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Salário de ‘guru da aerodinâmica’ na Aston Martin só fica abaixo dos de Verstappen e Hamilton na F1; veja valores
11 de setembro, 2024 / Por: Agência O GloboAdrian Newey, responsável por todos os veículos campeões da RBR, anunciou saída do cargo após sequência de turbulências na equipe
A Aston Martin anunciou a contratação do engenheiro Adrian Newey, detentor de 25 títulos na Fórmula 1. Considerado o principal projetista da História da modalidade, o britânico atuará na nova equipe a partir de 2025. Em entrevista coletiva, o profissional de 65 anos afirmou que “precisava de um novo desafio” na carreira. Ele estava na Red Bull desde 2006, quando a escuderia foi criada, e chega à nova casa com um dos maiores salários do esporte — só perderia para os pilotos supercampeões Max Verstappen, da RBR, e Lewis Hamilton, que deixa a Mercedes rumo à Ferrari no próximo ano.
Na Aston Martin, Newey vai trabalhar com dois pilotos de perfis distintos, o veterano espanhol Fernando Alonso, bicampeão do mundo em 2005 e 2006, e o filho do chefe, Lance Stroll, de 26 anos. De acordo com a rede britânica BBC, Newey vai receber 30 milhões de libras por ano (35,5 milhões de euros, ou R$ 220 milhões), fora os bônus e repasses decorrentes de ações da escuderia.
Os valores, também citados pelo Daily Mail, só não seriam maiores que os recebidos pelo holandês tricampeão Verstappen e pelo britânico Hamilton, de acordo com dados que circularam à época em que a Ferrari anunciou o acerto com o heptacampeão e em relatos de negociações posteriores. A Forbes, revista especializada em economia e finanças, publicou em setembro uma lista com valores semelhantes. Compare:
Max Verstappen (Red Bull): US$ 55 milhões
Lewis Hamilton (Mercedes – Ferrari): US$ 44 milhões (pelo menos 40 milhões de euros na Ferrari, segundo Mail Sport)
Adrian Newey (Aston Martin): US$ 39 milhões (30 milhões de libras, segundo a BBC)
Salários dos demais pilotos
Charles Leclerc (Ferrari): US$ 34 milhões de euros (pode ser maior em novo contrato, segundo Mail Sport)
Lando Norris (McLaren): US$ 20 milhões
Fernando Alonso (Aston Martin): US$ 18 milhões
Checo Pérez (Red Bull): US$ 10 milhões
Valtteri Bottas (Alfa Romeo): US$ 10 milhões
George Russell (Mercedes): US$ 8 milhões
Esteban Ocon (Alpino): US$ 6 milhões
Pierre Gasly (Alpine): US$ 5 milhões
Kevin Magnussen (Haas): US$ 5 milhões
Alex Albon (Williams): US$ 3 milhões
Lance Stroll (Aston Martin): US$ 2 milhões
Nico Hülkenberg (Haas): US$ 2 milhões
Guanyu Zhou (Alfa Romeo): US$ 2 milhões
Oscar Piastri (McLaren): US$ 2 milhões
Yuki Tsunoda (AlphaTauri): US$ 1 milhão
Daniel Ricciardo (AlphaTauri): US$ 1 milhão
Logan Sargeant (Williams): US$ 1 milhão
Fechado com a Aston Martin, Adrian Newey era disputado pela própria Ferrari e havia sido cotado também por Williams e McLaren. Os valores da transação frearam as tratativas e o colocaram no caminho da escuderia de Stroll.
— É a notícia mais emocionante para a Fórmula 1 em geral, eu penso. Adrian Newey se juntará a nós como acionista e sócio-gerente técnico da equipe de Fórmula 1 — destacou Stroll. — Adrian é indiscutivelmente o melhor do mundo naquilo que faz. Não tem ninguém que chegou perto de ganhar tantos campeonatos como ele ganhou. Ele é um vencedor, e tem paixão e desejo de vencer, como outras pessoas deste edifício. Queremos ganhar.
Em suas primeiras palavras na nova “casa”, Newey destacou que busca um novo desafio na carreira de engenheiro de automobilismo.
— Você tem que se manter atualizado e eu precisava de um novo desafio para fazer isso. Lawrence e eu nos conhecemos ao longo dos anos. Anunciei que estava deixando minha equipe e estou lisonjeado com o interesse de tantas equipes. Mas Lawrence e seu entusiasmo são muito persuasivos. Se você olhar para trás, há 20 anos, os líderes da equipe eram os donos, e nesta ele é o único dono ativo da equipe. É um sentimento diferente. A opção de ser acionista, nunca tinham me oferecido. Eu queria evoluir e isto foi uma decisão natural — ressaltou, na coletiva.
O lendário projetista vai trabalhar com o espanhol Fernando Alonso. Ao longo da carreira, Newey passou WIlliams, McLaren e Red Bull. Foi parceiro dos pilotos Nigel Mansell, Alain Prost, Damon Hill, Jacques Villenueve, Mika Hakkinen, Sebastian Vettel e Max Verstappen. Conquistou, no período, 25 títulos mundiais na Fórmula 1: 13 de pilotos e 12 de construtores.
Newey entrou na mira das principais equipes da modalidade depois de confirmar que deixaria a Red Bull Racing em 2025 após uma sequência de turbulências nos bastidores da equipe de Milton Keynes.
— Ele é uma lenda do esporte. Sinto-me privilegiado por competir nos últimos 20 anos compartilhando o esporte com Adrian (Newey). É um privilégio [ele] estar sendo associado à Aston Martin, um bom sinal e uma boa notícia para nós — afirmou Alonso, meses atrás, ao canal DAZN.
Durante o Grande Prêmio da Inglaterra, a imprensa britânica já noticiara que estavam avançadas as negociações entre a Aston Martin e o projetista.
Aos 65 anos, o britânico disse em maio que buscaria “novos desafios” na carreira. Foram sete títulos em Milton Keynes: quatro com o alemão Vettel e três com o holandês Verstappen. Desde então, passou a ser um dos nomes mais comentados no paddock dos GPs.
“O ‘guru’ da aerodinâmica na F1, considerado por muitos o melhor projetista da história, é o homem que todos desejam. É lógico. Num esporte onde, sem um bom carro, é impossível aspirar à vitória por mais mãos que se tenha, Newey é garantia de sucesso e mais importante que um piloto”, resumiu o diário espanhol Mundo Deportivo.
A contratação do britânico era tida como certa na Ferrari, numa missão de “devolver a glória” à escuderia italiana a partir de 2025, ao lado do novo piloto, Lewis Hamilton. Segundo ‘La Gazzetta dello Sport’, porém, o engenheiro teria exigido a contratação de 20 engenheiros de seu círculo próximo.
Os custos e a reorganização interna que isso demandaria teriam esfriado as conversas e aberto caminho para as negociações com a Aston Martin. Além disso, diz-se no paddock que a intenção de Newey era ficar no Reino Unido.
A Aston Martin, que tem como objetivo conquistar o título mundial a médio prazo, não para de se reforçar em termos técnicos e de infraestrutura. Um dia depois de anunciar a saída “imediata” da Ferrari, o engenheiro italiano Enrico Cardile fechou contrato com a Aston Martin, onde vai trabalhar a partir de 2025.
Desde que o canadense Lawrence Stroll comprou a equipe, em 2021, o número de funcionários na fábrica de Silverstone passou de 300 para 850 e, nos próximos meses, novas instalações serão inauguradas, uma delas com um túnel de vento de última geração.