POLÍTICA

Solenidade na Câmara Legislativa celebra Dia Mundial da Síndrome de Down

21 de março, 2025 | Por: Francisco Espínola - Agência CLDF

Em apresentação do grupo Dançarte Especial, reinterpretando o conto Alice no País das Maravilhas, as personagens carregavam placas que mencionavam leis. “Olhe para mim. Você me vê atrás do espelho? Você já se sentiu excluído? Eu me sinto todos os dias”, afirma a personagem

Fotos: Rinaldo Morelli/CLDF

Durante a manhã desta sexta-feira (21), foi realizada na Câmara Legislativa do Distrito Federal sessão solene para marcar o Dia Mundial da Síndrome de Down e enaltecer a inclusão das Pessoas com T21 (Trissomia 21 ou Síndrome de Down). Por iniciativa do deputado Eduardo Pedrosa (União), o evento buscou homenagear a luta das famílias e de associações pela autonomia das pessoas com Síndrome de Down (SD), enaltecendo formas de quebrar as barreiras sociais e proporcionar desenvolvimento e autonomia para pessoas com síndrome de Down.

A cerimônia teve início com uma criativa apresentação do grupo Dançarte Especial, reinterpretando o conto Alice no País das Maravilhas. “Olhe para mim. Você me vê atrás do espelho? Você já se sentiu excluído? Eu me sinto todos os dias”, afirma a personagem. Ao fim da apresentação, o deputado Eduardo Pedrosa agradeceu a participação. “Uma mensagem muito forte e bonita. Trouxe voz a muita gente, muitas famílias e associações. Que não fiquemos só nas leis, mas que isso se torne ações práticas”, declarou o parlamentar.

Para iniciar sua participação, Pedrosa fez sua autodescrição, buscando valorizar uma cerimônia inclusiva, tônica seguida por todos que tiveram oportunidade de falar. O deputado reforçou o objetivo do encontro. “Este ano o tema é: melhore nosso sistema de apoio. O objetivo é pedir às autoridades que melhorem o sistema de apoio para as pessoas com Síndrome de Down. Cada vez mais, as pessoas com SD desfrutam de uma vida saudável e produtiva. Elas podem, por sua independência, ser capazes de confrontar os discursos que insistiam em limitar a construção de laços sociais e profissionais”, destacou Pedrosa.

O parlamentar enfatizou ainda mais seu envolvimento com a causa. “Em meu gabinete tenho orgulho de contar com a assessoria da Maria Clara, que exerce suas habilidades e competências em igualdade de condições com qualquer outra pessoa. Creio que os pais devem incentivar o desenvolvimento autônomo de crianças e adolescentes com Down. Respeitar a privacidade dos filhos, incentivar a socialização com amigos e fomentar atividades extracurriculares são exemplos de práticas positivas que aceleram o desenvolvimento autônomo de quem tem SD”, ressaltou o deputado.

Por fim, Eduardo Pedrosa registrou que o trabalho vem produzindo frutos positivos. “Temos que lutar para garantir a efetividade de políticas públicas na educação, saúde, inclusão e empregabilidade. Temos tido conquistas como a aprovação da lei Cuidando de Quem Cuida, com foco em mães atípicas, a implementação da Casa da Mãe e do Pai Atípico e da construção do novo Centro de Referência Interdisciplinar em Síndrome de Down (CrisDown), cuja licitação está prevista para o segundo semestre deste ano. E teremos mais uma novidade que será a disponibilização da credencial de estacionamento digital pelo Detran/DF para as famílias e pessoas com SD. Tenho um compromisso com vocês de que vamos incomodar muita gente se for para garantir aquilo que é certo e de direito para cada um”, afirmou Pedrosa, que é presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos de Atenção à Pessoa com Síndrome de Down.

