
VIVER A VIDA
A vida de Ana Loureiro já é uma festa, mas, no dia em que ela troca de idade, se transforma numa espécie de evento oficial no Lago Sul, onde reside.
Não sei se tenho recebido com mais frequência, ou se tenho estado mais atenta às notificações de recordação do google fotos. Fato é que quase todos os dias acordo com as lembranças de um passeio que já pensava não guardar na memória, com sorrisos de bebezinhos que já estão em plena adolescência e com toda …
Não sei se tenho recebido com mais frequência, ou se tenho estado mais atenta às notificações de recordação do google fotos. Fato é que quase todos os dias acordo com as lembranças de um passeio que já pensava não guardar na memória, com sorrisos de bebezinhos que já estão em plena adolescência e com toda sorte de penteados e comprimentos de cabelo que já tive; tudo isso, às vezes, usando a mesma camisa jeans que me acompanha há anos e com a qual por vezes estou vestida no exato momento em que fotos me visitam.
Delícia de cérebro auxiliar. Será mesmo? Hoje quando vi a camisa pela enésima vez, senti uma raivinha do meu descuido com o guarda-roupa. Raiva besta, eu sei. No fundo, sou orgulhosa por não sucumbir ao que gostamos de chamar de tendência. Mas mesmo besta a raiva me pôs a pensar no quão inconvenientes podem ser essas notificações. Saberia o senhor google dizer se hoje, amanhã, ou depois é um bom dia para me colocar em contato com as escolhas que fiz pra mim num passado distante ou recente?
Mas Roberta, entrar em contato com e repensar as nossas escolhas não é o convite que nos faz a psicanálise? Sim, é, precisamente. E quem disse que a gente gosta? Quem disse que a gente está pronto para responder a ele com boa vontade todos os dias? E aqui falo brincando sobre uma escolha qualquer. Mas não é só esse o risco que se corre quando é uma máquina a decidir o que dará as caras na tela do telefone. Esse a gente dá conta e até usa como oportunidade.
As notificações que me chamam a atenção, agora, parando para pensar, são aquelas que podem acordar uma situação traumática, um pontinho ainda machucado que precisa ser tratado com muito cuidado. Algo que poderia aparecer – e faria muito sentido – na análise, por exemplo, em ambiente seguro, no tempo de cada um. Sabe por que faz sentido de um jeito e de outro pode não fazer? É que o convite real não é da psicanálise, ele é nosso. Nós nos convidamos a repensar, revisitar, refazer quando o acordo que mantemos para esquecer já não funciona mais. É importante que remetente e destinatário do convite compartilhem o mesmo cpf para que as lembranças além de destino tenham função. Sei lá. Mal aí google. Boa semana, queridos!
Roberta D’Albuquerque é psicanalista, autora de Quemmandaaquisoueu – Verdadesinconfessàveissobre a maternidade e criadora do portal A Verdade é Que…
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A vida de Ana Loureiro já é uma festa, mas, no dia em que ela troca de idade, se transforma numa espécie de evento oficial no Lago Sul, onde reside.
Você tá colhendo tudo que plantou com trabalho, empatia e respeito. Uma pessoa de verdade, de coração puro.
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Roberta D’Albuquerque é psicanalista, autora de Quem manda aqui sou eu – Verdades inconfessáveis sobre a maternidade e criadora do portal A Verdade é Que…