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Preço do ovo começa a dar sinais de alívio para o bolso após meses acumulando altas

12 de junho, 2025 | Por: Agência O Globo

Item já acumula duas quedas consecutivas. Redução mais recente foi de 3,98%, conforme mostrou a inflação de maio

© Luiz Agner/IBGE

Após meses como vilão na vida dos consumidores, o ovo começa a dar sinais de alívio para o bolso e já acumula duas quedas consecutivas. A redução mais recente ocorreu em maio, quando o valor recuou 3,98%, conforme mostra a inflação do mês, medida pelo IPCA. A queda observada nas gôndolas não é surpresa para o setor, que já esperava pela desaceleração.

Levantamento feito pela Horus — empresa de inteligência de mercado da Neogrid — mostra que atualmente uma bandeja com 30 ovos custa, em média, R$ 20,46. O estudo revela que o mesmo produto já chegou a ser vendido por quase R$ 26 entre março e abril. Já a embalagem com 20 unidades, que teve preço médio próximo de R$ 17,40 entre março e abril, hoje, é comercializado a uma média de R$ 14,37.

Em uma unidade do Mercado Extra visitada pela reportagem, uma bandeja com 20 custava R$ 12,90 na manhã desta quarta-feira (dia 11). No Assaí, a bandeja com a mesma quantidade tinha o valor de R$ 14,50, enquanto a com 30 unidades era vendida a R$ 19,70. A rede prepara, inclusive, uma oferta que será válida de 13 a 15 de junho, na qual a bandeja com 30 ovos custará R$ 18,90.

Redução era esperada

Anna Fercher, head de Customer Success e Insights da Neogrid, explica que a redução já era prevista, uma vez que, após a Quaresma, a demanda pelo produto diminui.

— O preço dos ovos seguiu o esperado com redução após o período de Páscoa, no qual acontece a Quaresma e o item é muito consumido como fonte de proteína alternativa a carne bovina — diz.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) lembra que, apesar da redução, os custos de produção ainda permanecem elevados.

“Durante o mês de março, o setor indicou que o mercado deveria desaquecer após a Quaresma, período em que há o tradicional incremento na demanda por ovos. Assim como previsto, com uma menor demanda no pós-Quaresma, houve uma gradativa e leve desaceleração, em um quadro ainda pressionado pelos custos de produção elevados”, disse em nota enviada ao EXTRA.

Alívio no bolso do consumidor

Após uma onda de reclamações impulsionadas pelo aumento do preço do ovo e até mudanças de hábitos, as redes sociais começam a ter publicações comemorando a desaceleração do item. Uma usuária identificada como Adrielle Medeiros agradeceu a Deus pela diminuição do preço:

Já Moisés Solon mostrou que a cartela com 30 ovos é vendida a R$ 12,89. Ele disse que “ninguém fala da queda do preço do ovo”.

Um outro usuário, de Goiás, disse que, por lá, o ovo está mais em conta. Ele mencionou ainda o café e o arroz.

Expectativa para os próximos meses

William Figueiredo, consultor econômico da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), diz que é difícil prever como ficará o preço dos ovos no futuro, uma vez que a precificação é impactada por fatores que não podem ser controlados:

— Difícil precisar, uma vez que o produto tem seu preço atrelado ao clima e mercados internacionais de commodities, duas variáveis que o país nem os produtores têm controle

Segundo André Carvalho, diretor de marketing da empresa Mantiqueira — uma das maiores produtoras de ovos do Brasil —, a expectativa até o fim do ano é de estabilidade em relação aos preços praticados em maio e junho. No entanto, ele chama atenção para fatores que podem baratear ou encarecer o produto:

— Vários fatores podem afetar o preço do ovo. A própria gripe aviária é um fator que pode mexer nessa equação, porque ela restringe a oferta do ovo. Um outro fator que pode influenciar também é o custo do milho. Estamos percebendo uma tendência de queda no custo das commodities. Por outro lado, se o milho for exportado, o preço no mercado interno não cai na mesma proporção. Então, são várias variáveis. Mas, neste momento, a Mantiqueira trabalha com estabilidade de preços até o final do ano, nos níveis praticados em maio e junho.

Já Edival Veras, presidente do Instituto Ovos Brasil, acredita que os preços não devam cair mais, uma vez que, em temperaturas mais baixas, a produção de ovos diminui:

— Não é provável que os preços continuem caindo. No inverno, o frio tende a aumentar, o que pode reduzir um pouco a produção, e o mercado vai se ajustando. Temos uma oferta compatível com a demanda e um consumo crescente, especialmente devido à importância do ovo na alimentação — fala.


BS20250612090038.1 – https://extra.globo.com/economia/noticia/2025/06/preco-do-ovo-comeca-a-dar-sinais-de-alivio-para-o-bolso-apos-meses-acumulando-altas.ghtml

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