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Relógio destruído no 8/1 é único no Brasil e exemplar semelhante está no Palácio de Versalhes

21 de junho, 2024 / Por: Agência O Globo

Ministro do STF Alexandre de Moraes votou por condenar Antônio Cláudio Alves Ferreira a 17 anos de prisão. Item raro é considerado ‘fora de padrão’, e foi enviada para restauro na Suíça

Relógio destruído no 8/1 é único no Brasil e exemplar semelhante está no Palácio de Versalhes
Relógio raro foi destruído por terroristas que invadiram o Palácio do Planalto — Foto: Reprodução

Autor da destruição do relógio de Balthazar Martinot nos ataques realizado na sede dos Três Poderes em 2023, o mecânico Antônio Cláudio Alves Ferreira pode pegar 17 anos de prisão por participação nos ataques golpistas. Em voto proferido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Ferreira foi considerado responsável por quebrar o item histórico e raro.

O item destruído pelo mecânico é uma peça única. De acordo com a Presidência da República, o autor da obra tem apenas mais um exemplar, que está exposto no Palácio de Versalhes, em Paris. “O relógio de pêndulo do Século XVII foi um presente da Corte Francesa para Dom João VI”, declarou a Presidência dias após o atentado. A peça veio para o Brasil com a família real portuguesa, em 1808.

O relógio foi fabricado pelo relojoeiro francês Balthazar Martinot — há uma assinatura dele gravada na máquina — com design de André-Charles Boulle. Ambos atendiam a corte de Luís XIV, na França, apelidado de “o Grande” e “Rei Sol”.

O exemplar exposto em Versalhes, entretanto, “possui a metade do tamanho da peça que foi completamente destruída pelos invasores do Planalto”, segundo a Presidência da República.

Relógio de Balthazar Martinot exposto no Palácio de Versalhes, em Paris — Foto: Divulgação/Palácio de Versalhes
Relógio de Balthazar Martinot exposto no Palácio de Versalhes, em Paris — Foto: Divulgação/Palácio de Versalhes

O site do palácio francês traz detalhes sobre o trabalho de Martinot. Ele era um dos mais famosos relojoeiros da época de Luís XIV e pertencia a uma dinastia de construtores de relógios.

“Ele é Relojoeiro-Ordinário do Conselho do Rei e duas vezes eleito Visitador da Guarda da Comunidade dos Mestres Relojoeiros de Paris. Sua atividade é muito importante e sua clientela de prestígio”, informa Versalhes.

Há ainda informações sobre o designer da obra: “Sabemos que ele usa notavelmente caixas muito bonitas de André-Charles Boulle. Tanto pela modernidade do design da caixa como pelo grau de riqueza, percebemos que este modelo de caixa é relativamente simples na produção da época”.

‘Valor fora de padrão’

Considerado raro, o relógio ficou desfigurado após a passagem de centenas de golpistas pelo Palácio do Planalto, em janeiro de 2023. Os ponteiros e números foram arrancados. E uma estátua de Netuno que ornamentava o topo da peça foi arrancada.

Em 2012, o relógio havia passado por uma restauração depois de ter sido resgatada de um depósito do governo federal. Quando a peça foi encontrada, havia uma fenda na parte superior e faltava a estátua de Netuno.

Naquela altura, o objeto foi avaliado em cerca de R$ 250 mil. Após os ataques em 2023, o governo federal publicou nota dizendo que “o valor desta peça é considerado fora de padrão”.

No início de 2024, a peça foi enviada para restauro na Suíça, segundo confirmado pela Embaixada do país europeu. Um produtor suíço de relógios, descrito como “de longa tradição e experiência”, ofereceu o apoio de especialistas na missão de restaurar a obra. Em maio de 2023, uma equipe de relojoeiros suíços veio ao Brasil e inspecionou a peça danificada, datada do século XVII.

Posteriormente, um acordo foi assinado entre os dois países estabelecendo um Acordo de Cooperação Técnica para a restauração do relógio.


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