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4 de fevereiro, 2025

O TEATRO DO DULCINA O decadente Teatro Dulcina de Moraes vai à leilão quinta-feira (14). Fórmula encontrada para quitar rombo de R$ 20 milhões. Artistas e cidadãos brasilienses têm saído em defesa da casa de espetáculos. Em cena também entrou a talentosa atriz mineira-brasiliense Carmem Moretzsohn. Pelas redes sociais, ela questiona: “A pergunta que não …

O TEATRO DO DULCINA

O decadente Teatro Dulcina de Moraes vai à leilão quinta-feira (14). Fórmula encontrada para quitar rombo de R$ 20 milhões. Artistas e cidadãos brasilienses têm saído em defesa da casa de espetáculos. Em cena também entrou a talentosa atriz mineira-brasiliense Carmem Moretzsohn. Pelas redes sociais, ela questiona: “A pergunta que não quer calar: por que o BRB patrocina time do RJ e não recupera o Teatro Dulcina e o Teatro Nacional?” Neste triste espetáculo, Carmem faltou aos ensaios. Vamos por ato.

Primeiro Ato

O BRB não patrocina o Flamengo, time de coração do governador Ibaneis Rocha e de milhões de brasileiros. O BRB tem um negócio em comum com o Flamengo. Juntos, criaram o banco digital Nação BRB Fla. A parceria atraiu 2 milhões de flamenguistas, aumentando para 3 milhões o número de correntistas. Hoje, o BRB ocupa o 6º lugar no ranking dos maiores bancos do Brasil.

Segundo Ato

O Teatro Nacional foi fechado em janeiro de 2014. Começou a ser reformado pelo GDF em dezembro de 2022. São R$ 50 milhões só na reforma da Sala Martins Pena. Mais R$ 150 milhões serão investidos para que artistas como Carmem Moretzsohn possam voltar aos palcos do Teatro Nacional.

Terceiro Ato

O Teatro Dulcina foi tombado em 2007, mas não pertence nem ao GDF nem à União. É propriedade da Fundação Brasileira de Teatro. Cenas de má gestão decretaram a falência da FBT e do teatro. Por pertencer à Fundação, o GDF e a União não podem investir dinheiro público num teatro privado.

Ato Final

O ator Guilherme Reis foi secretário de Cultura no Governo Rollemberg (2015-2019). Reis conhecia – e conhece – plenamente os problemas do Teatro Nacional e do Teatro Dulcina. Enquanto gestor cultural, não entrou em cena nem para reformar o Teatro Nacional nem para salvar o Teatro Dulcina. Reis é o maridão de Carmem Moretzsohn. Baixem as cortinas.

MÊS DO CERRADO

Setembro é o Mês do Cerrado. As comemorações oficiais começaram segunda-feira (11), Dia Nacional do Cerrado. Terminam só no fim do mês. Na programação da Secretaria do Meio Ambiente e do Instituto Brasília Ambiental muitos eventos culturais e educativos com foco na garotada. Iniciativa que merece aplausos, mas é muito pouco para segurar o avanço da destruição do segundo maior bioma da América do Sul.

O homem vem aí

O último relatório do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostra que entre agosto de 2022 e julho de 2023 os alertas de desmatamento no Cerrado cresceram 16,5%. O mesmo estudo aponta que, nesse período, os focos de destruição na Amazônia caíram 7,4%. Ou seja, o desmatamento cai na floresta e sobe assustadoramente no Cerrado. Como já alertava Chico Buarque na música “Passaredo”, lançada há 47 anos: “Muito cuidado, que o homem vem aí!”

MARCHA DAS ÍNDIAS

Manifestação de índio é comum em Brasília. Mas depois do 8 de Janeiro, a Secretaria de Segurança (SSP) deveria ficar estar mais atenta a atos públicos de qualquer tribo, inclusive a dos brancos. É o caso do enorme acampamento indígena montado no Eixo Cultural Ibero-Americano (ex-Funarte). Não que eles estejam articulando atos golpistas. Apenas participando da 3ª Marcha das Mulheres Indígenas, outro evento comemorativo ao Dia Nacional do Cerrado. Mas a SSP não informa que pajelança é essa.

Discursos e artesanato

A marcha reúne índios de diversas etnias do país. Chegaram em dezenas de ônibus confortáveis. Estão acomodados em desconfortáveis barracas de camping. Não querem espelho. Vendem a defesa dos biomas brasileiros e as raízes ancestrais, além de artesanato. Ficam acampados até amanhã. Sem ameaças à democracia. A SSP pode continuar dormindo e se omitindo. Pode?

 

Armando Guerra
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