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Secretaria de Turismo estuda incluir roteiro dedicado à bebida na Coleção Rotas Brasília. Emater oferece apoio técnico a oito produtores, que produziram mais de 207 mil litros e faturaram mais de R$ 3,6 milhões em 2023
Com um sabor tipicamente brasiliense, o Distrito Federal produziu mais de 207 mil litros de cachaça em 2023, gerando faturamento superior a R$ 3,6 milhões. Os dados são o último relatório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), que oferece apoio técnico desde o plantio da cana de açúcar até o engarrafamento da aguardente a oito produtores cadastrados.
Diante da complexidade de sabores e aromas da cachaça assinada no Quadradinho, um grupo de produtores criou a experiência sensorial Brasília Cachaça Tasting. A iniciativa oferece degustações, tours guiados e uma imersão na cultura da cachaça, organizada por rótulos premiados nacional e internacionalmente: a Ararauna Micro Destilaria, a Cachaça Cavaco e a Adega Saracura.
Para o secretário de Turismo, Cristiano Araújo, a proposta valoriza a riqueza cultural e gastronômica da capital federal, oportunizando a criação de atividades turísticas. A pasta estuda ampliar a Coleção Rotas Brasília com a inclusão de um trajeto voltado à cachaça. Em 2024, a coleção ganhou a Rota das Uvas de Brasília, com foco no enoturismo.
“Brasília já se destaca no cenário internacional com cachaças premiadas, e incluir essa experiência em roteiros turísticos permite não apenas valorizar nossos produtores locais, mas também oferecer ao visitante uma imersão autêntica nos sabores e tradições da nossa região”, afirma Cristiano Araújo. “Isso diversifica a oferta turística e posiciona a cidade como um destino completo, que vai além da arquitetura e da política, reforçando sua identidade e atraindo um público ainda mais amplo.”
O sommelier da Ararauna Micro Destilaria e idealizador do Brasília Cachaça Tasting, Carlosmagnum Nunes, destaca que a iniciativa visa aumentar a visibilidade da bebida produzida localmente em restaurantes, mercados e outros estabelecimentos, demonstrando a qualidade do produto. Como resultado, ele pontua o aumento do interesse no turismo rural e a criação de emprego e renda, desde a demanda por novos funcionários no plantio da cana de açúcar ao surgimento de novas destilarias no DF.
“Queremos que o Brasil desponte com uma das referências, não só de produção de cachaça, mas de experiências vividas com a cachaça”, enfatiza Nunes. “Minas Gerais é o polo da produção de cachaça, principalmente na cidade de Salinas, que tem quase a mesma altitude de Brasília. As cachaças de Brasília são semelhantes às cachaças que são produzidas lá, em termos de qualidade, por causa da altitude. Qual a diferença? A nossa é muito melhor.”
Durante o Brasília Cachaça Tasting, o participante pode conhecer cachaças produzidas em alambiques de cobre, desenvolvidas artesanalmente. O encontro oferece explicações sobre todo o processo e instiga o convidado a analisar desde a aparência aos aromas e notas gustativas das bebidas, verificando os índices de doçura, acidez e intensidade. Os mesmos detalhes são verificados durante o processo de blend das cachaças, que é a mistura de cachaças maturadas em barris diferentes.
Três vezes premiada nacional e internacionalmente, a Cachaça Saracura foi a primeira a ser registrada no DF, em 2004, e dispõe de mais de 40 barris europeus para o envelhecimento da aguardente. Quem está à frente deste trabalho minucioso é o master blend e proprietário da marca, Elio Gregório. “Experimento a bebida de cada barril e imagino combinações entre elas. Já consegui fazer a harmonização de 14 barris e a combinação foi excelente, premiada com a medalha de ouro. É um trabalho que exige sensibilidade e atenção aos detalhes”, revela.
Por sua vez, a Cachaça Cavaco é a primeira com produção 100% brasiliense e única das três empresas à frente do Brasília Cachaça Teasing que dispõe de apoio técnico da Emater-DF. As instalações ficam em Sobradinho dos Melos, no Paranoá. “Recebemos auxílio técnico na produção ecológica da Emater-DF e, consequentemente, conseguimos fazer um trabalho melhor e de maior qualidade. Até porque a cachaça depende da matéria-prima, que deve estar adequada para o processo”, pontua o master blender e sócio proprietário da empresa, Igor Cavalcante.
Promover a cachaça brasiliense também beneficiará o setor de bares e restaurantes, que podem agregar a experiência com o destilado no cardápio. “O conhecimento de funcionários e empresários sobre a cachaça do DF, com certeza, vai aumentar a visibilidade e o acesso dos consumidores, que poderão consumir bebidas com mais qualidade, feitas artesanalmente”, assinala Cavalcante.
O grupo também organiza um roteiro ainda mais amplo voltado à produção da cachaça, incluindo visita às instalações da Cachaça Cavaco, almoço em restaurante rural, transporte e, claro, a degustação dos alambiques com harmonização. A experiência é promovida quinzenalmente e pode ser solicitada junto a qualquer uma das três cachaçarias. Para ter acesso a este pacote, o investimento é de R$ 650, enquanto para a degustação individual (sem os outros atrativos) é de R$ 250. Os dois modelos atendem de três a dez pessoas, sempre aos sábados.
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