A Petrobras deve registrar um lucro líquido entre R$ 11 bilhões e R$ 14 bilhões no segundo trimestre deste ano, de acordo com projeção de especialistas do mercado para o balanço da empresa que será divulgado hoje à noite, após o fechamento da Bolsa.
Qualquer coisa neste intervalo será menos da metade dos R$ 28,7 bilhões registrados no mesmo período do ano passado. A queda, que pode ofuscar o primeiro balanço da gestão da nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, ocorre por conta de um acordo bilionário da estatal feito com o governo para encerrar litígios de tributação envolvendo o pagamento do afretamento de embarcações.
Magda Chambriard deve fazer amanhã de manhã a sua primeira teleconferência com analistas de mercado para discutir os resultados. Ela assumiu o comando da Petrobras há dois meses, substituindo Jean Paul Prates.
Os investidores esperam que a empresa anuncie uma distribuição bilionária de dividendos, tema que divide o governo e que foi uma das razões da queda do antecessor de Magda, Jean Paul Prates.
Embora a maioria dos analistas espere um ganho entre R$ 11 bilhões e R$ 14 bilhões, há projeções que indicam lucro menor, como a do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), que estima um lucro de R$ 5,1 bilhões.
Queda na produção e na venda de derivados
Na semana passada, a companhia informou que o volume de vendas de derivados de petróleo, como os combustíveis, no segundo trimestre deste ano teve um recuo de 1,3% em relação ao mesmo período de 2023. A retração foi puxada pela gasolina, com queda de 8,3%, e pelo diesel, com retração de 0,6%.
Entre abril e junho, a média de produção de petróleo e gás ficou em 2,699 milhões de barris diários, uma queda de 2,8% em relação ao primeiro trimestre deste ano. O recuo trimestral foi causado pela redução no pré-sal, devido ao volume de paradas programadas.
— A empresa deve registrar um impacto significativo devido a um acordo tributário bilionário, o que afetará o lucro e os resultados. Outra preocupação é a volatilidade nos preços internacionais do petróleo, já que muitas vezes a empresa absorve a disparidade (sem repassar os aumentos para os valores dos combustíveis vendidos no mercado interno) — disse Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.
O impacto tributário é de R$ 19,8 bilhões, como parte do acordo feito com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. O valor representa um desconto de 65% sobre o montante original discutido no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
Dividendos bilionários
Embora haja previsão de queda no lucro, o mercado está voltando suas expectativas para a distribuição de dividendos.
O Bank of America projeta uma distribuição de US$ 2,8 bilhões (cerca de R$ 15,7 bilhões). “Nossa previsão considera um capex (investimento em projetos) de aproximadamente US$ 3,25 bilhões – um aumento de 7% no trimestre, abaixo do Plano Estratégico da empresa”, diz o relatório do banco distribuído a clientes. Na previsão do Ineep, serão R$ 17,2 bilhões em dividendos.
— Um grande ponto de atenção estará relacionado aos dividendos, já que a continuidade na distribuição de dividendos robustos reflete a capacidade da empresa de gerar caixa. Além disso, a Petrobras tem mostrado uma performance operacional normal, sem grandes demonstrações de eficiência produtiva, o que deve refletir nesse resultado, mas ser compensado pela valorização do petróleo e depreciação do câmbio — afirmou Lima.