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Governador de São Paulo defendeu uma ‘punição severa’ para os envolvidos no crime
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, comentou nesta manhã sobre a operação da Corregedoria da Polícia Militar que prendeu 13 policiais, entre eles um cabo Polícia Militar, por envolvimento com o caso do empresário Vinícius Gritzbach, delator do PCC morto a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. O governador disse que já desconfiava da atuação dos agentes da corporação devido a destreza do atirador.
— O nível de destreza do atirador apontava para um policial ser o autor dos disparos — disse o governador, de acordo com o G1. Tarcísio defendeu uma punição “severa” para os envolvidos com o crime.
— Ninguém vai tolerar malfeito, desvio de conduta, desvio de caráter, bico para bandido. Quem enveredar por esse caminho será punido severamente. Será preso, expulso e levado ao judiciário. Temos uma boa instituição e não vamos tolerar os que querem manchar — completou.
Nas redes sociais, o dirigente estadual escreveu que as polícias do Estado tem “compromisso inegociável com a ética e legalidade”. Segundo ele, desvios de conduta serão “severamente punidos e submetidos ao rigor da lei”.
Denominada de Prodotes, a ação deflagrada nesta manhã cumpriu outros 13 mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão em endereços na Grande São Paulo. Entre os presos, cinco tinham envolvimento direto com Gritzbach, e os outros tinham relação com outras pessoas da facção criminosa.
A operação da Corregedoria foi motivada por uma denúncia anônima recebida pelo órgão em março de 2024, que apontava para a possibilidade de vazamentos de informações sigilosas por policiais militares da ativa, da reserva e ex-integrantes da força. Os dados vazados eram usados para favorecer membros da facção criminosa, de acordo com informações da Secretaria de Segurança Pública de SP.
Entre os beneficiados estava Gritzbach, que também era escoltado por agentes da força policial. A investigação evoluiu para um inquérito instaurado em outubro, no mês anterior à morte do empresário. Quando ocorreu a morte, além do trabalho da Corregedoria, foi implementada uma força-tarefa para buscar os responsáveis pelo assassinato.
Até esta quinta, não se sabia se o responsável pela execução era do PCC, já que Gritzbach era jurado de morte pela facção, ou um policial. Agora que foi preso o PM responsável pelos tiros, resta ainda a apuração sobre os mandantes do crime.
Delator de esquemas que envolviam policiais civis e militares e o PCC, Gritzbach, antes de virar as costas para a facção, fazia parte de uma rede complexa de figuras que integravam o alto escalão do crime organizado. No acordo firmado pelo empresário com o Ministério Público, ao qual O Globo teve acesso, ele chegou a afirmar que intermediou a compra de imóveis por membros da organização criminosa e indicou ‘laranjas’ para as escrituras.
Ele dizia ter informações a respeito de três nomes do grupo. O primeiro é Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, que foi um antigo parceiro de negócios de Gritzbach no setor imobiliário e de criptomoedas e foi morto a tiros no Tatuapé em 2021, supostamente a mando do empresário. Na ocasião, também morreu Antonio Corona Neto, o Sem Sangue, que era motorista de Cara Preta.
O segundo nome citado foi o de Claudio Marcos de Almeida, o Django. Ele foi apontado como um dos sócios da UPBus, empresa de ônibus que tinha contratos para a operacionalização do transporte público na capital paulista e é suspeita de lavar dinheiro para o PCC. Ele acabou encontrado enforcado em um viaduto em São Paulo em janeiro de 2022.
Outro sócio oculto da companhia seria Silvio Luis Ferreira, o Cebola, o único ainda vivo na lista de delatados por Gritzbach e apontado como possível mandante da morte do empresário. Cebola seria responsável pela área de tráfico do PCC e usaria a UPBus em conjunto com Django para lavar o dinheiro proveniente da venda de drogas.
A morte do delator teria sido ainda precificada por outro homem, também apontado como membro do PCC: o advogado e também sócio da UPBus Ahmed Hassan, conhecido como Mude. Ele teria oferecido uma recompensa de R$ 3 milhões pela morte de Gritzbach. Um áudio que comprova a oferta é mencionado no acordo de delação do empresário, ao qual O Globo teve acesso. Mude chegou a ser preso durante a operação Decurio, em agosto.
Há ainda a hipótese de que a ordem para a morte de Gritzbach pode ter vindo de um policial civil. Oito dias antes de morrer, o empresário denunciou para a Corregedoria que estava sendo alvo de extorsão por parte de agentes ligados ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), ao 24º Distrito Policial (Ermelino Matarazzo) e ao 30º DP (Tatuapé).
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