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Semana da Prematuridade: Hospital de Ceilândia destaca importância do acolhimento

19 de novembro, 2025 | Por: Humberto Leire-Agência Saúde DF

Hospital Regional de Ceilândia reúne mães, familiares e servidores para celebrar a vida dos bebês que superam limites

Histórias de cuidado, amor e superação ganharam destaque na última segunda-feira (17), durante a comemoração do início da Semana da Prematuridade realizada no Hospital Regional de Ceilândia (HRC). Mães, pais e familiares se uniram à equipe da Unidade de Neonatologia para trocar experiências, compartilhar histórias e, principalmente, celebrar a vida dos bebês atendidos no setor. 

Encontro reuniu pacientes, familiares e servidores do setor de cuidados neonatais. Foto: Matheus Oliveira/Agência Saúde DF

“Há três meses que estou aqui e vemos o acolhimento, vemos que somos valorizadas. Não só os bebês, mas as mães também, fico muito feliz”, conta Thaís Lima, 34. Ela acompanha a filha Stella, que nasceu na 29ª semana de gestação, quando o ideal seria aguardar, pelo menos, a 37ª semana. A bebê chegou a pesar apenas 545 gramas, o que exige cuidados da equipe multidisciplinar e da própria mãe, que praticamente passou a morar no HRC, contando com apoio psicológico e suporte das outras mães. 

Thaís Lima cuida da sua filha Estela e destaca o apoio mútuo entre as mães da unidade de cuidados neonatais do Hospital Regional de Ceilândia. Foto: Matheus Oliveira/Agência Saúde DF

Laços de afeto

“Nós precisamos ser confiantes, acreditar e ficarmos tranquilos. O bebê sente o que a gente sente”, conta Enya Araújo, 29. Ela esperava o nascimento do seu primeiro filho, Luan, para o mês de dezembro, mas o parto ocorreu no início de novembro, com o bebê pesando 950 gramas. “Viva o SUS [Sistema Único de Saúde], porque o SUS realmente salvou a minha vida e a vida do meu filho”, agradece. 

Enya destaca o apoio que recebe do pai do menino, Ace Ahmed, 27. Britânico, ele não fala português, mas tem se esforçado para apoiar a companheira neste momento. “Eu preciso ser forte por ela e por ele”, diz o jovem. Este acompanhamento, mesmo com barreiras linguísticas, é destacado pela enfermeira do HRC, Raiana Vieira. “A mulher está num período de muita sensibilidade emocional, com uma necessidade muito grande de ser acolhida, de ser escutada e literalmente de ser abraçada”, explica.

“Nós precisamos ser confiantes, acreditar e ficarmos tranquilos. O bebê sente o que a gente sente. O SUS realmente salvou a minha vida e a vida do meu filho”, conta Enya Araújo, 29. Foto: Matheus Oliveira/Agência Saúde DF

Porém, a equipe do HRC busca compreender cada paciente conforme sua lógica familiar. “Os pais são parte do processo do cuidado e eles são figuras primordiais de apego, assim como é muito importante a visita dos avós. Por quê? Porque você propicia ali um aumento e a denominação de família ampliada. Nós temos mulheres aqui que não estão com seus parceiros ou mesmo não são de Brasília, não estão com as mães. E às vezes a pessoa que ela tem de apoio é uma vizinha, por exemplo. E essa vizinha é uma figura de muito apoio”, exemplifica a psicóloga do setor, Denise Percílio. 

Ciência e sensibilidade

O tempo de permanência nas unidades de internação costuma ser mais prolongado por conta dos bebês que das mães. Há as chamadas “Mães Diaristas”, que já receberam alta, mas passam o dia inteiro no HRC, com uma rotina de cuidados com a criança, sempre de acordo com a orientação da equipe. Essas mulheres recebem o apoio do hospital, tanto em termos de refeições quanto de espaço para acompanhar os bebês. Também há as mães nutrizes, que vão até a unidade para assegurar a amamentação dos bebês. 

A rotina é dividida entre momentos em que os bebês permanecem nos leitos e nas pausas para limpeza, exames, medicações e os desejados momentos de contato com a mãe. O abraço é estimulado desde o primeiro momento e, sempre que possível, a amamentação. Depois da alta da UTI neonatal, segue-se para internação na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatais Canguru, quando as mães praticamente não se desgrudam mais dos bebês, sempre avaliados conforme suas condições específicas de saúde e o ganho de peso.

As mães receberam, como presente, itens para cuidados dos bebês em casa e se uniram para trocar experiências, compartilhar histórias e, principalmente, celebrar a vida dos bebês atendidos no setor. Foto: Matheus Oliveira/Agência Saúde DF

Em todos os casos, os cuidados são específicos, pois são bebês de baixo peso, quando comparados com recém-nascidos que nasceram com mais tempo de gestação, muitos dos quais também enfrentam desafios de saúde diversos, como dificuldades para respirar. “A equipe que atua dentro de uma unidade neonatal, além de muito capacitada, passa por um programa de educação continuada. Todo o cuidado é feito com evidências científicas”, acrescenta Denise Percílio. 

Ao mesmo tempo, é necessário trabalhar com uma sensibilidade específica. “Lidamos com vidas de crianças que nasceram antes do tempo, que são verdadeiros guerreiros. São crianças que se superam a cada dia. É muito gratificante quando você consegue devolver uma criança dessa para sua família. Quando essas crianças, com a força delas, conseguem ir para casa”, completa a enfermeira Raiana Vieira.

Dia da Prematuridade

O Dia Nacional da Prematuridade, a Semana da Prematuridade e o Novembro Roxo foram oficializadas, em setembro de 2025, por meio da Lei Nº 15.198 de 2025. A legislação destaca a importância de o poder público promover a saúde de bebês e mães, com redução dos índices de mortalidade. 

Além disso, a legislação ratifica a classificação da prematuridade entre extrema (nascimentos antes de 28 semanas), moderada (nascimentos até 31 semanas) e tardia (entre 32 e 36 semanas e seis dias). A lei destaca ainda necessidades de cuidado, como a utilização do método canguru. 

No Distrito Federal, somente em 2024, 4,2 mil crianças nasceram antes das 37 semanas de gestação. Isto representa cerca de 12,83% dos partos.

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