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Desde não sei nem desde quando, lembro de meu pai deitado na rede com lápis, borracha e caderninho de sudoku na mão. Por vezes um sudoku, por vezes uma palavra cruzada. Disciplinado que só ele, penso que não passou um dia sequer sem fazer esse exercício mental, somado ao balancinho de ser estar assim, tão …
Desde não sei nem desde quando, lembro de meu pai deitado na rede com lápis, borracha e caderninho de sudoku na mão. Por vezes um sudoku, por vezes uma palavra cruzada. Disciplinado que só ele, penso que não passou um dia sequer sem fazer esse exercício mental, somado ao balancinho de ser estar assim, tão nordestinamente, pendurado.
Bem, já não moro com meu pai a mais de vinte anos, e pensando agora em Joquinha, meu irmão de cinco, cheio de energia e sabido até, deve ter precisado abrir mão de seus hábitos aqui e alí. Embora sempre que o visito, ou que ele me visita, dou conta dos caderninhos.
Na minha cabeça, fazer sudoku era uma estratégia dele para manter a rapidez de raciocínio que lhe é tão característica. O danado lê um monte, corre todo dia, come super bem. Um homem que soube, deliberadamente, se manter forte, interessante e saudável.
Corta pra mim, corta pra 2020. Nunca vivi um período de tanta incerteza quanto este. E sei que não estou sozinha na sensação. Foi praticamente impossível manter hábitos esse ano. Dos mais prazerosos, como a leitura, aos mais básicos, como o cuidado com a pele, tudo caiu por terra. Em janeiro, instalei um aplicativo para gerenciar, resenhar e registrar o que seria lido durante o ano. Já pensou? Tá lá, paradíssimo. Faltou concentração para a ficção, faltou de um tudo.
Agora, adivinha: me agarrei com uma força no sudoku, mas uma força que nem sei. Nunca tinha me ocorrido. Havia uma série de caderninhos em casa, todos da Sofi, indicação do professor de matemática. Um dia, assim no desespero do ‘que eu faço agora?’, levei um pro quarto e foi caminho sem volta.
Ontem, enquanto pensava no tema que traria para este texto, deitada na rede recém instalada, com lápis, borracha e sudoku no colo, vi, em mim, meu pai. Não aquele lá de verdade, mas o pai interno. Mais do que o que nos apresenta as regras do mundo, aquele que sabe resolver. Resolver a vida. Isso se faz assim, aquilo se faz assado.
Esse que não existe, já que resolver a vida é ficção, mas que precisa morar em algum lugar nosso. No mesmo lugar em quem moram os textos que nos movem, no mesmo lugar em que mora o cuidado com a própria pele. Pensei que é essa a função do sudoku, pelo menos foi para mim durante esse período. Uma lembrança de que por mais difíceis que sejam as questões, por mais que haja faltas – quadradinhos em branco – há também saídas. Há respostas, a vida teima em encaixar.
Boa semana, queridos.
Roberta D’Albuquerque é psicanalista, autora de Quemmandaaquisoueu – Verdadesinconfessàveissobre a maternidade e criadora do portal A Verdade é Que…
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