BRASÍLIA

Saiba como o DF garante água de qualidade desde a captação até as casas

28 de maio, 2025 | Por: Agência Brasília

Com monitoramento rigoroso, laboratórios de ponta e estações automatizadas, a Caesb garante que 99% da população do Distrito Federal tenha acesso à água potável dentro dos padrões exigidos por lei

Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

A segunda parte do especial da Agência Brasília que explora como é feito o saneamento básico no Distrito Federal detalha o processo rigoroso de monitoramento e controle da qualidade da água realizado pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), tudo para que o abastecimento potável chegue às casas dos brasilienses.

O Distrito Federal é referência em saneamento básico do país, com 99% das residências abastecidas com água de boa qualidade para consumo. Esse índice é o mais próximo da meta do novo Marco Legal do Saneamento Básico, lei federal que prevê que 99% da população deve ser coberta com abastecimento de água até 2033. Antes de a água chegar à sua torneira, a Caesb monitora a qualidade em todas as etapas: desde a captação da água bruta, passando pelo tratamento, até a distribuição, quando ela chega às casas das pessoas. Esses procedimentos asseguram que a água distribuída atenda aos mais altos padrões de qualidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

A gerente do Laboratório Central da Caesb, Alessandra Momesso, explica que o laboratório monitora a água bruta, antes de ser tratada, para verificar se está em condições de ser tratada com eficiência; a água tratada na rede de distribuição, para garantir que chegue com qualidade até o cliente final; e os efluentes, tanto na entrada das estações de tratamento de esgoto (ETE) quanto na saída, quando são devolvidos aos corpos-d’água.

“A gente monitora desde parâmetros básicos, como pH, cor, turbidez e cloro residual, os mais visíveis e perceptíveis pela população, mas também fazemos análises microbiológicas, para garantir que a água esteja livre de microrganismos patogênicos”, explica Alessandra. Além disso, também é feita análise mais complexa, como cromatografia, para detectar agrotóxicos e o monitoramento de metais pesados, como alumínio, chumbo, zinco e cobre. “Essas análises são feitas tanto na água bruta quanto na tratada, seguindo o que determina a portaria do Ministério da Saúde, que exige esse tipo de monitoramento semestralmente”.

Por conta do cuidado e do processo de tratamento, a água chega ao consumidor com baixíssima turbidez, sem cor, sem gosto e sem cheiro. Além disso, essa água tratada não contém contaminantes como agrotóxicos ou metais pesados e está dentro de todos os parâmetros de potabilidade.

O biólogo Bruno Batista, que coordena o Laboratório de Análises Biológicas e Limnológicas da Caesb, ressalta que o local possui reconhecimento em nível internacional e que os processos de análise são avaliados periodicamente pela Coordenação Geral de Acreditação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (CGCRE-Inmetro). Além disso, os resultados das análises são submetidos aos órgãos de controle e fiscalização, como a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa) e o Instituto Brasília Ambiental.

A água do Lago Paranoá é monitorada semanalmente por meio da coleta de amostras em 10 pontos | Foto: Matheus H. Souza/Agência Brasília

Ao todo, o Distrito Federal possui 12 estações de tratamento de água (ETAs), com capacidades variadas. “O tempo que leva da captação até a distribuição depende muito da distância entre o manancial e a ETA. Por exemplo, se a captação fica a 400 metros da estação, o processo é mais rápido. Mas há casos, como Santa Maria ou Ribeirão Pipiripau, onde a distância entre a captação e a ETA é mais longa. Nesses casos, o transporte da água até o início do tratamento leva mais tempo”, explica a coordenadora do Sistema de Produção de Água da Caesb, Cláudia Simões.

Segundo ela, esse controle é feito com base na população atendida. Por exemplo, na ETA de Brazlândia, que atende 62 mil pessoas, há um número específico de pontos de coleta que precisam ser monitorados regularmente. Para isso, o Laboratório Central verifica parâmetros como orgânicos, agrotóxicos e outros que não são detectados na estação, para garantir que a qualidade da água continue adequada até a casa do consumidor. O laboratório também atua como auditor das ETAs: faz análises na saída do tratamento e na rede com o intuito de conferir se tudo está de acordo.

No último ano, 99,47% dos resultados atenderam aos padrões estabelecidos pelo Ministério da Saúde. A Caesb realizou 35.429 ensaios de água distribuída em 2024. Entre eles, foram coletadas, em média, 590 amostras por mês em 400 pontos dos sistemas de distribuição, com cerca de 3 mil análises por mês no total.

De 2019 a 2024, a Caesb investiu R$ 1 bilhão na ampliação e modernização dos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Para 2025, a companhia pretende intensificar ainda mais esses aportes, dentro de um plano que prevê investimentos de R$ 3,2 bilhões em obras até 2029. As melhorias se concentram em três frentes principais: redução de perdas de água, setorização do fornecimento de água e conversão de gás metano em energia.

Programa de balneabilidade do Lago Paranoá

“Além do monitoramento semanal, uma vez por mês, fazemos uma coleta completa de barco, passando por 30 pontos diferentes do lago”, diz a gerente do Laboratório Central da Caesb, Alessandra Momesso | Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

A água do Lago Paranoá é monitorada o ano todo. Esse trabalho é feito pelos técnicos do Laboratório Central da Caesb, que, toda semana, coletam amostras de água recolhidas em dez pontos de pesquisa, distribuídos em torno dos 48 quilômetros quadrados abrangidos pelo lago. Dois tipos de testes são feitos: um para medir o pH (grau de acidez, neutralidade ou alcalinidade da água) e outro para aferir a quantidade de coliformes fecais (bactéria Escherichia coli) e de algas.

O controle segue os critérios definidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que estabelece as condições para que uma água seja considerada própria para banho. Os resultados são divulgados em mapas no site da Caesb, indicando os pontos balneáveis da semana. A população pode consultar antes de usar o lago para atividades recreativas.

“Além do monitoramento semanal, uma vez por mês, fazemos uma coleta completa de barco, passando por 30 pontos diferentes do lago. Esse estudo é parte do monitoramento limnológico, que avalia o nível de trofia do lago, ou seja, a tendência a desenvolver vegetações aquáticas como algas e macrófitas”, explica Alessandra Momesso.

Segundo ela, é importante monitorar a entrada de nutrientes, especialmente o fósforo, pois o excesso pode causar proliferação de plantas e prejudicar o ecossistema, e quando é identificado o aumento desses níveis, adotam ações de controle, como remoção de macrófitas com embarcações especiais.

Alerta à população

Se for detectado algum problema grave de contaminação, a Caesb age imediatamente junto à área de comunicação, para informar a população por meio de avisos públicos. Há também atenção redobrada com áreas próximas às estações de esgoto, onde ainda pode haver zonas de mistura. Por isso, não é recomendado o banho próximo a essas áreas, mesmo que o esgoto tratado esteja dentro dos padrões legais.

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