POLÍTICA

Silvinei nega irregularidades na atuação da PRF nas eleições

20 de junho, 2023

Ex-chefe da PRF, é primeira testemunha ouvida pela CPMI. Ele afirma que não houve omissão ou direcionamento no trabalho da PRF no ano passado. A CPI dos Atos Golpistas começou a ouvir nesta terça-feira (20) o primeiro convocado da comissão, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques. Na fala inicial, ele falou que …

Ex-chefe da PRF, é primeira testemunha ouvida pela CPMI. Ele afirma que não houve omissão ou direcionamento no trabalho da PRF no ano passado.

A CPI dos Atos Golpistas começou a ouvir nesta terça-feira (20) o primeiro convocado da comissão, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques. Na fala inicial, ele falou que questionamentos sobre a atuação da corporação durante e após as eleições do ano passado são a “maior injustiça” da história da PRF.

“A gente vai ter a possibilidade, pela primeira vez, de combater esta que foi a maior injustiça já realizada na história da Polícia Rodoviária Federal, que nos próximos dias completa 95 anos.”

Silvinei chefiava a corporação no ano passado, quando a PRF foi alvo de polêmicas envolvendo a atuação nas eleições. Por isso, ele também é alvo de investigação. Em dezembro de 2022, o ex-diretor se aposentou, com salário integral.

No depoimento, Vasques negou que tenha havido qualquer omissão ou irregularidade na atuação da PRF. “Nossos policiais estavam lá para garantir a segurança. Nesse dia, não foi registrado nenhum acidente grave com ônibus e vans”, disse, sobre o dia 30 de outubro de 2022, data do segundo turno das eleições.

O ex-diretor também alegou que seria impossível articular uma atuação irregular em todo o país. “Grande parte dos nossos policiais eram eleitores do presidente Lula. Não há, não é possível cometer esse crime. Não como parar 13 mil policiais sem ter uma conversa por Whatsapp, Telegram, sem um e-mail enviado. Nenhum participou ou ouviu alguma coisa. Não tem como fazer uma operação dessa e envolver 13 mil policiais sem ter uma simples conversa de corredor”, disse.

Vasques é investigado sobre violência política durante o 2º turno das eleições, em especial no Nordeste – Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Vasques também negou que a fiscalização de veículos tenha sido intensificada no Nordeste, onde o então candidato Lula liderava as pesquisas, para dificultar o acesso de eleitores às zonas de votação. “Se falou muito que a PRF, no segundo plano da eleição, direcionou a sua fiscalização para o Nordeste brasileiro, isso não é verdade. Não é verdade porque o Nordeste brasileiro é a região onde mais temos infraestrutura da PRF no Brasil”, afirmou.

O ex-diretor da PRF ainda acusou policiais de inventarem ou aumentarem situações para instigar reações durante as eleições. “Esses policiais que divulgaram são covardes, quebraram o juramento da instituição”, disse.

Atuação da PRF: bloqueios em rodovias e fiscalizações no segundo turno das eleições

Vasques é investigado em um inquérito que apura se houve prevaricação na atuação da PRF durante o bloqueio de rodovias feitos por bolsonaristas e se houve violência política nas fiscalizações de veículos feitas pela corporação durante o segundo turno das eleições de 2022, em especial no Nordeste.

Um relatório do Ministério da Justiça entregue à Controladoria Geral da União (CGU) mostra que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) fiscalizou 2.185 ônibus no Nordeste, onde Lula (PT) era favorito, contra 571 no Sudeste, entre 28 e 30 de outubro, vésperas e dia do 2º turno das eleições de 2022.

Atual ministro da Justiça, Flávio Dino afirmou que os dados apresentados pela PRF apontam ao menos três “anomalias” na corporação durante as eleições de 2022: concentração de operações no Nordeste; mudanças no planejamento inicial; e uma determinação para que a PRF atuasse em conjunto com a Polícia Federal no segundo turno.

Convocações

Nesta terça-feira, a CPI também aprovou as convocações do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias e do ex-diretor-adjunto da Agência Brasília de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha.

Esses requerimentos foram rejeitados na semana passada. A base do governo entendia que esses nomes devem ser ouvidos, mas em um segundo momento, mas cedeu em acordo com o presidente da comissão, Arthur Maia (União-BA).

Os parlamentares também aprovaram a convocação do coronel Jean Lawand Júnior. Na semana passada, foram divulgadas conversas em tom golpista entre ele e o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid.

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