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PL de Bolsonaro e PT de Lula garantiram principais espaços, mas União Brasil, PP e MDB ainda não se resolveram sobre outros postos
Enquanto os acordos para os cargos na Mesa Diretora e nas comissões estão adiantados no Senado, na Câmara ainda há discordância envolvendo os partidos que apoiam o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) como presidente da Casa. A entrada atrasada do União Brasil no arco de alianças do candidato é o principal empecilho para a finalização da montagem dos espaços.
Os principais cargos da Mesa Diretora da Câmara estão definidos desde o momento em que os partidos começaram a definir o apoio a Motta, em setembro. O PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, maior partido da Casa, irá indicar Altineu Cortes (RJ) para ser o primeiro vice-presidente. Por sua vez, o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fechou acordo para ter Carlos Veras (PE) na primeira-secretaria, responsável por cuidar dos assuntos administrativos da Câmara.
Já nos cargos imediatamente inferiores ainda há disputa. O União, que é o terceiro maior partido da Câmara, mas foi um dos últimos a apoiar Motta, quer que Elmar Nascimento (BA) seja indicado para a segunda vice-presidência da Casa e que o partido fique também com a relatoria do orçamento.
Elmar tentou ser candidato à presidência da Câmara, mas foi convencido pelo seu partido a desistir para compor com Motta. O processo até a desistência, no entanto, foi demorado e no decorrer desse tempo outros partidos se adiantaram ao pedir espaços na futura gestão da Casa.
O deputado, que é líder do União Brasil, está de saída do cargo e deverá ser substituído pelo deputado Pedro Lucas Fernandes (MA). A cúpula do União tenta dar um cargo para Elmar como forma de compensação, e a ideia é que ele seja o segundo vice-presidente.
Apesar disso, PP e MDB, que foram os primeiros a apoiar Motta, dizem ter acordo para indicar Lula da Fonte da (PP-PE) para a segunda vice e para ter um emedebista para relatar o orçamento.
Para desistirem dos pedidos, a segunda-secretaria da Mesa, que representa a Casa na relação com as embaixadas, e a Comissão de Constituição e Justiça foram oferecidos ao União, mas o partido resiste.
O líder do MDB, deputado Isnaldo Bulhões (AL), declarou que não existe acordo para ter União Brasil na relatoria do orçamento.
— Nunca teve essa disputa. O acordo sempre foi muito claro: o MDB indicará o relator do orçamento. Nunca esteve na mesa a discussão de outra ideia. Não disputei nada com o União Brasil e nem eles comigo. Eles vieram para uma composição comigo, eu já estava aqui.
Por sua vez, Elmar disse que a CCJ será do MDB e que o seu partido faz questão de relatar o orçamento.
O imbróglio do orçamento só deve ser resolvido a partir de março, pois o Congresso ainda precisa votar o orçamento do ano passado. As disputas pelos cargos na Mesa, no entanto, precisam ter um desfecho nos próximos dias.
O líder do PP na Câmara, doutor Luizinho (RJ), minimizou as discordâncias.
— Vamos nos entender.
Em outra frente, o União se encaminha para eleger Pedro Lucas Fernandes como líder da bancada. A expectativa é que a escolha dele seja formalizada nesta sexta-feira, quando o partido também vai discutir os espaços que reivindica na Câmara.
Uma ala do União, que é crítica do presidente do partido, Antonio Rueda, reclama que ele quer interferir na bancada e dizem que Pedro Lucas não é conhecido da maior parte da legenda. Seria, portanto, como se o próprio Rueda fosse o líder do partido na Casa.
Apesar disso, mesmo os críticos dizem que o presidente da sigla tem maioria na bancada para eleger seu candidato.
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