Rússia e Ucrânia trocam acusações sobre bombardeios no local e segurança foi ameaçada por corte no fornecimento de energia
Localizada no sul da Ucrânia e ocupada pelo Exército russo, a usina de Zaporizhzhia vive sob a ameaça de uma catástrofe nuclear, entre bombardeios, cortes de energia e a pressão sofrida por seus funcionários ucranianos
Alexander Ermochenko/Reuters – 22.8.2022
Qual o estado em que se encontra?
Depois que as forças russas tomaram a usina em 4 de março, a situação piorou desde o início de agosto. A área tem sido alvo de bombardeios, pelos quais Rússia e Ucrânia se acusam mutuamente
Reprodução/Google Maps
“Quem quer que esteja por trás disso deve parar imediatamente”, exigiu o diretor da AIEA, Rafael Grossi. “São [ataques] absolutamente deliberados e direcionados”, comentou
Joe Klamar/AFP – 16.11.2022
Nesta segunda-feira, deve acontecer uma inspeção no local, onde já foram relatados vários danos, principalmente “onde há combustíveis novos e usados”, segundo Grossi.
O nível de radiação está dentro dos limites normais e a fonte de alimentação externa não foi afetada
Reprodução/site AIEA
“Embora não tenha havido um ataque direto aos principais sistemas de segurança, o bombardeio foi perigosamente perto. Estamos falando de metros, não de quilômetros”, advertiu o chefe da agência da ONU.
Grossi realiza consultas para a criação de uma zona de proteção ao redor da usina. Até agora, sem sucesso
Genya Savilov/AFP – 1º.9.2022
Quais são os riscos?
“O impacto direto [de um míssil] nos reatores e equipamentos adjacentes, especialmente onde o combustível usado é armazenado, pode ter sérias consequências”, enfatizou Rafael Grossi, em setembro.
Alexander Ermochenko/REUTERS -1.9.2022
As seis unidades projetadas pelos soviéticos da maior usina da Europa não foram afetadas até agora.
São protegidas por “invólucros de confinamento bastante robustos”, disse à AFP o consultor Tariq Rauf, ex-funcionário da AIEA. “Mas, naturalmente, não foram projetados para resistir a uma guerra”, acrescentou
Ed Jones /AFP
Outro risco é uma queda de energia prolongada. Os sistemas da usina são alimentados por quatro linhas de 750 quilovolts (kV), que foram danificadas várias vezes por bombardeios.
Se essa rede falhar, a eletricidade pode chegar por outras linhas por meio de uma usina termelétrica próxima. Mas esses caminhos também são regularmente afetados
Stringer/AFP – 11.9.2022
O operador já se viu obrigado a recorrer temporariamente a geradores.
A usina tem 20 no total, e suas reservas de combustível permitiriam que funcionasse por até 15 dias seguidos
Handout/ Maxar Technologies/AFP – 29.8.2022
Cenário extremo
A eletricidade é indispensável para o funcionamento das bombas que fazem circular a água que resfria o combustível dos núcleos dos reatores
Alexander Ermochenko/Reuters – 04.08.2022
Seria um cenário semelhante ao de março de 2011 em Fukushima (Japão), embora, no caso de Zaporizhzhia, levaria muito mais tempo para reagir, segundo a diretora-geral do IRSN, Karine Herviou
Handout/Maxar Technologies/AFP – 29.8.2022
A ocupação russa
A usina é administrada pela operadora ucraniana Energoatom, mas é ocupada pelos russos, que a anexaram oficialmente no início de outubro. “É uma situação única”, alertou Grossi
Leonhard Foeger/Reuters – 2.9.2022
Caso ocorra um acidente grave, “este local é essencial para que as equipes ucranianas possam controlar o estado das instalações, tomar as medidas que se impõem para limitar as consequências do acidente, solicitar reforços externos, alertar a população”, alertou Herviou
Lorena – Notícias
Em declarações à AFP em setembro, o chefe da Energoatom, Petro Kotin, denunciou os abusos dos russos contra o pessoal e mencionou torturas, assassinatos e sequestros. Moscou sempre negou essas acusações
Valentyn Ogirenko/ Reuters – 7/11/2022