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ECONOMIA

TCU concluiu que houve irregularidades em contrato da Petrobras com petroquímica Unigel

1 de agosto, 2024 / Por: Agência O Globo

Segundo a Corte, a estatal subestimou os riscos do contrato e supervalorizou suas oportunidades. Acordo foi encerrado em junho deste ano sem ter entrado em vigor

TCU concluiu que houve irregularidades em contrato da Petrobras com petroquímica Unigel
Fachada do prédio da Petrobras no Centro do Rio

O Tribunal de Contas da União ( TCU) concluiu que houve irregularidades em um contrato firmado entre a Petrobras e a petroquímica Unigel que envolvia arrendamento de fábricas de fertilizantes e fornecimento de gás.

Celebrado em dezembro de 2023, o contrato se encerrou em junho deste ano sem ter entrado em vigor – a estatal alega que o termo não teve suas condições de eficácia atendidas. O caso foi levado ao plenário da Corte de Contas nesta quarta-feira.

A Corte entendeu que a Petrobras cometeu uma “série de irregularidades” no decorrer do processo de celebração do contrato, que tinha vigência de 240 dias e pagamento global de R$ 759,2 milhões.

O contrato foi firmado em modelo de “tolling”, em que a estatal forneceria gás natural para a fabricação de fertilizantes e receberia o produto industrializado, ficando a Unigel responsável pelo processo fabril.

Segundo o termo celebrado entre as companhias, a produção seria feita em fábricas de fertilizantes da Petrobras em Sergipe e Bahia que foram arrendadas pela Unigel em 2020 pelo período de dez anos.

Na avaliação da Corte, o contrato era “antieconômico”, ou seja, previa um preço elevado e ia contra os princípios de uma boa gestão econômica.

“A avaliação econômica, que deveria ter norteado a decisão, apresentou-se enviesada, considerando riscos e oportunidades que não deveriam ter sido levados em conta e subestimando outros elementos”, destacou em seu voto o ministro Benjamin Zymler.

O acordo foi encerrado em junho deste ano sem ter sido colocado em prática. Por outro lado, o processo de análise do contrato já tramitava no TCU, inclusive com pedido de afastamento de diretores. Nesta quarta, a Corte de Contas considerou esses pedidos prejudicados, uma vez que o diretor foi demitido da estatal e que a análise técnica concluiu não haver conflitos de interesse.

“Espero que esta Corte de Contas não se defronte novamente com a situação descrita acima e que tais fatos sirvam de alerta à atual gestão da Petrobras”, disse o ministro.

Procuradas, Petrobras e Unigel ainda não se manifestaram.

Análise de riscos da Petrobras

O TCU destacou uma análise de riscos feita pela própria Petrobras, que apontou que a celebração do contrato levaria a um prejuízo de R$ 487,1 milhões durante seus oito meses de vigência.

Essa análise ainda era positiva se comparada com os outros dois cenários considerados pela Petrobras. Em um deles, a companhia previa um custo de R$ 1.23 bilhão para retomar as duas fábricas de fertilizantes, na Bahia e em Sergipe. No outro cenário, a Petrobras estimou que não firmar e não retomar as fábricas poderia acarretar no prejuízo de R$ 542,8 milhões.

A Corte constatou que as estimativas da estatal subestimaram os riscos do contrato e supervalorizam as oportunidades.

“O risco considerado distorceu completamente o resultado da análise econômica das alternativas, pois o valor monetário esperado do tolling ficou menos deficitário do que os das outras duas opções”, escreveu Zymler.

Segundo o ministro, ao firmar o contrato, a Petrobras “não observou as boas práticas de governança que orientam as empresas estatais”.


BS20240801125211.1 – https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2024/08/01/tcu-concluiu-que-houve-irregularidades-em-contrato-da-petrobras-com-petroquimica-unigel.ghtml