POLÍTICA

Pesquisa constata que segurança pública é a área mais controversa para o PT

25 de julho, 2024 | Por: Agência O Globo

Levantamento é usado para orientar os candidatos que vão disputar a eleição de outubro

Uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo, braço teórico do PT, mostrou que a segurança pública é a área mais controversa para os eleitores simpatizantes do partido nos municípios. O material preparado a partir do levantamento visa a orientar os candidatos petistas que vão disputar a eleição de outubro.

Também foram constatadas percepção sobre saúde; infraestrutura e mobilidade; geração de emprego e educação; e mudança climática e saneamento. O partido aferiu ainda a influência e a força de Lula nas disputas pelas prefeituras. A pesquisa seguiu o método qualitativo. Portanto, não foram contabilizados os percentuais das opiniões emitidas.

A direção do PT pretendia apresentar o material aos candidatos do partido de todo o país em uma reunião virtual na quarta-feira, mas, por causa do período de convenções e da dedicação dos postulantes à preparação de documentos para fazer o registro das chapas, o encontro acabou adiado.

No material de apresentação da pesquisa, o partido pede cautela aos candidatos para tratar de segurança pública nas disputas. “É preciso ter muito cuidado para levar o debate de segurança pública para a sua cidade. A pesquisa mostra que, mesmo simpatizantes do PT, consideram que o partido não tem muitas propostas nessa área”, afirma o material.

O relatório da pesquisa aprofunda a percepção ao frisar que a “maioria acredita que o PT não tem políticas na área para apresentar — com exceção de políticas contra a pobreza (indiretas).” O texto ainda ressalta que “permeia na amostra críticas em direção ao partido com relação à dificuldade de enfrentar a criminalidade.”

De acordo com a pesquisa, “a falta de segurança é comentada como algo caro aos participantes, até mesmo em cidades de pequeno porte – relatam recorrência de assaltos e casos de criminalidade”. A Fundação Perseu Abramo (FPA) sugere que os candidatos do PT consultem uma cartilha sobre segurança pública elaborada pela entidade. Entre as propostas, a FPA afirma que deve caber ao prefeito de cada cidade decidir se a guarda civil deve ou não portar armas.

No governo, a grande aposta para área de segurança é uma proposta de Emenda à Constituição (PEC) que foi elaborada pelo Ministério da Justiça. O texto, que foi enviado à Casa Civil e aguarda o aval de Lula, amplia a atuação da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal no combate ao crime organizado. A PEC é vista com bons olhos no Senado, mas enfrenta resistências na Câmara.

A pesquisa elaborada pela Fundação Perseu Abramo diz que a avaliação dos eleitores simpatizantes do PT nas áreas da saúde, saúde e educação é majoritariamente positiva. Porém, em relação à saúde, é feita uma ressalva:

“Ainda que haja percepção de melhorias no atual governo, a avaliação da saúde ainda é passível de muitas críticas. Essa área é vista como um problema crônico no país, sobretudo pela demora em consultas e exames e no atendimento de emergência nas UPAs e nos hospitais públicos.”

O relatório ainda destaca que “mais recentemente, com o aumento dos casos de dengue, o atendimento nas UBS trouxe novas queixas”. Porém, as secretarias de saúde são citadas como principais responsáveis pela falta de atuação adequada para evitar a epidemia. “Ainda que acreditem que o governo federal valoriza o SUS e envia recursos financeiros aos estados e municípios, há quem diga que as verbas não necessariamente parecem ser bem utilizadas”, diz o texto.

No material de apresentação, a fundação diz que ao falar de geração de emprego e educação, “defender o que o presidente Lula e o ministro (Fernando) Haddad estão fazendo é um bom caminho”.

O levantamento chama a atenção para o fato de o PT nunca ter conseguido obter em eleições municipais um percentual de votos equivalente ao total de eleitores que se declaram simpatizantes do partido, sempre superior aos 20%. Nas duas últimas disputas, o partido recebeu apenas 5% dos votos válidos para vereador.

“Quem tem o PT como partido de preferência nem sempre vota no PT porque ainda que o partido seja um elemento bastante relevante, não é uma condição suficiente ou exclusiva para a decisão de escolha por um candidato a vereador, ou também a prefeito”, constata.

Os entrevistados sugeriram que o PT tenha mais aproximação com o povo por meio da presença de seus representantes nos bairros, comunidades, áreas rurais e também nas redes sociais.

De acordo com a pesquisa, a identificação do PT na cidade é feita quando há lideranças do partido presentes e atuantes. “Cidade sem liderança, é cidade sem o PT”. O material aponta que o fator Lula nas eleições municipais parece ser potencializado porque seria sinônimo de apoio do governo federal para a cidade. No Nordeste, porém, o endosso de Lula tem relevância por si só, “mais até que um candidato ser do PT”.

A pesquisa foi realizada entre os dias 22 e 25 de abril com 12 grupos focais, sendo seis no Nordeste e seis no Sudeste. Os grupos eram compostos por eleitores de ambos os sexos, com idade entre 30 e 50 anos que declaram o PT como partido de preferência.

Dirigentes do partido não quiseram comentar os resultados da pesquisa porque o material ainda foi apresentado. De forma reservada, dizem, porém, que as constatações já eram esperadas e que não há dúvida das dificuldades da sigla para apresentar propostas para segurança pública. Também ressaltam que historicamente os territórios municipais sempre foram dominados pela direita, desde a época da Arena, partido de situação durante a ditadura militar.


BS20240725073026.1 – https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2024/07/25/pesquisa-feita-por-fundacao-do-pt-constata-que-seguranca-publica-e-a-area-mais-controversa-para-o-partido.ghtml

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