Presidente do Ibama rebate após Lula cobrar petróleo na Foz do Amazonas: ‘Não faria o que faço se não gostasse de pressão’
12 de fevereiro, 2025
| Por: Agência O Globo
Rodrigo Agostinho disse nunca ter sido pressionado diretamente pelo presidente e reiterou que servidores são ‘concursados e têm proteção do cargo’
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho — Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, afirmou que está habituado à “pressão” após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrar o órgão a autorizar pesquisas para a exploração de petróleo na Foz do Amazonas.
A pressão pela liberação vem crescendo no meio político e é uma demanda, por exemplo, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
—Isso é normal. Se eu não gostasse de pressão, não estava fazendo o que eu faço. Eu preciso também ser justo. O presidente nunca me pressionou para isso, mas de tempos em tempos tem empreendimentos que são emblemáticos e a sociedade toda cobra uma resposta. Vejo isso com muita naturalidade—afirmou Agostinho ao Globo.
Mais cedo, Lula criticou o Ibama pela falta da autorização para explorar petróleo e defendeu a pesquisa na região e afirmou que o órgão ambiental “parece” atuar contra o governo.
—Não é que vou mandar explorar, eu quero que seja explorado. (…) O que não dá é ficar nesse lenga-lenga, o Ibama é um órgão do governo e está parecendo que é um órgão contra o governo — disse Lula em entrevista à Rádio Diário FM, de Macapá.
O presidente afirmou que, provavelmente ainda nesta semana, a Casa Civil vai se reunir com o Ibama para tratar sobre a autorização à Petrobras para pesquisas de exploração de petróleo na região.
Agostinho disse não ter sido avisado ainda sobre uma nova reunião, mas que o Ibama tem se reunido constantemente com a Casa Civil para tratar sobre esses e outros assuntos.
—A Casa Civil está acompanhando isso pari passu. Teve reuniões recentes, não só por conta desse empreendimento. Tem a sala de situação do PAC, então, toda semana a gente está lá em reuniões—disse Agostinho.
Segundo o presidente do Ibama, dificilmente qualquer resposta sobre o assunto sairá antes de março. Ele acrescentou queas tratativas estão caminhando.
—Agora em dezembro, a Petrobras apresentou um novo plano de emergências. Esse plano está sendo analisado e, ao mesmo tempo, a Petrobras começou a construir uma base em Oiapoque, mais ou menos 170 quilômetros de distância da área de exploração. Diminui muito tempo de resposta para um eventual acidente. A base fica pronta só no final de março, então, por isso que algumas pessoas estão fazendo a leitura de que a licença será em março. Dificilmente sai alguma coisa antes de março—disse.
Interlocutores de Lula afirmam que o objetivo do governo é que a autorização para a pesquisa saia ainda no primeiro trimestre. Auxiliares lembram que o presidente passou a tratar do tema com mais frequência nas últimas semanas e que ele tem reiterado que o aval, neste momento, seria apenas para a pesquisa. Caso a viabilidade da exploração seja constatada, será necessária uma nova licença ambiental.
Agostinho disse ainda que, apesar da cobrança, o Ibama deve se manter a uma resposta técnica.
—Os servidores do Ibama são concursados, então mesmo que eu fizesse qualquer tipo de pressão sobre eles, eles têm a proteção do próprio cargo deles. Tanto que mesmo no governo passado, situações como essa não aconteceram—disse.