BRASÍLIA

Pesquisa do DF usa látex e luz de LED em tratamento de doenças vasculares

24 de janeiro, 2025 | Por: Agência Brasília

A inovação pode aumentar a segurança no desenvolvimento de novos medicamentos, contribuir para a prevenção de doenças e reduzir a necessidade de testes em animais

A tecnologia permite a observação de quantidades minúsculas de líquido circulando por canais extremamente finos, mais estreitos que um fio de cabelo, com o fluxo controlado por válvulas – Foto: Divulgação/FAPDF

Uma pesquisa do Distrito Federal as propriedades naturais de regenerar tecidos da seringueira e a luz de LED em ambientes controlados foram combinados. O resultado é um ganho inovador para a ciência aplicada à saúde.

O estudo une engenharias e biologia e é liderado pela professora-doutora Suélia Rosa, da Universidade de Brasília (UnB) com fomento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF). A pesquisa intitulada Organ-on-a-Chip, em tradução livre Órgão em Chip, é utilizada no aperfeiçoamento de medicamentos contra doenças vasculares.

O aparelho batizado de Chip-ENY é o protagonista dessa descoberta. Ele foi desenvolvido para simular o comportamento celular e as respostas aos estímulos, permitindo o estudo detalhado de processos biológicos, como a angiogênese e a regeneração tecidual.

Em contato com o látex e a luz de LED, a tecnologia permite a observação de quantidades minúsculas de líquido circulando por canais extremamente finos, mais estreitos que um fio de cabelo, com o fluxo controlado por válvulas. Com essa ferramenta, os pesquisadores podem avaliar como as proteínas do látex estimulam a formação de novos vasos sanguíneos, abrindo caminho para avanços no tratamento de feridas crônicas e regeneração de tecidos.

A longo prazo, essa inovação pode aumentar a segurança no desenvolvimento de novos medicamentos, contribuir para a prevenção de doenças e reduzir a necessidade de testes em animais.

Suélia explica que outro equipamento desenvolvido anteriormente pelo núcleo de pesquisas que coordena na UnB é o Rapha,que está em fase de registro na Anvisa, para que possa ser usado no sistema de saúde. “O equipamento combina curativos de látex e emissão de luz LED para acelerar a cicatrização de feridas em pacientes com diabetes, um problema grave que afeta muitas pessoas”, afirma.

“Os próximos passos envolvem a análise dos resultados e a possibilidade de transferência tecnológica, abrindo caminho para uma produção em escala. O que me inspira nessa trajetória é ver que a pesquisa translacional pode, de fato, sair dos laboratórios e se transformar em soluções concretas para a saúde pública. Espero que essa jornada possa incentivar outros cientistas a acreditarem no impacto que a ciência pode ter na vida das pessoas”, destacou a coordenadora da pesquisa.

Destaque científico

Em 2024, a pesquisa recebeu moção de louvor pela Câmara Legislativa do Distrito Federal e conquistou o primeiro lugar no IX Congresso Brasileiro de Prevenção e Tratamento de Feridas, na modalidade apresentação oral e categoria Pós-Graduação. Antes, em 2022, ganhou menção honrosa do Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia.

Além de ganhar destaque no Prêmio Confap (Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa) com o segundo lugar de pesquisador inovador em 2022 na categoria Inovação para o Setor Empresarial. No prêmio FAPDF de Ciência, Tecnologia e Inovação conquistou em dois anos consecutivos, 2022 e 2023, o primeiro lugar nas categorias Pesquisador Inovador no Setor Produtivo.

A pesquisa recebeu moção de louvor pela CLDF e conquistou o primeiro lugar no IX Congresso Brasileiro de Prevenção e Tratamento de Feridas, entre outros prêmios

Para o Presidente da FAPDF, Marco Antônio Costa Júnior, o desempenho ilustra a posição de protagonismo do Distrito Federal nas ciências voltadas para a saúde. “A tecnologia é reconhecida por sua alta performance, reconhecida pelos especialistas em escala nacional e também fora do país, já que é uma pesquisa que interage com outros Centros de Pesquisa ao redor do mundo. É nessa direção que enxergamos a potência desse estudo e acreditamos que ele pode cada vez mais impactar a inovação na saúde”, destacou o presidente da Fundação.

Referência feminina

A professora Suélia Rosa, que está à frente do núcleo de pesquisas que conduz o estudo, acredita que ser uma pesquisadora na engenharia biomédica vai muito além de desenvolver tecnologias e levar soluções disruptivas e inovadoras para a saúde, é também sobre abrir caminhos, inspirar e mostrar que é possível transformar ideias em soluções reais, impactando vidas e incentivando outras mulheres a fazerem o mesmo.

A trajetória dela passa por gigantes da tecnologia como a Siemens e também pela rede Sarah de unidades hospitalares especializada no atendimento de vítimas de politraumatismos e problemas locomotores.

“Sei que a ciência e a tecnologia podem parecer, às vezes, distantes e até intimidadoras. O que mais me motiva é ver estudantes descobrindo seu potencial, se apaixonando pela engenharia biomédica e percebendo que cada circuito, cada protótipo e cada experimento tem um impacto muito maior do que imaginamos”, reforça a professora.

“Se meu trabalho puder inspirar uma nova geração de pesquisadores no DF e no Brasil a acreditarem no seu talento, ocuparem esses espaços e a construírem um futuro mais inovador e inclusivo na ciência e na saúde, então sentirei que minha missão está sendo cumprida. A tecnologia sozinha não muda o mundo – são as pessoas, com sua paixão e dedicação, que fazem isso acontecer”, finaliza.

*Com informações da FAPDF

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