POLÍTICA

Rui Costa defende ‘fazer DR com partidos’ diante de crise de governo com Congresso

8 de julho, 2025 | Por: Agência O Globo

Partidos da base de Lula deram mais de 60% dos votos a favor da derrubada do decreto do IOF

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta segunda-feira que o governo deve discutir a relação, ou “fazer uma DR”, com partidos que fazem parte da base aliada diante da crise com o Congresso. Braço-direito de Lula, Costa defendeu que o presidente e ministros sentem com lideranças partidárias para “repaginar a relação” com legendas com espaços na Esplanada dos Ministérios.

— Há uma necessidade de repaginar a relação, fazer DR com os partidos. O presidente sentar, os ministros, a ministra Gleisi (Hoffmann, das Relações Institucionais), dialogar com os partidos, os líderes das bancadas, porque de fato, quando você compõe um governo, você compõe não só para usufruir as coisas boas de um governo, você tem que estar ajustado com esse governo — disse o ministro em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura.

A crise foi desencadeada após o governo editar um decreto que aumentou o Imposto Sobre Operação de Financeiras (IOF). A medida foi derrubada pelo Congresso com apoio majoritário de partidos que têm ministérios no governo Lula, que deram 242 dos 383 votos a favor de sustar os decretos. O governo, depois, foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) para manter a alta do IOF.

Rui Costa também pontuou que durante a negociação do decreto que aumenta alíquotas do houve “consenso” sobre o mérito da medida entre lideranças do Congresso. Sem citar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que “de repente” se decidiu votar a derrubada do decreto, sem satisfação ao governo.

O ministro lembrou que, antes disso, havia ocorrido uma reunião após um acordo entre Congresso e Executivo.

— Líderes de partido sentaram com ministro, fizeram um acordo, então não houve uma discordância no mérito. Não houve um debate onde saíram os líderes e “nós discordamos do ministro e nós vamos votar”. Não. A reunião terminou a meia-noite, com acordo comemorados por todos, com líderes partidários. E de repente se vota sem dar inclusive nenhum retorno ao governo. É preciso se discutir isso. Como é que serão as bases da relação daqui para frente. Isso precisa e vai ser discutido. Você pode até discordar, dizer que não concorda e vai votar contra, mas a relação tem que ser olho no olho, combinado é para ser comprido. Se não é para ser cumprido, não combina.

O ministro defendeu que na conversa com os partidos sejam acordados “procedimentos que precisam ser combinados”:

— O primeiro entendimento é se aproximar no mérito das coisas. O segundo entendimento é quando a gente pactuar, vamos dar uma semana, duas semanas, não votar tal tema, enquanto a gente tenta construir uma proposta de consenso e isso seja executado. Precisamos acordar procedimentos e esses procedimentos precisam ser combinados.

Costa também criticou o volume de emendas parlamentares no Brasil. Para ele, a sociedade brasileira precisa discutir qual é o modelo de futuro para o país:

— É esse modelo em que nós pegamos quase metade do Orçamento livre de uma nação e se aplica em um efeito aerosol de emendas parlamentares? Em que lugar do mundo existe esse modelo onde se pega quase metade do Orçamento livre de uma nação e, ao invés de se aplicar em logística, em reduzir custos estruturais, apostar em ciência, tecnologia, educação e saúde, se pulveriza?


BS20250708014819.1 – https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/07/07/rui-costa-defende-fazer-dr-com-partidos-diante-de-crise-de-governo-com-congresso.ghtml

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