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Divulgado guia para orientar escolas sobre uso consciente de celulares
Elaborado pela Secretaria de Educação, material apresenta estratégias pedagógicas e reforça equilíbrio entre tecnologia e aprendizagem
Altas temperaturas afetam rotina de estudantes em meio a escolas despreparadas para o novo contexto climático; calor diminui aprendizagem
Os alunos da Escola Estadual Rubens Paiva, em Praia Grande (SP), se revoltaram: o turno da noite se recusou a entrar nas salas por conta do calor absurdo. Em Niterói (RJ), um jovem levou um ventilador de casa para se refrescar na aula. No Rio Grande do Sul, o ano letivo começou com atraso. Sem climatização em sete de cada dez salas de aulas brasileiras, professores e estudantes sofrem com ondas de calor cada vez mais recorrentes desde 2023 que prejudicam diretamente a aprendizagem, como aponta a ciência.
Um estudo realizado em Harvard por Jisung Park, professor de Economia na Universidade da Pensilvânia, mostra que fazer uma prova em um dia com mais de 32ºC resulta em uma redução de 14% no desempenho do exame. Outro trabalho do pesquisador revfela que a recorrência de aulas no calor impacta a aprendizagem também em longo prazo.
“Uma maior exposição ao calor durante o ano letivo pode levar os estudantes no Brasil a aprenderem 6% menos do que os seus colegas sul-coreanos por ano, o que, ao longo do tempo, pode explicar cerca de um terço da diferença no seu desempenho no Pisa”, afirmou a pesquisa de Park.
Pesquisadores da Universidade Jiao Tong de Xangai, na China, explicam que a atividade cerebral do sistema responsável por nos ajudar a ficar calmos diminui à medida que a temperatura aumenta. Além disso, os níveis de saturação de oxigênio no sangue caem durante dias quentes, o que explica o desempenho cognitivo reduzido. Em sala de aula, professores atestam esses resultados. Mayara Xavier, da rede estadual do Rio, conta que o calor intenso deixa docentes indispostos, e alunos desconcentrados.
— Eles ficam agitados. O tempo todo reclamam que não estão aguentando a temperatura. Na minha sala, por exemplo, só tem um ventilador que fica parado — conta a professora, mestre em cognição e linguagem.
Um outro estudo de Harvard também identificou que dias de calor extremo foram associados a taxas mais altas de idas ao pronto-socorro para problemas de saúde mental, como ansiedade, automutilação e transtornos comportamentais em crianças. Os cientistas relacionam as altas temperaturas a mudanças nos hormônios do estresse e a distúrbios do sono que levam a estes problemas.
Desde 2023 o Brasil contabiliza ondas seguidas de calor, quando as temperaturas ficam pelo menos 5°C acima da média por pelo menos cinco dias consecutivos. No ano passado, pesquisadores constataram com espanto que, até setembro, o país havia suportado uma onda dessas por mês. Em 2025, já foram quatro — o que significa uma média de duas a cada 30 dias. Foram registradas temperaturas diárias superiores a 35ºC — medidos na sombra — e sensação térmica acima de 50ºC.
As escolas se mostram despreparadas para esse novo contexto climático. Só três em cada dez salas de aulas utilizadas na educação básica pública têm climatização, segundo dados do Censo Escolar de 2023. Em São Paulo, considerando as escolas municipais e estaduais, esse patamar cai para menos de uma a cada dez (9%). Em 16 estados, menos da metade das salas utilizadas contam com algum tipo de refrigeração, como ar-condicionado ou pelo menos um climatizador — ventiladores não são considerados nesta conta.
Essa combinação fez com que aulas fossem sacrificadas. A rede estadual do Rio cortou o tempo de aprendizagem em 200 escolas sem climatização pela metade durante fevereiro. A medida também foi tomada por diversas prefeituras do estado que foi o epicentro da onda de calor da semana passada. No Rio Grande do Sul, o começo do ano letivo da rede estadual chegou a ser adiado por uma liminar da Justiça, depois derrubada, que alegou as altas temperaturas para a medida. Uma decisão que foi seguida por sete prefeituras.
— O importante é que começou um debate no Rio Grande do Sul sobre a questão climática, de como as escolas se preparam. Uma discussão que não existia. É uma questão da ciência, não podemos negar o que está acontecendo no Brasil e no mundo — diz Rosane Zan, presidente do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul, que acionou a Justiça levando o adiamento das aulas.
O governo do Rio Grande do Sul afirmou que, em preparação ao ano letivo de 2025, foram destinados R$ 180 milhões para resolução de problemas pontuais que não exigem grandes obras de infraestrutura, como a compra de ar-condicionado. Esse dinheiro também pode ter outras destinações, que vão de reparos elétricos até aquisição de brinquedos.
O governo de São Paulo afirmou que a atual gestão ampliou em 69 vezes o número de escolas estaduais climatizadas. “Em 2023, apenas nove unidades contavam com ar-condicionado em todas as salas de aula. Hoje, 624 unidades estão climatizadas e mais 432 estão em processo de finalização, totalizando 1.056 unidades em fase de climatização”, diz o comunicado. O estado gastou cerca de R$ 350 milhões nesse projeto.
Em nota, o Ministério da Educação afirmou que oferece assistência técnica e financeira, por meio do Plano de Ações Articuladas (PAR) para ações de climatização das salas de aula, com apoio para a aquisição de ventiladores escolares e aparelhos de ar-condicionado.
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