Padilha na Saúde: ministro vai tentar transformar programa em marca do terceiro mandato de Lula
10 de março, 2025
| Por: Agência O Globo
Novo ministro da pasta toma posse nesta segunda-feira
Alexandre Padilha — Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Alexandre Padilha assume pela segunda vez o comando do Ministério da Saúde, em posse marcada para esta segunda-feira, com a missão de suprir uma das principais carências deste terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: a falta de uma marca para o governo. À frente da pasta, Padilha terá que dar visibilidade ao Programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE), o que sua antecessora, Nísia Trindade, não conseguiu fazer.
Lula quer, e chegou a pedir diversas vezes a Nísia, que o ministério consiga reduzir o tempo de espera por consultas com especialistas e exames no Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente nas áreas de oncologia, cardiologia, oftalmologia, otorrinolaringologia e ortopedia.
O programa foi lançado em abril de 2014, mas, na visão do Planalto, não conseguiu até agora atingir o patamar desejado de atendimento. O próprio nome é considerado um problema. Auxiliares tentam rebatizar o PMAE com um nome mais popular.
Na visão de Lula, Padilha pode se valer da experiência da implantação do Mais Médicos em sua primeira passagem pelo Ministério da Saúde no governo Dilma Rousseff. O programa tinha o objetivo de suprir a carência de médicos nas cidades do interior e nas periferias das grandes cidades.
O Mais Médicos enfrentou críticas, principalmente por causa da contratação de profissionais cubanos. Médicos brasileiros e entidades representativas da classe consideraram a iniciativa uma ameaça à qualidade da medicina no país. O governo, por outro lado, argumentava que os estrangeiros passavam por treinamentos específicos e eram qualificados.
O programa se tornou uma vitrine do PT e foi reembalado pela atual gestão de Lula, em um novo formato, desta vez sem estrangeiros. O entendimento no governo hoje é que o Mais Médicos virou um caso de sucesso e hoje tem a sua marca consolidada.
Na conversa em que demitiu Nísia, Lula apontou, entre outras justificativas, a necessidade de melhorar a comunicação do governo. Por isso, a expectativa é que Padilha tente dar mais destaque para as iniciativas da pasta, tanto em entrevistas como nas redes sociais. Há um entendimento de que a ex-ministra se comunicou mal durante a epidemia de dengue do ano passado.
Em uma entrevista dias depois de anunciar a troca na Saúde, Lula afirmou:
— A Nísia era uma companheira da mais alta qualidade, minha amiga pessoal, mas eu estou precisando de um pouco mais de agressividade na política que o governo tem que aplicar, mais agilidade, mais rapidez, e por isso estou fazendo algumas trocas.
Padilha terá ainda o desafio de estabelecer uma relação melhor com o Congresso do que a antecessora. Os problemas com os parlamentares também foram apontados por Lula na conversa em que definiu a troca na pasta. Nísia enfrentava críticas por causa da liberação de emendas. A ex-ministra foi pressionada em diferentes momentos pelo Centrão para liberação de verbas. Congressistas relatavam dificuldades para conseguir recursos para as bases. O tema também deverá ser espinhoso para Padilha, tendo em vista que o ministro das Relações Institucionais não tem uma boa relação com integrantes do Centrão, como o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) que o considera um “desafeto”.