POLÍTICA

Presidente do Republicanos diz que ‘tendência’ é estar com a centro-direita em 2026 e avalia crises do governo: ‘Está perdido’

30 de janeiro, 2025 | Por: Agência O Globo

Em entrevista, Marcos Pereira diz que Hugo Motta terá relação ‘harmoniosa’ com o Executivo

Presidente do Republicanos, o deputado Marcos Pereira (SP) diz em entrevista ao Globo que a tendência do partido é apoiar um nome de centro-direita à Presidência em 2026, mesmo com um assento na Esplanada dos Ministérios. O parlamentar avalia, porém, que é cedo para uma decisão.

Marcos Pereira, presidente do Republicanos
Marcos Pereira, presidente do Republicanos — Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Pereira faz ainda uma análise sobre o momento da gestão de Luiz Inácio Lula Silva, com a queda de popularidade: “O governo está um pouco sem rumo, sem direção”. A sigla abriga Hugo Motta (Republicanos), o favorito na disputa pela sucessão de Arthur Lira (PP-AL). Segundo o presidente da sigla, a troca de comando deve tornar a relação entre os Poderes mais “harmoniosa”.

Lula disse que 2026 já começou. O Republicanos estará com ele na próxima eleição?

Eu só debato 2026 em 2026. Não posso dizer se estaremos com o Lula, quem dirá é a Executiva do partido. A tendência do partido é caminhar com alguém de centro-direita nas eleições presidenciais, mas não podemos cravar agora. Podemos ir para cá ou para lá. Vamos decidir à frente.

Em 2023, sem ministérios e mais distante do governo, o senhor disse ao Globo que o Republicanos é um partido “conservador”. Hoje, o senhor mantém essa avaliação?

Está escrito no manifesto político do Republicanos, eu não posso retirar isto para agradar ninguém. Somos conservadores, sim.

Lula tem a reprovação mais alta que a aprovação pela primeira vez no terceiro mandato. O que explica isso?

Eu acho que o governo está um pouco sem rumo, sem direção. Falta entrosamento interno. Os ministros se contradizem, portarias são revogadas. É preciso haver mais pragmatismo.

Candidato do seu partido à presidência da Câmara, Hugo Motta promete bom diálogo com o Planalto. O principal nome para substituir Bolsonaro nas eleições presidenciais, porém, é Tarcísio, do Republicanos. Como se equilibrar diante da polarização?

Essa é a arte da política. Eu não vejo o Tarcísio como principal nome do Bolsonaro, já que ele segue se colocando como candidato e confiando na elegibilidade.

O senhor ainda conta com uma migração do Tarcísio para o PL de Bolsonaro até 2026?

Tarcísio sempre me disse que seguiria no Republicanos. É um homem de palavra, vou confiar nele.

Qual tamanho o Republicanos deve ter em caso de reforma ministerial?

O partido não foi chamado para debater ampliação de espaços e eu não discuti os espaços com os líderes partidários. É melhor esperar o governo apresentar espaços e avaliaremos.

Como o senhor avalia o favoristismo de Hugo Motta? É uma consolidação do Centrão na liderança do Congresso?

É uma consolidação do equilíbrio, do diálogo. Este é o perfil dele e do Republicanos. O centro debate tudo, não tem preconceitos. Não por acaso está neste lugar.

A presidência de Hugo Motta vai representar um caminho mais tranquilo ou mais tortuoso para o governo no Congresso?

Hugo precisa ser independente, mas, harmônico. Na medida do possível, ele deve ser mais harmonioso com o Planalto, sim, pela boa relação que mantém com o Alexandre Padilha (ministro de Relações Institucionais). O Arthur Lira, declaradamente, não conseguia lidar bem com o principal articulador do governo, eram desafetos. É de se esperar que as coisas melhorem.

A possível entrada de Arthur Lira na Esplanada pode ajudar o governo no Congresso?

Se ele aceitar um eventual convite terá apoio meu e do Republicanos. Isso ajudaria na articulação com o Congresso, é claro. Lira tem experiência, conhece a Casa como poucos, e é grande amigo do Hugo Motta. Seria bom para todos.

Há resistência ao senhor de parte da chamada “ala religiosa” do Republicanos, que reivindica maior poder de decisão sobre as decisões do partido. Como vê essas reclamações?

Não existem reclamações neste sentido. Ninguém da cúpula da igreja reclamou da gestão do partido. Tenho ótima relação com todos.

A candidatura de Motta à Câmara só foi possível após a desistência de sua candidatura. Ele não é ligado à igreja evangélica. Na sua gestão, o Republicanos perdeu a sua identidade de um partido religioso?

O Republicanos nunca foi um partido religioso. É um partido político com pessoas religiosas em suas cadeiras. Eu mesmo sou da igreja. O Gilberto Abramo, que vai assumir a liderança no lugar do Motta neste ano, é religioso. É uma questão de momento. Pessoas de dentro e de fora da igreja se alternam em cargos altos no partido. Isso é guiado pela competência dos parlamentares. O Silas Câmara e o Gilberto Abramo presidem comissões, por exemplo, e são da igreja.


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