VARIEDADES

Taís Araujo lembra o dia em que disse ‘não’ a Vin Diesel e revela racismo sofrido pelo filho em condomínio de luxo

8 de abril, 2025 | Por: Agência O Globo

Atriz explicou o motivo pelo qual recusou convite para atuar em filme internacional e narrou preconceito enfrentado por João Vicente

Taís Araujo lembrou o dia em que disse “não” ao ator americano Vin Diesel, que a convidou para atuar no filme “Velozes e furiosos”. Em entrevista à jornalista Maria Fortuna no videocast ” Conversa vai, conversa vem”, do Jornal OGlobo, a atriz detalhou o encontro com o astro americano e explicou os motivos que a levaram a recusar o trabalho internacional.

É verdade que disse não a Vin Diesel, que te convidou para atuar em “Velozes e furiosos”?

Eu tinha acabado de fazer a Helena da novela de Manoel Carlos e voltado o casamento com o Lázaro. A gente reatou durante a novela. O trabalho acabou, e eu estava exausta, mas acabei fazendo um teste em que não tinha a menor esperança de passar. Aí, passei e me disseram: “Agora tem que ir pra Los Angeles fazer outro teste”. Só que eu tinha uma viagem marcada com o Lázaro para Nova York e depois para a Grécia. Mas falei, “ah tá bom, vamos ao teste”. Lembro que pegamos o mesmo voo em Atlanta. Lázaro seguiu para Nova York, e eu para Los Angeles. Cheguei no hotel, veio um carro preto me pegar, uma coisa bem artistona e eu falando com o Lázaro: “Como está aí em Nova York?”. Eu queria estar com ele, né? Aí, tive uma reunião com Vin Diesel e fui bem sincera. Antes, fiz um vídeo, aí ele chegou e a gente ficou conversando na escada de incêndio do prédio. Ele dizendo que queria filmar no Rio, mas que era caríssimo e que talvez fizesse em Porto Rico. “Você quer fazer?”, ele me perguntou. E eu: “Não, eu quero ter filho. Meu marido está me esperando lá em Nova York. Mas é óbvio que se eu te falar que vou fazer, vou fazer, mas meu desejo agora é olhar para a minha vida pessoal… Por mais que queira fazer um filme aqui, que respeite vocês, não é o meu desejo agora”.

Taís Araujo — Foto: Divulgação
Taís Araujo — Foto: Divulgação

Desculpe, não será possível…

Acho que ele olhou e falou: “Gente, gastamos a maior grana para trazer essa mina pra cá para nada”. Não rolou e eles chamaram outra mina com um perfil completamente diferente do meu. Acabei de fazer isso de novo, sabe? Era um filme gringo, com personagem ótimo, mas em outubro. Sem condições de dar uma resposta. Eu fazendo novela agora. Tenho um filho que vai fazer 14, uma filha que vai fazer 11… Nunca tive esse american dream ou american way of life. Tenho uma uma vida muito boa aqui no Brasil, sou muito feliz aqui, sou respeitada, tenho muitas possibilidades… Sei lá, o Brasil tem muitos problemas, mas adoro morar aqui.

Você mora em bairro branco, seus filhos estudam numa escola onde a maioria das crianças é branca. Como faz para criar crianças pretas num mundo de gente branca, educá-las para pertencer, saber que têm o direito de estar nesses lugares, mas consciente de onde vêm e da desigualdade?

É uma batalha. A gente fez um movimento de pais de crianças negras colocarem seus filhos nessa escola. Meu filho está lendo Carolina Maria de Jesus no oitavo ano. Minha filha estava estudando as escolas de samba. Estão aprendendo sobre a cultura do país. Isso já é um acontecimento bem diferente da minha época.

Mas a gente alerta o tempo todo: “Você não é igual ao seu amigo”. Meu filho só quer andar com roupa de futebol e chinelo. E eu falo: “O dia em que você passar um constrangimento na rua, por um trauma”… Óbvio que está querendo testar. Estava andando no condomínio de um amigo negro, e o segurança parou eles. Falei: “Quando for na rua, vai ser pior”. Ele diz que é besteira, mas sabe que não é. É duro porque te obriga a tirar a inocência de uma criança. Mas se eu não alertar, pode ser pior.

A polícia vai alertar, a vida, a violência urbana, o preconceito.

O tempo inteiro vou trazendo o assunto. Falo pra minha filha: “Não deixa tocar no seu cabelo. Se tocar, tu pode… depois eu resolvo com a escola”.

Taís Araujo — Foto: Divulgação
Taís Araujo — Foto: Divulgação

Viu “Adolescência”? Como vê esse lugar da machosfera, da misoginia violenta tendo um filho homem?

Tento o tempo inteiro. E o mundo vai dizendo que a gente tá errado. Passa por mim também, de não ficar reproduzindo coisas. Estou me reeducando. Às vezes, falo determinadas coisas e alguém diz: “Não pode mais falar isso”. Quando falo que algo não pode para os meus filhos, nunca é porque um é menino e a outra é menina, mas pela idade. Mas aí vem minha mãe e solta uma pérola, vem meu pai e solta outra. Mas eles já falam: “Vovô, não é assim”. Minha filha é mais combativa: “Vovô, tá errado”.


BS20250408030115.1 – https://oglobo.globo.com/cultura/noticia/2025/04/08/tais-araujo-lembra-o-dia-em-que-disse-nao-a-vin-diesel-e-revela-racismo-sofrido-pelo-filho-em-condominio-de-luxo.ghtml

Artigos Relacionados