A coordenadora dos autodefensores da frente parlamentar, Maria Clara Machado Israel, que trabalha na assessoria de gabinete do deputado Eduardo Pedrosa mostrou que toda pessoa com SD é capaz de brilhar. “Garantir igualdade para as pessoas com SD é fundamental para criar um mundo onde todos tenham sucesso e felicidade. Quando desenvolvemos nossas potencialidades, temos uma vida plena e nos sentimos pertencentes. Sou protagonista na minha vida. Quero ser respeitada e valorizada por quem eu sou. Esta sessão é um momento de reflexão para conscientizar a população de que nós temos luz própria”, garantiu Clarinha.

Já o ativista da Unicef, João Vitor Paiva, contou rapidamente a trajetória que o levou a ser considerado um dos cinco influenciadores com deficiência mais importantes do Brasil e exaltou o benefício social que busca com suas atividades. “Esse reconhecimento mostra o quanto meu trabalho tem feito a diferença na vida das pessoas”, agradeceu João Vitor.

A escritora Vitória Mesquita falou sobre a importância de a sociedade compreender como ajudar as pessoas com Síndrome de Down. “Muitas vezes precisamos de suporte. Suporte não é fazer por nós. É dar apoio correto para ajudar a termos autonomia e independência”, disse a jovem que conseguiu atualizar o conceito da síndrome no Google.

Por sua vez, o estudante e dançarino Isaías Kelvin Rodrigues Matos lembrou a relevância e função da data comemorativa. “A data foi criada para celebrar a vida das pessoas com o cromossomo T21, garantindo que tenhamos os mesmos direitos. Neste dia, no mundo todo, as pessoas e famílias participam de eventos para defender o nosso direito à inclusão”, contou Kelvin.

Em seu momento de fala, a diretora de Comunicação e Marketing do Instituto Ápice Down, Iarla Violatti, discorreu sobre a vida da mãe de pessoas com SD. “Ser mãe atípica não é um caminho fácil. Desde o primeiro instante, enfrentamos olhares duvidosos, diagnósticos cheios de limitações e uma sociedade que ainda precisa aprender a enxergar nossos filhos como eles são: capazes, cheios de potencial e dignos de oportunidades. Nossos filhos nos ensinam que a inclusão não é um favor, é um direito. Muitas vezes, eles ainda precisam que nós sejamos a sua voz. Nunca esqueçamos de que a nossa luta é para que um dia eles falem por si mesmos. A maternidade atípica é luta, mas acima de tudo é amor”, declarou Iarla.

A psicóloga Adriana Rodrigues de Souza narrou as dificuldades que ainda encontramos na sociedade. “É duro a gente ter que convencer uma autoridade de que nossos filhos precisam de terapia desde o início, por pura desinformação das autoridades. É duro a gente ter que convencer alguém na escola de que nossos filhos são capazes, de que eles não precisam estar ali só sendo distraídos, mas sim sendo estimulados e [recebendo] oportunidades para aprenderem. É duro ter que conscientizar pessoas dentro de empresas de que a pessoa com SD pode falar por si, basta perguntar para ela o que é preciso para ela ocupar seu espaço e desenvolver suas potencialidades. A luta é dura, mas fora da porta de casa nosso desafio é ainda maior”, disse Adriana.

Já a coordenadora do Centro de Referência Interdisciplinar em Síndrome de Down (CrisDown), Carolina Vale, enfatizou que o serviço é permanente e garantido a toda população. “Nosso centro de referência foi institucionalizado há um ano, com ajuda do deputado Eduardo Pedrosa, e isso garante a permanência desse centro de referência, independente do governo que assuma. O CrisDown é um serviço garantido. Recebemos cerca de 26 novas famílias mensalmente, crianças, idosos e adultos. Em 12 anos de existência são aproximadamente 2.500 pessoas cadastradas. O CrisDown está na base, na saúde. E a gente precisa investir no presente para poder modificar o futuro. Hoje podemos dizer que zeramos a fila de espera na pediatria, nossos adultos estão sendo atendidos, mas que não temos fonoaudiologia e perdemos 40 horas de terapia ocupacional e isso é de extrema importância para todo o segmento. Nossos planos, em uma sede própria, triplicam as oportunidades [de atendimento] e a possibilidade de levar as universidades conosco é real”, resumiu a coordenadora.

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