
A revolução do ERP como prática sustentávei nos negócios
Roberto Abreu, diretor da empresa Blend IT
Samuel Hanan, engenheiro com especialização nas áreas de macroeconomia
Existe uma série de motivos apontados reiteradamente quando se buscam as razões de o povo brasileiro viver mergulhado em uma vida de necessidades. Valor baixo do salário mínimo, corrupção, educação de má qualidade, sistema de saúde precário e pequena cobertura de saneamento básico (água e esgoto) são, em geral, os mais lembrados.
Todos verdadeiros. Há, todavia, algumas outras questões que precisam ser analisadas com maior profundidade. Escapam do conhecimento do público leigo e nem sempre são abordadas pela grande mídia, apesar da enorme contribuição que esses aspectos têm na construção da triste realidade nacional. A começar pela rede de privilégios, antiga, perpetuada, e ainda crescente.
O Brasil é um gigante que se acostumou a dormir no berço esplêndido dos privilégios. Eles estão por toda parte: no foro privilegiado que beneficia cerca de 56.000 ocupantes de cargos públicos, na possibilidade de reeleição para cargos executivos, na flexibilização da Lei da Ficha Limpa, na concessão de aposentadorias precoces e de altíssimo valor, em penduricalhos de salários no serviço público (nos três poderes) que burlam o teto constitucional, entre muitos outros.
Quase não se fala dos gastos com funcionalismo público, que consomem de 12,8% a 13,0% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. É muito mais do que a média (9,8%) dos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). São gastos excessivos, que somam mais de R$ 300 bilhões por ano e colocam o Brasil como o sétimo país do mundo que mais gasta com funcionalismo em termos de percentual do PIB.
Mais grave é que se gasta muito, sem que esse dinheiro seja destinado à remuneração adequada de profissionais da educação, da saúde, da segurança pública, de infraestrutura, e tampouco para a melhoria da qualidade dos serviços públicos oferecidos à população. Nesse quesito, o Brasil está estagnado na 30ª posição entre outras economias mais desenvolvidas do mundo.
Soma-se a isso o extraordinário déficit previdenciário no regime geral (2,97% do PIB) e no regime dos servidores públicos federais, ativos e inativos (0,93% do PIB), totalizando anualmente cerca de R$ 417 bilhões, o correspondente a 3,90% do PIB.
Outra questão grave é o volume dos gastos tributários da União, renúncias fiscais concedidas a bel-prazer pelos governantes da ocasião. São cada vez maiores: correspondiam a 2,01% do PIB em 2003; saltaram para 3,48% em 2009 e, em 2022 somaram 4,65% do PIB. Isto é, cresceram nada menos que 131% em 19 anos. Ainda mais grave é que esses gastos tributários privilegiam com 65% do volume total as regiões sul e sudeste, justamente as mais desenvolvidas, contrariando os artigos 43, 151, 155 e 165 da Constituição Federal, segundo os quais as renúncias fiscais devem ter como objetivo a redução das desigualdades regionais e sociais. A Carta Maior é solenemente ignorada e o abismo se acentua a cada ano.
Iniciativas parlamentares também contribuem para sangrar os cofres do país. Um exemplo é a Proposta de Emenda Constitucional (PEC), em tramitação no Congresso Nacional, obrigando a União a absorver cerca de 50 mil servidores públicos de três extintos territórios federais – Roraima, Rondônia e Amapá – depois de União ter bancado todos os gastos com esse funcionalismo por mais de 15 anos. A proposta, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Amapá), com o apoio de outro senador daquele estado, Davi Alcolumbre, ex-presidente do Senado e da Comissão de Constituição e Justiça, se aprovada representará para a União uma despesa estimada em R$ 6,5 bilhões por ano.
Parece não haver limites. Outra PEC confere anistia a políticos e partidos que cometeram irregularidades na prestação de contas dos fundos partidário e eleitoral. E de forma retroativa, ao custo estimado de R$ 23 bilhões.
Roberto Abreu, diretor da empresa Blend IT
Jornalista, docente, editora-chefe deste veículo de comunicação
Janine Brito, presidente do Lide Mulher Brasília e CEO da Pinheiro Ferragens
Júlio César Cardoso, Servidor federal aposentado. Balneário Camboriú-SC