POLÍTICA
Polícia Federal analisa material encontrado com Ramagem
15 de julho, 2024 / Por: Agência O GloboEx-diretor-geral da Abin, investigado por atuação em espionagem ilegal, nega qualquer irregularidade
A Polícia Federal analisa um amplo material encontrado em posse do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) investigado por suspeita de espionagem ilegal.
Entre os arquivos, há desde um áudio de uma reunião entre Jair Bolsonaro (PL) e o ex-ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, até dois rascunhos feitos pelo deputado federal intitulados “presidente” e “presidente 2”, além de um relatório com informações de uma operação da própria Abin.
No relatório encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a PF reproduz alguns rascunhos encontrados com Ramagem em uma operação realizada em 25 de janeiro. No documento manuscrito, contém a seguinte anotação: “Fora isso, a PF tem que dar andamento aos trabalhos de desvio de fundo eleitoral do PSC, lavagem nas empresas e corrupção administrativa e policial.”
Nos documentos, há ainda a seguinte anotação: “Contestar juridicamente a imputação de peculato, desestruturar teoria de domínio do fato do Flávio como suposto mentor de esquema”. Em outra passagem, endereçada ao “presidente”, está registrado: “Na tentativa de auxílio, algumas considerações sobre as imputações ao Flávio (…) Não tenho acesso a autos ou estratégia de defesa. Esta é apenas uma forma de tentar ajudar com conhecimentos”.
Já o áudio apreendido no computador de Ramagem seria uma gravação captada em uma reunião realizada no Palácio do Planalto, em 25 de agosto de 2020, segundo a PF. Na ocasião, apontam os investigadores, foram discutidas supostas irregularidades cometidas por auditores da Receita Federal na elaboração de um relatório de inteligência fiscal que originou o inquérito contra Flávio Bolsonaro no caso das “rachadinhas”.
O áudio deverá passar por uma perícia no Instituto Nacional de Criminalística (INC) para ser transcrita a íntegra da reunião, de 1h e 8 minutos de duração, inclusive quando há sobreposição de vozes.
Em uma postagem no X, Ramagem afirma que a menção à gravação no relatório da PF destaca a “defesa do devido processo, apuração administrativa, providência prevista em lei para qualquer caso de desvio de conduta funcional”.
“Após as informações da última operação da PF, fica claro que desprezam os fins de uma investigação, apenas para levar à imprensa ilações e rasas conjecturas. O tal do sistema first mile, que outras 30 instituições também adquiriam, parece ter ficado de lado. A aquisição foi regular, com parecer da AGU, e nossa gestão foi a única a fazer os controles devidos, exonerando servidores e encaminhando possível desvio de uso para corregedoria. A PF quer, mas não há como vincular o uso da ferramenta pela direção-geral da Abin”, escreveu Ramagem.
Também em janeiro, a PF apreendeu na casa de Ramagem documentos sobre uma operação da Abin em comunidades do Rio. Os papéis estavam sem logo ou qualquer outra caracterização da pasta e também sem data.
