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Política com ênfase em barreiras tarifárias desenhada pelos EUA exigirá negociação, mas há oportunidades com parceiros já estabelecidos, como a China, recomendam especialistas
A nova ordem do comércio global, que se desenha desde que o presidente Donald Trump assumiu a Casa Branca com ênfase em barreiras tarifárias entre países, deve exigir novas movimentações do Brasil, segundo especialistas em economia e relações exteriores, em debate durante no evento Rumos 2025, organizado pelo Valor no dia 24 de março. Para a maioria, o governo brasileiro deve adotar uma atitude de prudência e negociação com os Estados Unidos, mas sem esquecer que há oportunidades de negócios com parceiros estabelecidos, como a China.
Na visão de Marcos Caramuru, embaixador do Brasil na China de 2016 a 2018 e conselheiro internacional do Centro Brasileiro de Relações (Cebri), as medidas de Trump trazem uma desorganização da “moldura” do comércio internacional, com consequências ainda imprevisíveis.
— A ideia que tínhamos dos rumos dados pela OMC (Organização Mundial do Comércio) ou pelos acordos anteriormente atingidos não existirá mais — afirmou Caramuru. — É difícil fazer um cálculo (sobre os impactos das medidas tarifárias) porque, entre os países, alguns reagirão a elas, e outros, não. Nessa reação, estarão mercados contrariando compromissos assumidos na OMC e aqueles que vão querer preservar (os tratados). A forma como todos vão agir ainda não está clara.
Caramuru chamou a atenção para a reorganização das cadeias de valor globais no segundo mandato Trump, que aparentemente quer que os EUA se tornem um “grande país manufatureiro”, atraindo cadeias de produção para o território americano.
— Até recentemente, discutíamos as medidas tomadas pelo governo Biden sobre como trazer elementos políticos à organização das cadeias de valor, com conceitos como nearshoring (parcerias com mercados próximos) ou friendshoring (operações com países aliados) que, de repente, desapareceram — comparou.
O ex-embaixador lembrou que há outra região do mundo onde os elos econômicos estão tracionados: a Ásia. De 2020 a 2024, o comércio total entre a China e a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), grupo que reúne dez países-membros, como Indonésia e Cingapura, aumentou de US$ 680 bilhões para US$ 980 bilhões Para o conselheiro do Cebri, os números provam que a posição da China no xadrez global pode mudar o “ritmo do jogo”. Uma das alternativas para criar um alívio no quadro atual seria a retomada do crescimento do consumo no gigante asiático, que viu sua economia crescer 5% no ano passado.
— Esse vai ser o fator que trará protagonismo comercial a Pequim — destacou.
Para Luiz Augusto de Castro Neves, presidente do Conselho Empresarial Brasil-China e ex-embaixador do Brasil no Japão, na China e também no Paraguai, há novas chances para o comércio, mesmo diante de um panorama incerto. O desafio do Brasil será descobrir a modalidade de inserção que vai usar:
— Boa parte do nosso posicionamento em relação a essas mudanças tem mais a ver com a agenda interna do que com a reação a medidas que vêm do exterior.
Chefe do Departamento de Análise Econômica da Uerj e pesquisadora associada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, Lia Valls Pereira não minimiza o estresse a partir de Washington, mas identifica outras opções de fluxo de mercadorias. É crítico saber qual será a linha de atuação que o Brasil deseja adotar nessa situação, disse Pereira, concordando com Castro Neves.
— Antes, a nossa estratégia de política externa não estava clara — avaliou, em referência ao governo Bolsonaro.
Livio Ribeiro, sócio da consultoria BRCG e pesquisador associado do FGV Ibre, destaca que a “guerra comercial” agora é diferente de quando o enfoque era de teor econômico:
— Desta vez, a tarifa é utilizada como um instrumento de pressão geopolítica para coisas que não têm nada a ver com o comércio, como um avião de deportados da Colômbia ou o envio, pelo México, de agentes para a fronteira americana.
Ribeiro acrescenta que as movimentações de Trump não parecem tão desorganizadas se observadas a fundo. Ele lembrou que os EUA estão “ressuscitando” legislações das décadas de 1960 e 1970 que aumentam o poder executivo sobre a imposição tarifária, enquanto as taxações não são usadas apenas para diminuir o déficit americano, explica.
— É parte de um plano maior de reformatação, de como os EUA se relacionam com o mundo — definiu. — É possível observar que há padrão e objetivo.
A balança comercial deve ter um superávit robusto em 2025, segundo projeções de economistas, mesmo com as incertezas sobre a política comercial dos Estados Unidos. O quadro nebuloso afeta câmbio e preços de exportação, mas é esperado um aumento de volume de embarques de grãos e de petróleo em relação a 2024. A expectativa é de desaceleração das importações este ano, com a perspectiva de menor crescimento do PIB e encolhimento da demanda doméstica, mesmo que os dois fatores tenham resistido melhor do que o esperado.
O superávit da balança comercial projetado para 2025 é de US$ 75,49 bilhões, segundo a mediana de dez estimativas coletadas pelo Valor Data que vão US$ 71,5 bilhões a US$ 85 bilhões. Em 2024, foi de US$ 74,2 bilhões, após recorde de US$ 98,9 bilhões em 2023.
Presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro diz que, de janeiro até a segunda semana de março, os dados da Secretaria de Comércio Exterior mostram superávit de US$ 6,8 bilhões. Em igual período de 2024, o saldo foi de US$ 18,5 bilhões. No período, a importação teve alta de 15,3%, e a exportação caiu 1,5%. Houve uma importação extraordinária de plataforma de petróleo em fevereiro, pondera. Mesmo assim, há aumento relevante da importação:
— É preciso lembrar que isso aconteceu num período em que o real estava mais desvalorizado.
Mais otimista, André Valério, economista do Inter, diz que o banco estima superávit comercial de US$ 75 bilhões. Ele considera que os resultados da balança vieram mais fracos que o esperado no primeiro bimestre, mas a safra de grãos deve garantir mais embarques.
— Muito do que exportamos são itens essenciais, como petróleo e alimentos, que têm uma perspectiva positiva de demanda nos próximos anos. Se houver o maior engajamento da China na guerra comercial com os EUA, vai desviar a demanda chinesa para o Brasil.
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