidos que podem causar incapacidade permanente e perda de membros.

A maioria das vítimas de picadas de cobra vive nas regiões tropicais e mais pobres do mundo, e as crianças são mais afetadas devido ao seu tamanho corporal menor.

Williams enfatizou que as deficiências causadas por picadas de cobra podem levar não apenas as vítimas, mas toda a família à pobreza, devido em parte ao alto custo do tratamento, mas também à perda de renda quando o ganha-pão da família é a vítima.

Países não tem estrutura para enfrentar as picadas

Um grande problema, segundo Williams, era que algumas regiões do mundo não tinham tratamentos seguros e eficazes disponíveis. A África Subsaariana, por exemplo, tem acesso a apenas 2,5% dos tratamentos que estima necessitar.

A agência de saúde da ONU explicou em 2019 que a produção de antídotos que salvam vidas foi abandonada por várias empresas desde a década de 1980, provocando uma grave escassez na África e em alguns países asiáticos.

A Índia é o país mais afetado do mundo, com cerca de 58.000 pessoas morrendo devido a picadas de cobra todos os anos, enquanto seus vizinhos Bangladesh e Paquistão também são duramente atingidos, disse Williams.

Enquanto isso, os impactos das mudanças climáticas estão piorando a situação em alguns lugares, disse ele, destacando em particular como as inundações podem frequentemente aumentar o número de picadas de cobra.

Ele destacou a Nigéria, que atualmente está passando por uma escassez crítica de antídoto contra cobras devido ao aumento de casos adicionais de picadas de cobra causados ​​pelas enchentes.

— E esse é um problema que ocorre em muitas áreas do mundo onde esse tipo de desastre acontece regularmente — ressalta.

Grandes inundações no Paquistão, Mianmar, Bangladesh, Sudão do Sul e outros países também foram seguidas por um aumento nos casos de picadas de cobra. A OMS também alertou que as mudanças climáticas correm o risco de alterar a distribuição e a abundância de cobras venenosas, possivelmente expondo países anteriormente não afetados aos perigos.


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